Vila Jaiara: a região que carrega a personalidade de um bairro com cara de cidade

Abrigando cerca de um quarto da cidade, se tornou uma região semiautônoma, contando com bancos, grandes redes de supermercado, parques e uma grande estrutura de comércios

Samuel Leão Samuel Leão -
Vila Jaiara: a região que carrega a personalidade de um bairro com cara de cidade
Avenida Fernando Costa, na Vila Jaiara. (Foto: Reprodução)

A força está em números e em uma vida própria que carrega a personalidade de um bairro destaque em Anápolis. A ‘humildade do termo vila’ da nomeação, Vila Jaiara, ficou apenas no papel e ganha robustez com o passar dos anos. Com população estimada em 100 mil pessoas, sozinha, tem capacidade de absorver o número de habitantes de Caldas Novas (98 mil) e Cidade Ocidental (91 mil).

Abrigando aproximadamente um quarto da população da cidade, a Vila Jaiara se transformou em uma região semiautônoma, com bancos, grandes redes de supermercados, parques e uma ampla estrutura comercial.

Fundado em 21 de agosto de 1948, o bairro comemora 76 anos de história nesta quarta-feira (21) e recebeu a denominação de Grande Jaiara ao incorporar setores vizinhos, como Nova Vila, Adriana Parque, Jandaia, Dom Felipe, Lago dos Buritis, Guanabara e Mônica Braga.

Historicamente, a região desempenhou um papel estratégico no escoamento e recepção de mercadorias do Médio Norte Goiano e do Vale do São Patrício. Com a construção da rodovia Belém-Brasília, o bairro ganhou acesso facilitado para pessoas e empresas pela saída norte da cidade.

Jaiara em 1951, região onde agora fica o shopping e a avenida Fernando Costa, e antes era a indústria de tecelagem Vicunha. (Foto: Acervo Histórico).

Com o tempo, o cenário local se fortaleceu. Se antes os moradores precisavam se deslocar até o centro, hoje o bairro possui uma força motriz própria. Empreendimentos em diversas áreas, iniciados por moradores locais, consolidaram a economia de bairro. Esse movimento atraiu redes e grandes empresas, especialmente nas áreas de educação e saúde.

Após os anos 2000, o bairro viu surgir a Caixa Econômica Federal (CEF), a clínica médica Polisaúde, a faculdade FAMA, o Jaiara Shopping, diversos condomínios horizontais e uma crescente oferta de restaurantes e bares. A Academia Ideal, por exemplo, começou na Avenida Fernando Costa e expandiu-se com duas novas unidades, atendendo centenas de alunos.

“É muito completo aqui, tem praticamente tudo, é quase um centro”, comentou o estudante Neilton da Silva, de 19 anos. Sheila Monteiro acrescentou: “Se eu quero ir a uma loja, tem aqui; ou a um barzinho, que eu adoro, também tem, e é ótimo sair à noite na Jaiara.”

O bairro passou por altos e baixos, como o impulso econômico gerado por uma grande empresa têxtil na década de 1980, que, ao fechar, exigiu que os moradores se reinventassem, sem, no entanto, interromper o crescimento da região. Com a lacuna deixada no mercado local, novas empresas e franquias surgiram na principal avenida da macrorregião, como Cacau Show, Casas Bahia, Novo Mundo, Drogarias Ultra Popular, Laboratórios Evangélico e Sabin, Unitintas, entre outras.

Apesar do perfil dinâmico e autossuficiente, a vasta extensão da Vila Jaiara também acarreta problemas típicos de áreas urbanas. O dilema de ser uma região com porte de cidade, mas ainda dependente da Prefeitura de Anápolis, resultou na ausência de alguns serviços e recursos essenciais nas redondezas.

Parque da Jaiara. (Foto: Reprodução)

Dá para melhorar?

Apesar do sucesso, a Jaiara ainda tem limitações, ocasionadas especialmente pela dependência da região mais central da cidade. Alguns serviços essenciais, especialmente governamentais, ainda não são encontrados por lá, provocando uma peregrinação diária de “jaiarenses” para outras áreas do município.

“Eu sinto falta aqui de ter um hospital que tenha internação, pois só temos com clínicas, casos mais sérios não são amparados por aqui”, comentou Maria Consolação, de 65 anos. “A saúde realmente é precária ainda, e tudo que você quer fazer tem que agendar no site da Prefeitura e ir para a região central”, complementou Osmar, de 69 anos.

Outros dois exemplos levantados pelos entrevistados foram a ausência de um Fórum, de Cartório e do Vapt Vupt.

“A gente tem que ir sempre no Anashopping ou na Brasil para resolver as coisas. Estou esperando para tirar um outra via do meu RG, mas só tem data no próximo ano, se tivesse uma unidade aqui na Jaiara também certamente desafogaria a demanda”, pontuou também Sheila Monteiro, de 40 anos.

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