Em carta aberta, mais de 40 entidades goianas criticam política de juros do Banco Central
Manifestação ocorreu no mesmo dia em que o Copom irá apresentar taxa de juros e acenar próximos passos
Enquanto o consumidor sofre de forma quase resignada com a elevada taxa de juros Selic, de 13,75%, adotada desde agosto de 2022, o mercado vem demonstrando insatisfação e ‘pressionando’ o Banco Central (BC) a arrefecer o que é considerado atualmente um dos maiores algozes para o crescimento do país.
Assim, no mesmo dia em que o Comitê de Política Monetária (Copom) irá apresentar a taxa de juros vigente no país no próximo mês e aceno para o futuro – a Federação das Indústrias do Estado de Goiás (Fieg) mobilizou os sindicatos patronais e de trabalhadores do estado. Ao todo, , 46 representantes estiveram reunidos na Casa da Indústria nesta quarta-feira (21)
Os termos recessão, endividamento, desemprego, falta de crédito e investimentos, queda da inflação e ‘mercado travado’ foram usados como norte para as declarações do encontro que durou cerca de 2h.
Em carta aberta, empregados e trabalhadores afirmam que a atual taxa se apresenta inadequada tanto para o crescimento do mercado quanto para a própria manutenção da inflação. Na análise dos representantes, que comunga com a de diversos analistas de mercado, é que os juros precisam acompanhar a queda da inflação – uma das principais variáveis observadas pelo BC.
Outro ponto é que a economia não é uma ciência exata. Outros componentes deveriam ser associados a essa análise: pouco apetite do mercado em investir, população endividada, a enxurrada de dólares entrando no mercado interno, entre outras.
“Nós entendemos que a elevação dos juros no momento da Covid-19, em que o mercado internacional ficou estressado, era necessária. Mas se teve coragem para subir lá atrás, agora tem que ter coragem para cair também”, avalia o presidente da Fieg, Sandro Mabel.
Ele entende que os juros já deveriam estar em queda há cerca de três meses – quando a trajetória do núcleo da inflação já apresentava recuo.
Para os patronais, quem tem dinheiro está aplicando no mercado financeiro. Por outro lado, a taxa de juros inibe qualquer tomada de empréstimo para investimento em negócios. “Essa é forma mais severa de concentração de renda”, apontou um sindicalista.
No encalço, o receio de uma recessão. “As montadoras estão novamente começando a repensar em férias coletivas. Não está vendendo” diz o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Catalão, Carlos Albino.