PMs suspeitos de execução durante ação policial em São Paulo são presos

Dois homens mortos, de 19 e 23 anos, eram suspeitos de participar de um roubo e fugir em um Chevrolet Onix

Folhapress Folhapress -
PMs suspeitos de execução durante ação policial em São Paulo são presos
(Foto: Reprodução)

Alexandre de Aquino, de SP – O Comando da Polícia Militar de São Paulo prendeu preventivamente, na noite de domingo (13), dois policiais militares suspeitos de envolvimento na morte de dois jovens durante uma ação em Santo Amaro, zona sul da capital paulista. A dupla é acusada de executar as vítimas durante suspeita de assalto.

A reportagem não havia conseguido contato com a defesa dos dois policiais militares até a publicação desta reportagem.

A corporação havia solicitado a prisão para a Justiça Militar, que determinou a detenção no início da noite de domingo. Os agentes foram encaminhados ao Presídio Militar Romão Gomes, segundo a polícia. As investigações prosseguem sendo feitas pela Corregedoria da PM e pelo DHPP (Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa).

“Na apuração do envolvimento dos investigados, há prova do fato delituoso, apuradas por meio das imagens da ocorrência e dos depoimentos das testemunhas”, diz um trecho do Inquérito Policial Militar assinado pelo juiz Ronaldo João Roth.

O documento ainda aponta que outro motivo pelo pedido favorável à prisão é porque a liberdade dos envolvidos “poderá causar grande dano à investigação, uma vez há suspeita da prática do delito de fraude processual, em razão da divergência da arma informada pela vítima de roubo daquela encontrada com os roubadores alvejados”.

Os dois homens mortos, de 19 e 23 anos, eram suspeitos de participar de um roubo e fugir em um Chevrolet Onix. Na fuga, eles cruzaram um semáforo vermelho, bateram em um Honda Fit e depois em um poste de sinalização no cruzamento da rua Rubens Gomes Bueno com a rua Castro Verde. Uma mulher ficou ferida.

Um vídeo que circula nas redes sociais e anexado ao inquérito policial foi analisado pelo juiz. Ele não mostra os suspeitos reagindo à abordagem policial nem os PMs em posição de proteção diante de qualquer tiro ou agressão. A perícia encontrou 27 perfurações de tiros no corpo de um dos jovens e 23 no outro. As imagens foram anexadas ao inquérito policial.

Na delegacia, os policiais disseram que um dos suspeitos desembarcou do carro com uma arma na cintura e não obedeceu a ordem de largá-la. Os PMs, ainda segundo a polícia, afirmaram que, diante da “iminente agressão”, atiraram contra os dois e o jovem armado caiu baleado no banco do motorista. Um dos policiais disse ainda que abriu a porta traseira do veículo e viu o outro suspeito com um revólver na mão. Segundo ele, o jovem efetuou um disparo, mas a arma falhou. Ele disse que, “diante da injusta agressão”, revidou e o baleou.

“A Polícia Militar não compactua com desvios de comportamento e se mantém diligente em relação às denúncias ou indícios de transgressões ou crimes cometidos por seus agentes”, disse a corporação, em nota no domingo.

O ouvidor da Polícia, Elizeu Soares, afirmou, também no domingo, que tudo precisa ser apurado com rigor, com o devido direito de defesa, sem prejulgamentos. No entanto, ele afirma que as imagens divulgadas apontam para “uma possível execução”.

“Estou cobrando continuamente o governo do estado para que acelere o processo de instalação de câmeras nos uniformes dos policiais [parte da corporação já usa]. Essa medida vai proteger a população e também os bons policiais”.

Soares falou que pediu à Corregedoria da Polícia Militar que investigue o caso e que o faça com agilidade e rigor. “Respeito aos direitos humanos também é uma responsabilidade da polícia, e nada justifica execuções. É preciso acabar com a violência em todas as suas formas”

 

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