Mãe de Leandro Lo lamenta absolvição de PM: ‘Enterrando ele pela 2ª vez’

Ela afirma que os advogados apresentaram "slides falsos" e "uma história inventada" para reforçar a tese de legítima defesa

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Lutador foi baleado na cabeça. (Foto: Reprodução/Instagram)
Lutador foi baleado na cabeça. (Foto: Reprodução/Instagram)

A mãe do campeão mundial de jiu-jitsu Leandro Lo, Fátima Lo, publicou um vídeo em que diz ter vivido “três dias de sofrimento” durante o júri popular que absolveu o policial militar Henrique Velozo, acusado de matar o atleta. Ela afirma que o desfecho a fez sentir como se tivesse “enterrado o Leandro pela segunda vez”.

Ela diz que a família foi humilhada no tribunal. Segundo Fátima, a defesa do réu teria provocado e constrangido os parentes do lutador, enquanto eles estavam impedidos de se manifestar. A mãe disse que a família foi “humilhada” e “massacrada” no tribunal.

Fátima também contesta o material exibido pela defesa. No vídeo, ela afirma que os advogados apresentaram “slides falsos” e “uma história inventada” para reforçar a tese de legítima defesa. A mãe critica especialmente a reconstrução do suposto confronto, dizendo que as técnicas atribuídas a Lo -como mata-leão, baiana e ezequiel- não condiziam com o laudo médico do policial.

Ela acusa a defesa de encenar um “teatro”. Fátima classificou a postura dos advogados como um “circo” e afirmou que eles atuaram como “100% atores”, o que, segundo ela, acabou convencendo os jurados.

A mãe agradece o apoio e diz que a família vai recorrer. Ao final, Fátima agradece à comunidade do jiu-jitsu e aos advogados que acompanham o caso desde o início. Ela afirma que todos têm sofrido com o resultado do julgamento e que a família pretende buscar a reversão da decisão.

PM foi absolvido

Julgamento durou três dias e maioria do júri, composto por cinco mulheres e dois homens, decidiu pela absolvição do PM. O tribunal teve início na última quarta-feira (12) e a sentença, a qual o UOL teve acesso, foi proferida às 20h30 de sexta-feira (14) no Fórum Criminal Ministro Mário Guimarães, na Barra Funda, na região central de São Paulo.

Júri acolheu tese de advogado do ex-PM, que alegou legítima defesa de Velozo. Em nota, o advogado Cláudio Dalledone afirmou que as provas trazidas ao processo “demonstraram que o policial se defendeu do lutador”. “Desde o início, a defesa demonstrou, por meio de provas e análises técnicas, que Henrique Velozo agiu em legítima defesa, depois de ser agredido e desmaiado por Leandro Lo”, divulgou.

Durante julgamento, defesa também apontou “contradições” nos relatos de testemunhas. “Nada encaixava com a dinâmica real dos fatos”, disse Dalledone. “Testemunha após testemunha, mostramos que o próprio conjunto probatório demonstrava a versão inicial”, acrescentou.

E concluiu: “Leandro Lo foi um grande campeão e isso precisa ser reconhecido. Mas também é necessário reconhecer que, infelizmente, ele foi o responsável por essa tragédia”.

“A expectativa é de justiça”, disse mãe de Lo no primeiro dia de julgamento. Em entrevista ao Jornal Hoje, da TV Globo, no último dia 12, Fátima Lo afirmou, emocionada: “Ele atirou na cabeça do meu filho, ele deu dois chutes na cabeça do meu filho, já caído no chão, ele não prestou socorro, não chamou a polícia”.

Velozo é acusado de ter matado Leandro Lo com um tiro na cabeça. O campeão mundial de jiu-jitsu foi morto no Clube Sírio, uma casa noturna localizada no bairro de Indianópolis, na zona sul de São Paulo, em agosto de 2022, após uma briga durante o show da banda Pixote.

Relembre o caso

PM, que já conhecia o lutador, se entregou um dia após o episódio. Segundo a mãe de Lo, Fátima, Velozo foi à casa noturna com a intenção de matar o campeão mundial. Os autos do inquérito da 16ª Delegacia de Polícia, na Vila Clementino, informam que uma das testemunhas revelou que o policial havia provocado Leandro antes de pegar uma garrafa de uísque e ser imobilizado pelo campeão mundial. Em seguida, o PM teria retornado e disparado.

Tenente da PM saiu de boate e foi a prostíbulo. Após disparar contra Leandro Lo, Velozo foi à boate Bahamas, tradicional prostíbulo em São Paulo. Imagens de câmeras de segurança mostram o policial entrando na boate às 3h04 e saindo duas horas depois, acompanhado de uma mulher não identificada. Na ocasião, ele pagou por uma garrafa de um litro de uísque e duas doses de gim com energético. A Polícia Civil informou que, depois de visitar o local, o tenente foi a um motel.

Velozo tinha histórico de violência. Ele já havia sido condenado por agredir um soldado em uma briga de bar enquanto estava de folga.

Ele foi demitido da PM em setembro. Sua demissão, assinada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi divulgada por meio de decreto publicado no Diário Oficial de São Paulo. No documento, a demissão é justificada pela prática de “ato ou atos que revelem incompatibilidade com a função policial militar”.

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