Floresta escondida que mantém Veneza de pé há séculos vira mistério para pesquisadores

Acredite: uma floresta submersa a sustenta há séculos e ainda guarda segredos para os cientistas

Gabriel Yuri Souto Gabriel Yuri Souto -
Floresta escondida que mantém cidade turística de pé há séculos vira mistério para pesquisadores
(Foto: Reprodução/Redes sociais)

Veneza, quando você sopra vela por seus canais ou caminha por suas pontes delicadas, pode nem imaginar que está andando sobre uma floresta.

Não é uma floresta qualquer — é uma “floresta de cabeça para baixo”, formada por milhões de estacas de madeira cravadas de ponta para baixo no lamaçal da lagoa.

Essa floresta secreta sustenta a Veneza turística e lendária desde os seus primórdios, mas agora desperta a curiosidade dos pesquisadores, que tentam entender como ela resiste ao tempo.

A arquitetura-floresta que sustenta milênios

Desde o século V, quando os primeiros venezianos se estabeleceram sobre ilhotas lamacentas para fugir de invasões, a solução para a instável base da cidade foi engenhosa: estacas de madeira.

Segundo a Britannica, essas estacas são de espécies como amieiro, carvalho e lariço, e foram cravadas profundamente no solo macio para formar uma fundação firme.

Apesar de estar submersa, essa madeira não apodreceu. Isso ocorre porque o solo de lama na lagoa veneziana é pobre em oxigênio, o que impede a decomposição por fungos e bactérias. Além disso, a água salgada rica em minerais acaba endurecendo a madeira, quase como se ela virasse pedra com o tempo.

Pesquisas recentes mostram que as estacas, algumas com comprimento entre 1 e 3,5 metros, permanecem em boas condições mesmo após mais de 1.600 anos.

Estima-se que haja algo entre 8 e 15 milhões dessas estacas sustentando a cidade.

Mistérios e desafios para conservar esse legado vivo

Apesar da durabilidade impressionante, a “floresta invertida” de Veneza enfrenta riscos e enigmas. Um estudo conjunto de universidades italianas revelou que, embora a decomposição bacteriana aconteça mesmo em águas sem oxigênio, é muito mais lenta do que em ambientes normais — e a lama e a água ajudam a manter a estrutura da madeira.

Outro ponto fascinante é a origem dessas árvores: para sustentar a cidade, Veneza precisou de grandes quantidades de madeira.

Fontes históricas revelam que a república veneziana chegou a regular a exploração florestal para garantir suprimento contínuo.

Os pesquisadores estudam também a integridade dessas estacas em locais mais pressionados, como sob torres de campanários, onde a carga é maior.

E a grande pergunta permanece: por quanto tempo esse sistema — tão dependente da interação entre madeira, lama e água — poderá continuar funcionando se o ambiente mudar?

Essa “floresta submersa” é muito mais do que uma curiosidade histórica: é um testemunho vivo da engenhosidade humana. Entender como ela resiste ao tempo pode trazer não só respostas para preservar Veneza, mas lições para repensar como construímos sobre a água.

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Gabriel Yuri Souto

Gabriel Yuri Souto

Redator e gestor de tráfego. Especialista em SEO.

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