Câncer de ovário: especialistas goianos explicam principais sintomas da doença silenciosa
Oncologistas apontam que, embora seja menos comum que câncer de mama, a doença é dificilmente curada
Cerca de 4 mil mulheres brasileiras morrem anualmente devido ao câncer de ovário, conforme dados do Ministério da Saúde. Em 2024, a expectativa é de 7 mil novos casos da doença que, apesar de não ser das mais comuns entre as mulheres, é altamente letal.
Ao Portal 6, o oncologista do Órion Complex, Augusto Ribeiro, apontou que “não é uma doença comum. É um câncer que vem depois do de mama, colo de útero e intestino”. Contudo, se torna perigoso pela natureza silenciosa.
“Esse é o grande problema. Geralmente, não tem sintoma nas fases iniciais”. Conforme o também oncologista atuante no Instituto IHG, Gabriel Felipe Santiago, 70% dos casos só são registrados em estágio avançado, quando não há mais chance de cura.
Sintomas para se atentar
Com sinais inespecíficos e dificuldade de rastreamento, pacientes devem se atentar aos sintomas do câncer de ovário. Entre eles, destacam-se desconforto abdominal, inchaço, sensação de plenitude gástrica, náusea, aumento na frequência urinária, perda de apetite e até mesmo sangramento vaginal.
Nas fases mais avançadas, os sintomas tornam-se mais evidentes e incluem dor abdominal, obstrução intestinal, líquido no tórax, nódulos no pescoço e até alterações respiratórias, como tosse e falta de ar.
“O câncer de ovário pode se espalhar de duas maneiras: pelo peritônio – que é a membrana que cobre os órgãos do abdômen – ou pelo sangue, onde as células tumorais circulam e se implantam em locais distantes, como pulmões e linfonodos”, aponta o Augusto Ribeiro.
Os estágios mais avançados são caracterizados, principalmente, pelo momento em que o câncer se espalha pelo peritônio. Com um dos sintomas sendo o inchaço abdominal, este é o momento que as mulheres tendem a buscar atendimento especializado.
Para diagnosticar o câncer, é preciso notar uma alteração no ovário por meio de ultrassom e exame de sangue. A partir disso, a paciente é submetida a exames de imagens como ressonância e, uma vez a suspeita intensificada, ainda é necessária uma biópsia para confirmação.
Letalidade
As chances de cura estão intimamente ligadas ao momento do diagnóstico. “Se for inicial, a chance de cura é muito boa, cerca de 50%. No entanto, quando o câncer está em estágio avançado, com presença de líquido no abdômen ou obstrução intestinal, não há mais cura, apenas controle da doença”, explica o Augusto.
O câncer de ovário é mais comum em mulheres após a menopausa, especialmente entre 58 e 68 anos, e tem uma forte ligação com a história familiar. “O único fator de risco bem estabelecido é a história familiar, com parentes de primeiro grau com câncer de mama ou ovário, ou mutações genéticas como BRCA ou TP53”, afirma.
Pacientes obesas, aquelas que fazem terapia de reposição hormonal por longos períodos, que tiveram menstruação precoce ou menopausa tardia, também apresentam maior risco, conforme Gabriel.
Quanto ao cenário em Goiás, a reportagem buscou dados sobre a doença com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), mas não obteve resposta.