Psicóloga de Goiânia explica o que leva mulheres a se atraírem por criminosos

Ao Portal 6, profissional justifica motivos que podem levar uma pessoa a se atrair por outras perigosas

Gabriella Pinheiro Gabriella Pinheiro -
Psicóloga de Goiânia explica o que leva mulheres a se atraírem por criminosos
Ator que faz Jeffrey Dahmer, Evan Peters, da série Netflix. (Foto: Divulgação/ Netflix)

Preso em 1991, acusado de matar 17 garotos, o serial killer Jeffrey Dahmer, que serviu de inspiração para a série da Netflix “Dahmer: Um Canibal Americano”, chocou o mundo pela brutalidade dos crimes. Mas, enquanto alguns se revoltaram com os casos, há aqueles que desenvolveram uma espécie de fascínio e enviavam cartas de amor para o criminoso na cadeia. O mesmo aconteceu com Francisco de Assis Pereira, conhecido como “Maníaco do Parque”, que matou sete mulheres em São Paulo (SP) e que, um mês após ser preso, recebeu cerca de mil cartas de mulheres.

O interesse pelo tema tem nome e é o que melhor se enquadra no contexto: hibristofilia. Ao Portal 6, a psicóloga de Goiânia, Sabrina Rocha explica que a palavra se refere a pessoas que têm atração por aqueles que cometeram crimes ou que representem algum tipo de perigo.

No entanto, conforme salienta a profissional, nem todos os casos se encaixam nesse perfil e podem estar ligados a outros padrões emocionais da pessoa.

“Muitas vezes, o envolvimento com homens perigosos pode estar relacionado a padrões emocionais disfuncionais e não a uma condição clínica com nome definido. Então, assim, é muito subjetivo. Existe esse nome, e estou falando de uma forma geral, mas essa mulher precisa passar por um tratamento psicoterapêutico para entender o que a levou a isso e quais foram os padrões emocionais disfuncionais que ela recebeu ali na infância”, destaca.

Esse tipo de transtorno — que atinge majoritariamente mulheres — também é baseado em um outro tipo de pensamento: a noção de que elas podem “salvar” os parceiros pelo amor.

Sabrina justifica que, nesse caso, há a síndrome da salvadora — descrita como sendo uma tendência excessiva de ajudar os outros, muitas vezes sacrificando as próprias necessidades e bem-estar.

“Muitas vezes, essas mulheres idealizam o parceiro e acreditam que podem salvá-lo, a síndrome da salvadora, ou transformá-lo com amor. Em alguns casos, até há uma busca inconsciente por intensidade, adrenalina ou por relações que repetem padrões vividos”, destaca.

Fatores como baixa autoestima, em que a mulher acredita que não merece algo melhor e que precisa lutar pelo amor para se sentir valorizada, são alguns dos que justificam esse tipo de conduta. Além disso, traumas e comportamentos familiares, como histórico de abandono, negligência emocional, abuso na infância e a presença de violência doméstica também podem ter impacto.

“Ela ter presenciado essa violência doméstica no ambiente familiar, ou a ausência de figuras seguras durante o crescimento, podem contribuir muito para esse padrão. A criança cresce em um ambiente disfuncional e pode desenvolver uma noção totalmente distorcida do que é amor. Então ela pode acreditar que, para ser amada, precisa apanhar. E, assim, vai procurar alguém que represente esse perigo para ela”, destacou.

As consequências desse tipo de relação podem ser inúmeras. Como representam perigo, podem gerar violência, abuso emocional, isolamento social, destruição da autoestima e até colocar a vida da mulher em risco. Além disso, o relacionamento pode provocar traumas profundos e dificultar o desenvolvimento de vínculos saudáveis no futuro.

Nesses tipos de situação, a psicóloga recomenda a necessidade de realizar psicoterapia. É por meio desse trajeto que a pessoa poderá compreender as causas emocionais do padrão e, por vezes, conseguir se libertar.

“Através do processo terapêutico, é possível compreender as causas emocionais desse padrão, desenvolver a autoestima dessa mulher, aprender a identificar relacionamentos saudáveis e estabelecer limites — que, provavelmente, é o que ela não entende. Por isso, ela vai se envolver ali, porque não tem esses limites estabelecidos. Em alguns casos, pode até haver necessidade de acompanhamento psiquiátrico, especialmente se houver traços de dependência emocional ou algum tipo de transtorno envolvido”, diz.

Ela finaliza afirmando que a atração não é apenas uma escolha ruim, mas que também pode ser consequência de acontecimentos passados que ainda não foram curados.

“Eu, como psicóloga, diria que esse tipo de atração geralmente não é apenas uma escolha ruim, tá? Mas um reflexo de dores emocionais que ainda não foram curadas. O autoconhecimento e a psicoterapia ajudam muito a quebrar esses ciclos e a construir relações baseadas em respeito, em segurança, no amor verdadeiro — começando ali pelo amor-próprio. A primeira coisa que a mulher precisa desenvolver é o amor-próprio e se conhecer”, finaliza.

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