Heineken inaugura 14ª fábrica no Brasil e projeta crescer em puro malte
Nova unidade tem capacidade para produzir 5 milhões de hectolitros ao ano de Amstel e Heineken
FERNANDA BRIGATTI
O grupo Heineken inaugura nesta quinta-feira (6) sua 14ª fábrica no Brasil, agora em Passos, no sul de Minas Gerais, às margens do rio Grande.
A nova unidade tem capacidade para produzir 5 milhões de hectolitros ao ano de Amstel e Heineken e dará condições, segundo Mauricio Giamellaro, CEO da Heineken Brasil, de a cervejaria crescer em “puro malte”, categoria que inclui, além de Heineken e Amstel, também a Eisenbahn.
Encerrará também outro problema, que era a falta de produto. “Estávamos sempre correndo atrás da demanda”, diz.
A fábrica de Passos levou dois anos e meio para ficar pronta e é a primeira construída 100% do zero pela companhia no Brasil. A escolha do lugar, diz Mauro Homem, vice-presidente de sustentabilidade e assuntos corporativos do grupo, foi influenciada pela necessidade de estar em Minas Gerais, onde a empresa ainda não tinha produção, e pela oferta e qualidade da água disponível na região.
A nova fábrica custou R$ 2,5 bilhões e aumentará em 10% a capacidade de produção no Brasil, que já estava perto do limite. A expectativa da companhia é que a unidade chegue ao máximo da capacidade ainda na alta temporada, que inclui o verão e o Carnaval.
A linha de produção foi colocada para rodar em agosto. Na semana que antecedeu a inauguração oficial da fábrica, saiu de lá a primeira amostra de Heineken produzida em Passos para aprovação em Amsterdã todo lote da cerveja precisa ter uma amostra enviada para a Holanda.
“A gente só consegue colocar nosso produto no mercado se atingir os padrões que garantem que a Heineken é a mesma no Brasil e na Holanda”, diz Giamellaro.
A nova cervejaria já tem 350 funcionários. Segundo Mauro, ela é 100% abastecida com energia renovável, usa caldeiras de biomassa para energia térmica e tem um sistema de reaproveitamento que reduz em até 30% a quantidade de água usada na fabricação da bebida.
A depender de como a demanda responder, a fábrica de Passos pode chegar ao dobro da capacidade de produção. E para ampliar essa participação no mercado brasileiro, Giamellaro quer colocar os assuntos “cerveja puro malte” e “contratos de exclusividade” à mesa.
Em setembro, ele havia criticado, em entrevista à Folha de S.Paulo, o nível de preço das cerveja à base de milho ingrediente de marcas de sua principal rival, a líder Ambev, dona de marcas como Skol, Brahma e Antarctica.
Às vésperas da inauguração da nova fábrica no Brasil, ele voltou ao assunto. “Não tem problema você vender um produto que não seja puro malte. Deixando claro, nós temos Kaiser, Bavaria, Schin, Sol, que não são puro malte e são cervejas boas. Meu concorrente tem cervejas boas, que não são puro malte. Corona, Budweiser, Brahma, Original não são puro malte. Você só não pode cobrar [como se fossem puro malte].”
O executivo critica os contratos de exclusividade fechados pela Ambev com bares e em grandes eventos, como Carnaval, modelo que a companhia levou ao Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).
O órgão de defesa da concorrência considerou que a Ambev abusava de sua posição dominante e limitou o uso desse tipo de cláusula. Na prática, as cervejas Ambev custam menos para estabelecimentos que não vendem bebidas da concorrência.
Para o presidente da Heineken no Brasil, a exclusividade deveria ser proibida uma vez que a Ambev concentra fatia considerável do mercado. Ele afirma, ainda, que o Cade não consegue fiscalizar, o que levaria, segundo ele, à violação dos limites definidos pelo conselho.
A Ambev diz cumprir integralmente o acordo com o Cade em 2023 e afirma que uma empresa independente, indicada pelo conselho, audita o cumprimento dos termos. A companhia também diz que mantém relações transparentes e de confiança com clientes e consumidores e que segue a legislação.
A venda em bares é relevante porque vem desses locais a maior margem de lucro. Nos supermercados, onde há maior liberdade de escolha, a Heineken tem 48,4% do mercado. Nos bares, esse percentual fica em 20%.
RAIO-X HEINEKEN BRASIL
Fundação: 2010
Sede: São Paulo (SP)
Número de funcionários: 13.000
Número de fábricas e CDs: 14 fábricas e 34 centros de distribuição
Principais marcas: Heineken, Amstel, Baden Baden, Eisenbahn, Bavaria, Schin, Sol, Devassa, Glacial, No Grau, Blue Moon, Lagunitas, Tiger. Não-alcoólicos: Clash’D, FYS, Itubaína, Mamba
Receita global: 35,95 bilhões de euros (R$ 224,2 bilhões) em 2024





