Concurso público que não teve ninguém aprovado: professor classifica processo como “inacreditável”

Aproximadamente 2 mil pessoas se inscreveram, mas apenas 200 chegaram à segunda fase, de provas discursivas

Pedro Ribeiro Pedro Ribeiro -
Concurso público que não teve ninguém aprovado: professor classifica processo como “inacreditável”
(Foto: Reprodução/Agência Brasil)

Você já ouviu falar de um concurso público em que nenhum candidato foi aprovado?

Pois é exatamente isso que aconteceu recentemente em uma seleção para promotor de Justiça substituto no Mato Grosso do Sul.

O resultado pegou todos de surpresa e vem gerando indignação entre especialistas e candidatos.

A situação, descrita por um professor como “inacreditável”, levantou uma série de questionamentos sobre o rigor da banca avaliadora e os critérios de correção adotados.

Concurso público que não teve ninguém aprovado: professor classifica processo como “inacreditável”

O concurso público para promotor de Justiça substituto do Ministério Público de Mato Grosso do Sul oferecia 10 vagas, com salário inicial de R$ 32,2 mil.

A organização ficou por conta da Fapec (Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura), que recebeu cerca de R$ 496 mil para realizar o certame.

Aproximadamente 2 mil pessoas se inscreveram, mas apenas 200 chegaram à segunda fase, de provas discursivas.

O que ninguém esperava era o resultado: nenhum dos 200 candidatos foi aprovado.

A nota mais alta foi 5,95 — abaixo da média mínima exigida, que era 6 pontos.

Ou seja, todos foram eliminados. O edital com o resultado foi publicado no dia 4 de junho e a notícia rapidamente se espalhou pelas redes sociais e sites especializados em concursos.

Especialista classifica o caso como “raríssimo”

Rafael Maia, professor do Curso Mege e especialista em preparação para carreiras jurídicas, comentou o caso com espanto.

Segundo ele, é quase impossível que nenhum candidato tenha atingido a nota mínima.

Ele afirma que muitos concorrentes estavam bem preparados e tinham condições reais de aprovação.

Para o professor, a principal explicação é o possível excesso de rigor na correção.

“Ainda não foram divulgadas as provas nem os espelhos de correção, mas, muito possivelmente, houve um critério extremamente severo por parte dos examinadores”, disse.

Ele destacou que casos assim são muito raros e, nos últimos 15 anos, lembra de apenas um episódio semelhante: o concurso para promotor na Paraíba, em 2010.

O que os candidatos podem fazer agora?

Com a reprovação em massa, muitos candidatos se perguntam: e agora?

O edital prevê o período de recurso entre os dias 9 e 13 de junho.

Para Rafael Maia, essa é a única alternativa no momento.

Ele acredita que alguns recursos devem ser acolhidos, mas não em grande número.

Segundo o professor, o Ministério Público do Mato Grosso do Sul não costuma ter uma lista extensa de aprovados.

A ausência total de aprovados em um concurso público tão importante levanta dúvidas não apenas sobre a qualidade da prova, mas também sobre a transparência e o equilíbrio do processo seletivo.

Reflexões sobre o rigor em concursos

Embora o rigor em concursos seja necessário para selecionar os melhores candidatos, é importante refletir quando esse rigor ultrapassa o razoável.

Afinal, o objetivo de um concurso público é preencher cargos com pessoas capacitadas, e não eliminar todos os candidatos de forma generalizada.

A situação vivida pelos candidatos do concurso do MPMS serve de alerta para quem estuda para carreiras jurídicas: além de se preparar tecnicamente, é preciso estar atento à banca, aos critérios de correção e à possibilidade de injustiças no processo.

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