Imagens desmentem versão dada por policial civil que matou carpinteiro na região de motéis em Aparecida de Goiânia
Vídeo feito por câmeras de segurança mostra que o agente Cristiano Henrique atirou primeiro e perguntou depois se a vítima estaria armada


Eram 04h16 da manhã do sábado (26) quando o carpinteiro Cleverson Freitas, de 34 anos, encostou a caminhonete para conversar com duas garotas de programa e o agente da Polícia Civil, Cristiano Henrique Oliveira, de 23 anos, na região dos motéis, em Aparecida de Goiânia.
Após pouco mais de dois minutos de conversa, com várias gargalhadas e combinação de preços com as profissionais do sexo, o trio embarcou no veículo para uma “festinha”. A interação e os diálogos foram captadas por uma câmera de segurança, que Rápidas teve acesso.
As mesmas imagens captaram parte do desfecho dessa história, que culminou na morte de Cleverson após quatro minutos.
Nas cenas seguintes é possível ouvir o disparo fatal que ele recebeu de Cristiano, ver a caminhonete desgovernada bater num muro e flagrar o policial correndo em direção ao veículo.
“Você está armado, irmão? Está armado? Irmão, está morto? Fala, está armado?”, questionou o agente antes de sair do raio de alcance das câmeras de segurança.
Vinte minutos depois, uma viatura da Polícia Militar chega ao local após ser acionada por um motociclista que passou pelo local e presenciou a colisão.
Cristiano atirou primeiro e perguntou depois
Em relato à guarnição que atendeu a ocorrência, o agente afirmou ter sido alertado dentro da caminhonete pelas garotas de programa de que Cleverson não seria uma pessoa de ‘boa-índole’ e por isso o trio decidiu descer do carro. Essa versão destoa totalmente da interação amigável captada pelas câmeras de segurança.
Ao descerem, o agente disse ter esquecido o celular no veículo e, ao solicitar a entrega do aparelho, percebeu que o motorista teria feito um movimento de sacar uma arma e por isso atirou em legítima defesa.
Até o momento, não foi registrada nenhuma arma em posse de Cleverson, e também chama atenção a ausência da versão das garotas de programa.
Dor e revolta da família da vítima ao saber que o agente não foi preso pela Polícia Civil
Proprietário da caminhonete, Cleverson era um carpinteiro, de 34 anos, casado e pai de dois filhos . Ele era morador de Senador Canedo e, segundo a esposa em entrevista à Rápidas, o casal sonhava em construir uma casa para família.
Além da dor da perda, a viúva e os familiares da vítima querem o esclarecimento do homicídio e saber por que Cristiano não foi preso em flagrante.
“A gente quer respostas. Não acreditamos na versão dele [ do agente Cristiano]. Não foi dito se o tiro foi de perto ou de longe. Soubemos que o policial não foi preso [e queremos saber] por que? Se fosse um civil comum, ele teria sido preso. Temos vários questionamentos! Essa história está mal contada”, desabafou a esposa, de 29 anos.
Ela ainda lamenta a divulgação de que o marido teria ‘má-índole’, que repercutiu no final de semana. Segundo ela, além de uma ocorrência por embriaguez ao volante, existia contra o marido somente um registro de Maria da Penha, já resolvido, referente a uma situação entre eles.
Como o agente havia embarcado no banco de trás, a família suspeita que o disparo tenha sido efetuado pelas costas.
O que diz a Polícia Civil?
Rápidas entrou em contato com a Polícia Civil (PCGO) para solicitar informações relacionadas ao caso, como, por exemplo, se o policial está preso e onde. Também foi perguntado quem irá investigar o assassinato, se foi feita a apreensão de alguma outra arma além da de Cristiano e se as garotas de programa já foram ouvidas.
Uma nota, que pode ser lida na íntegra a seguir, foi enviada à coluna sem responder todos os questionamentos.
A Polícia Civil de Goiás informa que o fato ocorrido na noite de ontem (25/04), no setor Santa Luzia, em Aparecida de Goiânia, envolvendo um agente da instituição, já está sendo acompanhado e investigado pela Corregedoria da Polícia Civil.
Após análise técnico-jurídica realizada pela autoridade policial responsável, o agente não foi autuado em flagrante, mas foi ouvido e o procedimento investigativo foi instaurado, seguindo em andamento sob sigilo, nos termos da legislação vigente.
Nota 10
Para os mais de seis mil participantes do Circuito de Corrida de Rua de Anápolis. O número é um recorde e nove toneladas de alimentos foram arrecadados.
Nota Zero
Para passageira que derramou cerveja, agrediu e xingou uma motorista de aplicativo após perceber a cobrança de R$ 50 a mais pela limpeza do veículo, em Anápolis.