GUILHERME BOTACINI
O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski, passou os últimos dias visitando líderes europeus aliados com o objetivo de divulgar o que chama de “plano de vitória” -na prática, fez novos pedidos de ajuda militar e discutiu o fim do veto ao uso de armamentos de longo alcance em território russo.
Zelenski visitou a primeira-ministra da Itália, Giorgia Meloni, o premiê britânico Keir Starmer, o presidente da França, Emmanuel Macron, e o premiê alemão, Olaf Scholz, além do papa Francisco e do secretário-geral da Otan, Mark Rutte.
O momento é particularmente importante com a aproximação de dois invernos para Kiev: o literal, que virá após meses de campanha de bombardeios de Moscou à infraestrutura ucraniana, e a eleição presidencial nos Estados Unidos, cuja potencial vitória de Trump promete resultar no fim da guerra em termos distante do que almeja Zelenski.
O presidente ucraniano conseguiu o anúncio de US$ 1,5 bilhões (R$ 8,4 bi) em ajuda militar depois do encontro com Scholz, nesta sexta (11). O auxílio será pago, até o fim de 2024, por Alemanha, Bélgica, Dinamarca e Noruega, e contém instrumentos de defesa aérea e artilharia, tanques e drones.
De outros líderes, ao menos publicamente, Zelenski recebeu apenas votos renovados de apoio à defesa da Ucrânia.
Em Roma, Meloni assegurou ao aliado o apoio contínuo da Itália “nos níveis bilateral e multilateral para deixar Kiev na melhor posição possível para construir uma paz justa e duradoura”. Macron, em Paris, e Starmer, em Londres, divulgaram falas semelhantes sobre os encontros.
Havia previsão de encontro de Zelenski com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na Alemanha, durante cúpula da Otan que foi cancelada após o americano suspender sua viagem por causa do furacão Milton, que atingiu a Flórida nesta semana.
Nesta sexta, o presidente ucraniano se reuniu com o papa Francisco por cerca de 30 minutos, quando trataram principalmente do retorno de prisioneiros de guerra ucranianos.
“Estamos contando com a assistência da Santa Sé para ajudar a trazer de volta os ucranianos que foram capturados pela Rússia”, disse Zelenski em publicação nas redes sociais.
O momento do conflito na Ucrânia é pouco favorável a Kiev. Moscou avança no leste do país e começa a tomar pontos logísticos fundamentais para a defesa da região.
No início do mês, as tropas russas tomaram Vuhledar, uma cidade estratégica na região de Donetsk que havia resistido por dois anos e meio de guerra e que fica a cerca de 60 km ao norte está Pokrovsk, outro centro importante.