A história e o sonho do paciente que vive há 25 anos no hospital

Ele passou por uma situação inesperada com a família e agora luta pela sobrevivência de uma forma exemplar e honrosa

Magno Oliver Magno Oliver -
A história e o sonho do paciente que vive há 25 anos no hospital
(Foto: Arquivo Pessoal)

O que era para ser um dia de festa e comemoração com a família, acabou se tornando uma mudança de vida inesperada para um jovem rapaz. Tudo isso veio após ele tentar ajudar quem ele amava em uma situação que acabou complicando sua rotina para até os dias atuais.

“Eu, minha mãe e meu padrasto fomos levar algumas amigas para casa após uma festa. Meu padrasto se envolveu em uma briga com um amigo das meninas, entrei no meio para tentar apaziguar a situação, mas o rapaz acabou disparando um tiro que pegou no meu pescoço. Ele fugiu, algumas pessoas me colocaram no carro e me levaram ao hospital mais próximo”, descreveu Cleyton Cipriano em entrevista ao UOL.

“Chegando lá, os médicos identificaram que a bala havia atingido a vértebra C5 e que eu tinha ficado tetraplégico. Eles decidiram não retirar a bala porque havia o risco de eu não sobreviver, ela está alojada no meu pescoço até hoje. Fiquei três meses internado, mas não passei por nenhum tipo de reabilitação. Emagreci, perdi massa muscular, desenvolvi escaras, tive várias infecções. Fiquei extremamente abatido”, continuou o relato.

“Minha mãe não tinha responsabilidade e nem conhecimento adequado para cuidar de mim em casa. Ela bebia, saía com frequência e eu passava a maior parte do tempo sozinho. Tinha noites que ficava no colchão de água, com frio, fome, sede e sem nenhuma pessoa para me ajudar. Perdi completamente a perspectiva de vida, achava que ia morrer a qualquer momento”, explicou Cleyton.

A história e o sonho do paciente que vive há 25 anos no hospital

A condição de Cleyton complicou a vida em casa, gerou estresse na família e a mãe um dia acabou o agredindo. Foi a gota d’água para que ele pedisse a irmã para ligar para uma ambulância e ele então passou a morar no hospital. Explicou sua situação e conseguiram uma vaga para ele morar no Hospital Geriátrico e de Convalescentes Dom Pedro 2º, que era uma instituição que atendia pacientes de longa permanência, onde ele está até hoje.

“O hospital salvou a minha vida, me acolheu, cuidou de mim e me ajudou nos momentos mais difíceis. Fiz amizade com médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, com o pessoal da limpeza, da manutenção. Sou grato a cada um, eles se tornaram a minha família.”, explica o rapaz.

Ao longo desses 25 anos morando lá, ele conta que passou por um relacionamento de 12 anos com uma funcionária que trabalhava na limpeza e se desligou para ficar com ele e a virada de chave aconteceu. Nessa jornada, ele fez um supletivo, aprendeu a escrever com a boca e fez uma autobiografia: “A História da Minha Vida – Não Permita que o Ontem se Repita Hoje”. Cursou programação e ganhou uma bolsa integral na Universidade Guarulhos, onde atualmente cursa empreendedorismo digital à distância.

Hoje com 45 anos, Cleyton não tem perspectiva de alta porque não tem uma casa para morar. Ele precisa de home care, um serviço de saúde que oferece cuidados médicos e de enfermagem no ambiente residencial do paciente, em vez de em hospitais ou clínicas. Mesmo que o Estado pague este serviço, ele ainda precisa de uma casa. Lançou uma vaquinha online para obter ajuda para conseguir sua tão sonhada moradia para poder trabalhar e construir sua família.

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Magno Oliver

Magno Oliver

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás. Escreve para o Portal 6 desde julho de 2023.

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