Floresta escondida que mantém Veneza de pé há séculos vira mistério para pesquisadores
Acredite: uma floresta submersa a sustenta há séculos e ainda guarda segredos para os cientistas

Veneza, quando você sopra vela por seus canais ou caminha por suas pontes delicadas, pode nem imaginar que está andando sobre uma floresta.
Não é uma floresta qualquer — é uma “floresta de cabeça para baixo”, formada por milhões de estacas de madeira cravadas de ponta para baixo no lamaçal da lagoa.
Essa floresta secreta sustenta a Veneza turística e lendária desde os seus primórdios, mas agora desperta a curiosidade dos pesquisadores, que tentam entender como ela resiste ao tempo.
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A arquitetura-floresta que sustenta milênios
Desde o século V, quando os primeiros venezianos se estabeleceram sobre ilhotas lamacentas para fugir de invasões, a solução para a instável base da cidade foi engenhosa: estacas de madeira.
Segundo a Britannica, essas estacas são de espécies como amieiro, carvalho e lariço, e foram cravadas profundamente no solo macio para formar uma fundação firme.
Apesar de estar submersa, essa madeira não apodreceu. Isso ocorre porque o solo de lama na lagoa veneziana é pobre em oxigênio, o que impede a decomposição por fungos e bactérias. Além disso, a água salgada rica em minerais acaba endurecendo a madeira, quase como se ela virasse pedra com o tempo.
Pesquisas recentes mostram que as estacas, algumas com comprimento entre 1 e 3,5 metros, permanecem em boas condições mesmo após mais de 1.600 anos.
Estima-se que haja algo entre 8 e 15 milhões dessas estacas sustentando a cidade.
Mistérios e desafios para conservar esse legado vivo
Apesar da durabilidade impressionante, a “floresta invertida” de Veneza enfrenta riscos e enigmas. Um estudo conjunto de universidades italianas revelou que, embora a decomposição bacteriana aconteça mesmo em águas sem oxigênio, é muito mais lenta do que em ambientes normais — e a lama e a água ajudam a manter a estrutura da madeira.
Outro ponto fascinante é a origem dessas árvores: para sustentar a cidade, Veneza precisou de grandes quantidades de madeira.
Fontes históricas revelam que a república veneziana chegou a regular a exploração florestal para garantir suprimento contínuo.
Os pesquisadores estudam também a integridade dessas estacas em locais mais pressionados, como sob torres de campanários, onde a carga é maior.
E a grande pergunta permanece: por quanto tempo esse sistema — tão dependente da interação entre madeira, lama e água — poderá continuar funcionando se o ambiente mudar?
Essa “floresta submersa” é muito mais do que uma curiosidade histórica: é um testemunho vivo da engenhosidade humana. Entender como ela resiste ao tempo pode trazer não só respostas para preservar Veneza, mas lições para repensar como construímos sobre a água.
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