País mais poluído do mundo tem rio tóxico usado no dia a dia e ar tão sujo que equivale a fumar duas carteiras por dia
Em Bangladesh, comunidades ainda bebem, cozinham e se banham em águas contaminadas enquanto enfrentam níveis extremos de poluição do ar

Em Bangladesh, a realidade ambiental é mais dura do que muitos imaginam. O país acumula recordes negativos quando o assunto é qualidade do ar e a situação da água no cotidiano aproxima-se de um cenário de crise permanente.
Em áreas densamente povoadas, rios que deveriam suprir água limpa viraram depósitos de resíduos industriais, domésticos e têxteis.
Ao mesmo tempo, o ar está tão carregado que especialistas comparam respirar por um único dia à inhalar o equivalente a duas carteiras de cigarro.
Água cotidianamente contaminada
O Rio Buriganga, que atravessa a região de Dhaka, está entre os mais poluídos do país. Ele recebe diariamente milhares de metros cúbicos de resíduos industriais, esgoto não tratado e metais pesados.
Em estudos recentes, a concentração de oxigénio dissolvido no rio chegou a quase zero em certos trechos.
A água, apesar de imprópria, ainda é usada por populações próximas para lavagem, banho ou até abastecimento doméstico.
Ar tão sujo quanto fumante pesado
Bangladesh registrou em 2023 uma média anual de partículas finas (PM2,5) de cerca de 79,9 µg/m³, número mais de 15 vezes superior ao limite recomendado pela World Health Organization (OMS).
Especialistas afirmam que esse nível equivale a fumar várias carteiras de cigarro por dia, pois as partículas finas penetram nos pulmões e no sistema circulatório, com risco de doenças graves.
Por que o país chegou a tal ponto
Vários fatores se unem para causar essa situação crítica: alta densidade populacional, urbanização acelerada sem infraestrutura adequada, indústrias têxteis e de curtimento próximas a cursos de água, e falta de saneamento básico eficiente.
Além disso, a dependência de energias poluentes e o intenso tráfego veicular pioram a qualidade do ar. Já o uso do rio por comunidades vulneráveis torna a vulnerabilidade ainda maior.
Consequências para a saúde e economia
Mesmo assim, o lixo continua sendo apenas parte do problema. Só na região de Dhaka, mais de 350 toneladas de resíduos tóxicos são despejadas nos rios todos os dias, incluindo restos industriais e esgoto sem tratamento.
O ar também preocupa. Estudos mostram que a atmosfera da capital carrega partículas finas misturadas a metais pesados, como chumbo e cromo, liberados por fábricas e pela queima constante de lixo.
Essas partículas entram nos pulmões com facilidade e aumentam o risco de doenças graves.
O impacto na saúde pública é enorme: poluição do ar e água combinadas causam centenas de milhares de mortes prematuras anualmente e geram bilhões de dias de doença no país.
Para Bangladesh, esse problema representa cerca de 17,6% do PIB em perdas decorrentes dos danos ambientais e de saúde.
O que está sendo feito — e o que ainda falta
Há programas de realocação de indústrias, melhorias no tratamento de esgoto e monitoramento da qualidade do ar.
Ainda assim, especialistas afirmam que os esforços não acompanham a velocidade dos danos.
Contudo, para as comunidades que dependem do rio Buriganga e outros afluentes, a luta por água segura e ar limpo continua.
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