Já morei em invasão e sei da importância de um lote, mas cuidado com os oportunistas
Anunciaram a doação de 2.800 lotes, mas isso corresponde aproximadamente a 10% dos interessados inscritos. Ou seja, 90% dos que se inscreveram ficarão frustrados e não ganharão nada

E hoje finaliza o período de inscrição no programa Meu lote, Minha História. De iniciativa do Executivo, foi aprovado pelos vereadores, inclusive com meu voto.
Enquanto na Casa Legislativa, apresentei emendas ao projeto com a finalidade de melhoras. Uma delas foi estabelecer uma das modalidades de licitação para os compradores de áreas públicas. Áreas que serão vendidas e parte do dinheiro transferido para os beneficiados desse programa para construção de suas casas. Não foi acatada a emenda, mas felizmente o Ministério Público agiu e o Executivo colocou na lei uma modalidade licitação, dificultando a ação dos gatunos oportunistas.
Outra emenda que apresentei, e não foi aprovada, foi a conta bancária onde seria depositada todo dinheiro da venda dessas áreas. Aprovamos na ocasião o projeto, destinando o dinheiro a uma conta que sequer existia ainda. Infelizmente, o MP agiu e especificaram em lei outra conta.
Fizemos outras considerações sempre com intuito de melhorar e trazer segurança jurídica a quem doa e recebe esses lotes. Eu votei a favor mesmo assim, porque julguei que os benefícios serão maiores que a parte ruim do projeto. Além disso, cresci morando em uma invasão. E o meu sonho, e também dos meus pais, era termos uma casa escriturada e regularizada.
Anunciaram a doação de 2.800 lotes, mas isso corresponde aproximadamente a 10% dos interessados inscritos. Ou seja, 90% dos que se inscreveram ficarão frustrados e não ganharão nada.
Esse total de interessados (mais de 20 mil pessoas) formam um bom cadastro e resultado sairá apenas após as eleições que se aproximam, de acordo com o cronograma.
Por falar nisso, já há uma série de mensagens de candidatos pedindo votos de forma robotizada a quem preencheu o formulário, a procura do seu lote.
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Devemos avançar na construção de políticas públicas resolutivas. Que Deus perdoe aqueles que por votos, são capazes de tudo. Inclusive, de usar a fome a falta de moradia de outros seres humanos.
Anápolis precisa dos anapolinos. É isso!
José Fernandes é médico (ortopedista e legista) e bacharel em direito. Atualmente vereador em Anápolis pelo MDB. Escreve todas às sextas-feiras. Siga-o no Instagram.