Água suja e barrenta: advogada explica como anapolinos podem pedir indenização na Justiça

Sendo um serviço considerado essencial, a precariedade na distribuição de água fere a própria dignidade humana

Davi Galvão Davi Galvão -
Água suja e barrenta: advogada explica como anapolinos podem pedir indenização na Justiça
Moradores relatam que o problema se estende há meses. (Foto: Thaís Pontes)

Água suja, barrenta e até fétida. Essas foram as denúncias que o Portal 6 recebeu nesta semana acerca da qualidade da água que chega nas residências em diversas regiões de Anápolis, em um problema que, consoante ao relatado, já perdura há dias.

Porém, o que muitos consumidores não sabem é que diante desses casos, que aliás, não são inéditos, eles têm o direito de solicitar na Justiça reparações por danos materiais e morais. Inclusive, podem até mesmo pedir a isenção do pagamento do boleto ao final do mês, referente ao período no qual foram lesados.

Foi como explicou, em entrevista ao Portal 6, a especialista em direito do consumidor Jordana Lamounier, que ressaltou que a concessionária responsável pelo abastecimento deve prezar pela qualidade da água, visto que se trata de um direito universal e fundamental, atrelado à dignidade humana.

Jordana Lamounier é especialista em direito do consumidor. (Foto:Arquivo Pessoal)

“A ausência de água ou, neste caso, ela chegar nas casas suja, com lama, fedendo, extrapola o que a gente chama de mero aborrecimento. Água é algo tão fundamental, tão necessário, que negar ela é como negar a dignidade da pessoa. Caso surja qualquer problema, é de responsabilidade da concessionária resolver de forma imediata ou no menor prazo possível”, frisou.

Porém, para poder levar o caso à Justiça, é necessário se atentar a alguns detalhes. Assim que o consumidor notar qualquer alteração na água, é fundamental documentar e reunir provas que evidenciem a situação.

Em registros enviados ao Portal 6, é possível ver o estado precário e coloração marrom da água. (Foto: Arquivo Pessoal)

“Fotos, vídeos, tudo que comprove o que está acontecendo. Depois, é preciso tentar resolver com a concessionária, comunicando o problema e anotando todos os números de protocolo, a fim de se resguardar. Se a precariedade persistir, essas provas podem ser analisadas pelo magistrado, por isso é importante registrar tudo, não ficar só na palavra”, salientou.

Ela comentou que, em casos do tipo, quando levados ao tribunal, as empresas costumam sustentar que executam o serviço com qualidade e seguindo todos os protocolos. Inclusive, foi esta a forma com a qual a Saneago se referiu aos recentes problemas denunciados pela reportagem, tratando-os como pontuais e que a companhia “obedece aos mais altos padrões de potabilidade de água”.

Feita a notificação através dos canais oficiais e caso a situação persista além do prazo razoável, Jordana afirmou que os clientes também podem, em caráter extraoficial, solicitar que seja abatido do boleto o valor respectivo aos dias nos quais os consumidores foram lesados.

Situação da água encanada registrada por moradora de Anápolis. (Foto: Reprodução)

Porém, diante de uma negativa ou mesmo uma ausência de resposta, os moradores podem procurar assistência jurídica e, munidos das evidências, pleitearem reparações materiais e morais.

A citar exemplos, ela comentou o caso de comerciantes ou empresários que dependem do fornecimento adequado para desempenharem as atividades. Caso tenham de interromper os serviços ou perderem produtos podem solicitar a reparação por danos materiais.

No mesmo sentido, uma família que fica impedida de tomar banho, cozinhar ou preparar a refeição das crianças, se vê com a própria dignidade em xeque, o que abre margem para uma compensação por danos morais.

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