Juíza condena a 2 anos e 4 meses de prisão mulher que fez ofensas homofóbicas a namorados
"Você não é homem", "eu sou mais macho que você" e "eu sou branca" são algumas das ofensas proferidas pela mulher


ISABELA PALHARES
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – Jaqueline Santos Ludovico foi condenada a 2 anos e 4 meses de prisão por injúria racial pelas ofensas homofóbicas contra um casal gay na padaria Iracema, em Santa Cecília, no centro de São Paulo, em fevereiro de 2024.
Jaqueline foi filmada xingando o jornalista Rafael Gonzaga e o namorado Adrian Grasson Filho. Ela também tentou agredi-los, mas foi contida por funcionários e outras pessoas que estavam no estabelecimento.
“Você não é homem”, “eu sou mais macho que você” e “eu sou branca” são algumas das ofensas proferidas pela mulher. Ela estava acompanhada de uma amiga, Laura Athanassakis Jordão, que também foi denunciada pelo Ministério Público pelos crimes de injúria racial, ameaça e lesão corporal.
A Folha tentou contato com a defesa de Jaqueline e Laura, mas não obteve resposta.
A juíza Ana Helena Rodrigues Mellim, da 31ª Vara Criminal, condenou Jaqueline somente pelo crime de injúria racial e absolveu Laura dos crimes.
Jaqueline também terá que pagar indenização às vítimas. A juíza fixou o valor de cinco salários-mínimos para cada uma das vítimas “por entender que é o mínimo para compensação pela vulneração sofrida e, concomitantemente, para reprimir a conduta da ré, que não torne a acontecer”, diz a decisão da juíza.
Em maio do ano passado, quando as duas foram denunciadas pelo Ministério Público, os advogados de Rafael e Adrian disseram esperar que o caso torna-se uma lição.
“[Espera-se que o caso] sirva de lição pedagógica a todos os homotransfóbicos ainda existentes: lgbtfobia é crime e não tem qualquer lugar na sociedade democrática brasileira”, declaram os advogados.
RELEMBRE O CASO
Segundo o boletim de ocorrência, Rafael e Adrian chegaram de carro ao estabelecimento por volta das 4h de sábado, 3 de fevereiro, para comer após uma festa. Ao tentarem estacionar, encontraram duas mulheres e um homem parados em cima de uma vaga. Após o casal buzinar, dois deles saíram, mas uma mulher, Jaqueline, permaneceu de braços cruzados. O homem a removeu do local.
Jaqueline retornou, mexeu no retrovisor do carro e começou a proferir insultos homofóbicos. Ao entrar na padaria, ela jogou um cone do estacionamento contra o casal, continuando os xingamentos dentro do estabelecimento.
Gonzaga filmou a confusão. É possível ver Jaqueline sendo contida por um homem ao tentar partir para cima dos dois rapazes. Em alguns momentos, ela fala que é “família tradicional” e que “teve educação”.
“Sou mais mulher do que você. Sou mais macho que você”, ela disse. “Tirei sangue seu, foi pouco. E os valores estão sendo invertidos. Eu sou de família tradicional. Eu tenho educação. Diferença dessa porra aí.”
Enquanto os rapazes filmavam e avisavam que a polícia estava chegando, a mulher disse: “Eu sou branca. Olha lá a hipocrisia. Vamos lá, chama a polícia. Vamos ver quem vai preso aqui”.
Já Laura, segundo a Promotoria, acompanhou Jaqueline na confusão, incentivando a amiga e também falando injúrias.