Árbitro que apitou último título do Vila Nova relembra final e palpita sobre campeão deste ano: “tem um time melhor”

Atualmente aposentado, Marcelo Hugo da Silva Nunes revelou detalhes da decisão que marcou torcedores do Colorado

Augusto Araújo Augusto Araújo -
Árbitro que apitou último título do Vila Nova relembra final e palpita sobre campeão deste ano: “tem um time melhor”
Marcelo Hugo foi o árbitro que apitou último título de Goianão do Vila Nova, em 2005. (Foto: Arquivo Pessoal/ Marcelo Hugo Nunes)

Em 17 de abril de 2005, dentro de um Serra Dourada lotado de torcedores, o Vila Nova superou o Goiás nos pênaltis e se sagrou o grande campeão do Goianão daquela edição. No entanto, mal sabiam os torcedores que, depois desse dia, o time entraria em uma seca de 20 anos sem título algum – algo que pode estar prestes a se encerrar nesta edição.

Porém, aquela ocasião também foi marcante pela presença do árbitro Marcelo Hugo da Silva Nunes. À época com 40 anos, ele era um dos “donos do apito” mais respeitados da Federação Goiana de Futebol (FGF), com direito a premiações de destaque.

Atualmente aposentado dos gramados, o professor de Educação Física concedeu uma entrevista ao Portal 6, relembrando daquela final, ressaltando a grandeza que a competição representava à época.

Marcelo Hugo é professor de educação física e árbitro aposentado. (Foto: Arquivo Pessoal/ Marcelo Hugo Nunes)

“Naquele dia parou a cidade. Você saía no supermercado, no shopping, as pessoas estavam falando da final. Hoje em dia já não tem mais isso”, afirmou.

Marcelo (ao centro), perfilado ao lado de jogadores do Vila Nova e Goiás, em 2005. (Foto: Arquivo Pessoal/ Marcelo Hugo Nunes)

Na ocasião, Vila e Goiás decidiram a final por uma disputa por pênaltis. Porém, um lance polêmico marcou a memória de Marcelo.

“O Harlei [goleiro e ídolo histórico do Goiás] pegou um pênalti, mas ele se adiantou, então eu mandei voltar. Ele me desafiou, ele falou que ia andar e que eu não tinha coragem de voltar, mas a regra me facultava isso”.

No final das disputas, o clube esmeraldino acabou desperdiçando três cobranças e viu o Colorado ser campeão, pelo placar de 3 a 1.

Árbitro pode ser torcedor?

À época, ele conciliava a carreira como árbitro de futebol com a de professor, e afirmou já ter passado por “cobranças” de alguns torcedores.

Isso porque, apesar de ser um profissional consolidado do ramo, Marcelo nunca escondeu a torcida para o Vila Nova – ainda que não falasse abertamente sobre isso.

“Eu ia para a escola e o povo pegava no meu pé. Eu dei aula no Jardim Novo Mundo, no centro da torcida do Goiás. Mas eu tirava de letra, porque eles me respeitavam”.

Além disso, o professor de educação física ressaltou também que, quando entrava em campo, todas as “paixões” ficavam do lado de fora do gramado.

“Quando eu vestia a camisa da arbitragem, não tinha lado A ou B. Eu tinha uma preocupação de não poder querer errar, porque todo mundo sabia que eu era, eu não escondia de ninguém que torcia para o Vila”.

Marcelo Hugo perfilado com equipe de arbitragem, antes de partida iniciar. (Foto: Arquivo Pessoal/ Marcelo Hugo Nunes)

Um árbitro “diferente”

Aposentado em 2008, Marcelo Hugo atuou nos gramados desde 1992 e destacou foi a forma como ele se relacionava com os jogadores dentro de campo. Isso porque havia uma “zoação” com os atletas dentro do gramado.

“Eu curtia demais com o jogador. Eu brincava falando que eles não jogavam nada. Sabe como eu chamava o Harlei [goleiro e ídolo histórico do Goiás]? Harlei mão de tábua”, revelou.

Além disso, o atual professor destacou que fez amizade com alguns ex-atletas, como o próprio Harlei, o volante Josué, o meia Danilo e o atacante Alex Dias.

O ex-árbitro disse também que não tinha medo de encarar os torcedores, caso houvesse cobrança. “Se precisasse ir para o confronto, eu ia. Tem hora que eu acho que eu era meio doido, perturbado, porque não tem lógica não. Eles  vinham para cima, mas sabiam que encontrariam resistência do outro lado”.

Marcelo Hugo na época em que era árbitro profissional. (Foto: Arquivo Pessoal/ Marcelo Hugo Nunes)

Críticas ao VAR

Marcelo Hugo também teceu críticas à forma como o VAR tem sido utilizado pela arbitragem e destacou uma certa “falta de pulso” de quem segura o apito.

“Os árbitros são medrosos, se escondem atrás do VAR. E o VAR veio para sanar as dúvidas que a arbitragem tinha. Eu, por ter sido árbitro de ponta por muitos anos, preferia errar por excesso do que por omissão”.

Além disso, o profissional aposentado destacou que é contra a forma como o dispositivo tem sido utilizado. “Ele é uma tecnologia que deveria ajudar, mas está atrapalhando o jogo, por demorar demais para tomar decisões. Eu sou contra a forma atual como o VAR tem sido utilizado”, explicou.

Ex-árbitro criticou forma como VAR tem sido utilizado no futebol. (Foto: Arquivo Pessoal/ Marcelo Hugo Nunes)

Palpite para a final

Por fim, o professor de educação física – e agora abertamente torcedor do Vila Nova – não escondeu o otimismo para a final do campeonato.

“Eu acho que agora é a chance do Vila ganhar e quebrar esse paradigma de 20 anos. Apesar de que o Anápolis vem com uma equipe forte, eu ainda acho que o Vila tem um time melhor”.

O jogo de ida entre as duas equipes acontece neste domingo (23), no Estádio Jonas Duarte. Resta agora saber se a previsão de Marcelo se confirmará e ele deixe de ser conhecido como o “último árbitro que apitou um título do Vila Nova”.

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