Conheça a história por trás do nome da cidade de Palestina de Goiás

Como um concurso local e a fé moldaram a identidade de uma cidade no cerrado

Anna Júlia Steckelberg Anna Júlia Steckelberg -
Palestina de GOIÁS
Montagem da Palestina de Goiás. (Foto: Reprodução)

No coração do Sudoeste goiano, onde o cerrado se estende em horizontes vastos e quase incontados, ergue-se um município pequeno em população, mas repleto de curiosidades históricas: Palestina de Goiás.

Com apenas 3.132 habitantes segundo o Censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), e uma área de 1.318,05 km², o município abriga uma densidade demográfica de 2,38 hab/km², números que revelam sua condição rural e distante dos centros urbanos mais pulsantes do estado.

A gênese do nome que hoje batiza o município se vincula, curiosamente, a um plebiscito entre moradores. Em meados da década de 1950, quando já despontava um núcleo de povoamento na região, corria a vontade de dar nome ao povoado.

Surgiram sugestões diversas, mas o embate final ficou entre “Palestina” e “Jerusalém”. Vencido em votação local por 84 votos a 36, “Palestina” tornou-se o nome oficial do povoado.

Conheça a história por trás do nome da Palestina de Goiás

Por que Isla Palestina? A proclamação do nome carrega, mais que um laço religioso, uma escolha coletiva. O reverendo Raimundo Pitman, ligado à presença presbiteriana na localidade, conduziu o processo da votação, assumindo papel de articulador entre fé, comunidade e decisões administrativas.

Até então, o povoado integrava o território de Caiapônia, do qual dependia administrativa e financeiramente. Em 1968, a Lei Estadual nº 7.188 elevou Palestina à condição de distrito.

Décadas depois, em 30 de dezembro de 1987, venceu a batalha política pela emancipação, sob a Lei Estadual nº 10.404, passando oficialmente a município, adicionou-se “de Goiás” para evitar confusões com outra Palestina no estado de São Paulo. A instalação administrativa do novo município ocorreu em 1º de janeiro de 1989.

Hoje, o município preserva traços dessa história: o nome escolhido por seus moradores, a herança presbiteriana — ainda relevante no panorama religioso local — e uma identidade construída no diálogo entre fé, comunidade e território. No Censo de 2022, a presença protestante foi majoritária em Palestina de Goiás (55,78 %) — frente a 34,91 % de católicos.

Mas Palestina de Goiás guarda vestígios mais antigos. Pesquisas arqueológicas realizadas desde 1973 pela Universidade Católica de Goiás (UCG), e retomadas por pesquisadores da PUC Goiás, identificaram sítios com pinturas rupestres e vestígios de ocupação humana há milhares de anos — parte do patrimônio profundo que antecede a fundação moderna.

Então, quando alguém pergunta “por que Palestina de Goiás?”, não se trata de mera referência bíblica: é a expressão viva de uma escolha local, nascida de uma votação, alimentada pela fé e consolidada pela luta política de uma comunidade disposta a ser dona de seu destino.

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Anna Júlia Steckelberg

Anna Júlia Steckelberg

Jornalista formada pela Universidade Federal de Goiás. Colabora com Portal 6 desde 2021.

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