Promessa de fortuna virou pesadelo: goiano arrisca a vida na guerra da Ucrânia e volta para casa sem nada
Promessas de altos salários e benefícios não foi cumprida pelo governo ucraniano

A promessa de altos ganhos levou o goiano Emerson Souza, de 28 anos, a atravessar o oceano e se alistar como combatente na Ucrânia, tomando a decisão no mesmo dia em que descobriu que a esposa estava grávida.
Mas, depois de pouco tempo no front, ele voltou para Formosa (GO) decepcionado. Longe da família, exposto a riscos e com um pagamento muito abaixo do esperado, concluiu: “não valeu a pena”.
Em entrevista ao Mais Goiás, ele contou que a oportunidade surgiu no início do ano, quando entrou em um grupo de WhatsApp que recrutava estrangeiros interessados em lutar em troca de salários atrativos.
Emerson decidiu embarcar em 19 de maio, justamente no dia em que descobriu que a esposa estava grávida do quinto filho.
Do Brasil, partiu rumo a Madri, depois seguiu para a Polônia e, em seguida, para a Ucrânia, onde recebeu documentos e abriu conta bancária.
O contato direto com a guerra não demorou. Ele recorda que, em Kharkiv, enfrentou momentos de tensão com bombardeios e drones sobrevoando a cidade.
“Vi o fogo cruzado quando estive em Kharkiv (Ucrânia). Passava muito drone em direção à cidade, as bombas passavam pertinho de nós lá e a gente via a bateria anti-aérea tentando derrubar os drones. Eu sentia que precisava ir embora, mas pensava que não iria conseguir”, relatou.
A maior frustração, no entanto, veio com a remuneração. O que parecia ser um contrato lucrativo, na prática, dependia da realização de missões quase impossíveis de cumprir em um curto período.
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No fim, ele recebeu pouco mais de R$ 2 mil – valor insuficiente até mesmo para pagar o retorno ao Brasil, calculado em cerca de R$ 16 mil. Ele só conseguiu os fundos graças ao apoio da família, incluindo a esposa.
A fuga foi desgastante. Emerson deixou o centro de treinamento rumo a uma pequena vila, pegou um táxi para Lviv e, em vez de ir a Kharkiv rescindir o contrato, arriscou seguir direto para a fronteira com a Polônia.
“Um militar entrou no ônibus, pegaram meu passaporte e demoraram muito para devolver. Felizmente, acabou dando certo e eu consegui seguir viagem”, relembrou.
Da Polônia, passou por Roma e depois por São Paulo até chegar a Brasília. O reencontro com a família aconteceu em 1º de agosto.
“Quando vi minha filha correndo e dizendo ‘papai, papai’… aquilo quase partiu meu coração”, concluiu.
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*Com informações do Mais Goiás