Migrantes do Nordeste encontram sucesso e criam vínculos em Anápolis
Dados do IBGE, de 2010, apontavam que 676.064 pessoas vindas do Nordeste viviam em Goiás
A população nordestina em Anápolis é, sem sombra de dúvidas, uma parcela marcante dos moradores da cidade. Seja na escola, universidade ou no trabalho, ela se encontra em todos os setores da sociedade.
Com a celebração do Dia do Nordestino em 08 de outubro, instituído no Brasil desde 2022, o Portal 6 trouxe algumas histórias de pessoas que migraram das mais distintas regiões do Nordeste para criar vínculos vivendo no município.
Artes Visuais
O jovem Lucas Montes, de 22 anos, é um dos que migraram para Goiás. Vindo de Faísa, no Maranhão, ele contou ao Portal 6 que veio para Anápolis em 2018 junto com a família.
“Veio mãe, irmãos, tios, avó, uma galera”, disse ele, que não conhecia o estado antes do primeiro contato com a cidade.
O convite teria partido de um tio do jovem que já havia se mudado para a cidade, anos antes. “Ele fez a propaganda no sentido de que a cidade era boa de emprego e, como nossa cidade é interiorana, topamos a ideia”, confidenciou.
Lucas conta que a partir de um trabalho no Distrito Agroindustrial de Anápolis (Daia), conheceu o companheiro que o incentivou a imergir na habilidade pessoal que tem na ilustração e animação.
Recentemente, o jovem foi premiado no Festival de Cinema de Anápolis e está com trabalhos concorrendo a premiações internacionais. “Um lugar que me abriu portas”, definiu.
Culinária
Tendo migrado há 23 anos, Naiara Santos, de 38 anos, é uma típica baiana estampada pela culinária do acarajé que empreende na cidade ao lado da família.
Sobre a vinda, ela conta que foi incentivada pelo cônjuge. Ela relatou que é do tempo em que boa parte da comunicação era feita a partir de telefonemas no “orelhão” do bairro.
“Eita, lasqueira”, assim disse, respondendo ao convite do esposo, em um desses telefonemas, para vir para Goiás de Itagi (BA).
Naiara relata que teve uma adaptação difícil. “Trabalhei em salão, posto de saúde e depois de ter engravidado que veio a ideia do acarajé”, contou.
A baiana conta que, a princípio, considerou os goianos “calados” e que percebeu certa resistência no sentido de abertura com ela e o marido que eram “de fora”, mas que, ao passar do tempo, quebrou o gelo nessas relações.
“A gente dá bom dia, boa tarde, boa noite e no início o pessoal ficava meio desconfiado, mas logo passou. Os baianos têm a fama de serem brincalhões”, disse.
Atualmente, Naiara confessa que tem vínculos com muita gente da cidade, ainda mais pelo fato de servir a população com o prato típico da Bahia. “De três em três meses eu vou visitar ‘mainha’ e comprar produtos do meu acarajé. Aproveito, mato a saudade, mas sempre voltando”, declarou.
Estudos
Outra nordestina que procurou Anápolis para morar foi a farmacêutica Nayara Sousa, de 29 anos. De Grajaú (MA), ela veio cursar faculdade e se estabelecer na cidade.
O desejo teria partido através de uma visita à tia que já morava em Anápolis ainda quando era menor de idade. “Gostei tanto que coloquei na cabeça que queria viver aqui”, afirmou.
A maranhense veio com o marido em 2016, para cursar a graduação de Farmácia na Universidade Estadual de Goiás (UEG).
Nayara citou que passou por dificuldades, até conseguir se estabelecer em uma indústria farmacêutica. Hoje, sendo mamãe da pequena Liz, a jovem revela ter encontrado a felicidade. “Quando eu vim de mala e cuia, foi difícil, mas fomos construindo uma rede de apoio”, disse.
Vínculo com a cidade
Se tem uma coisa que os três nordestinos convergem, é no desejo de ficar em Anápolis.
Por ter toda a família na cidade, o artista e animador não pensa em voltar ao município onde nasceu. Já a cozinheira disse que pode matar a saudade com a rotina de idas e vindas à terra natal.
Por fim, a farmacêutica Nayara é mais incidente no sentimento que tem por Anápolis e estado que a acolheu. “Aqui me estenderam a mão. Não volto e ainda faço propaganda. Trouxe até meu irmão”, finalizou.
*Colaborou Augusto Araújo