Entre Goiânia e Anápolis: a gente quer mesmo ficar na estrada?

Decisão de como ir e vir das cidades, assim como o processo em si, rende muitas experiências

Narelly Batista Narelly Batista -
Entre Goiânia e Anápolis: a gente quer mesmo ficar na estrada?
Terminal rodoviário de Anápolis. (Foto: Narelly Batista)

Já faz uns seis anos que vivo entre Goiânia e Anápolis. Já dividi o horário comercial entre as duas cidades, já morei em uma e fui diariamente trabalhar na outra, sem contar com o período em que morei em Anápolis, estudei em Goiânia e trabalhei em Anápolis. A estrada sempre foi uma certeza e é claro que, como uma considerável parcela da minha geração, eu não dirijo. Portanto, ir e voltar é sempre uma grande aventura. Desde a decisão de como ir (ônibus ou carona), até as histórias vividas no veículo escolhido.

Tudo começa com o ponto de encontro. Se é na rodoviária, o medo daquele mausoléu frio de passantes e o cenário que até tem potencial com o Rio das Antas embaixo, mas que é fétido e traz uma coisa de cidade esquecida que eu adoraria ver diferente. Se é uma carona, a louca aventura de escolher um lugar no caminho de todos os passageiros.

Depois que a gente parte, fica mais fácil, mas não muito. A última vez que fui (de ônibus), ouvi atentamente uma discussão de dois senhores sobre a liga anapolina de truco, uma senhora no viva voz contando do show que foi em Campo Limpo, uma menininha gritando loucamente porque viu um carro anunciando a presença do circo na cidade.

Também já tive experiências sublimes, como a vez que (de carona), dividi o carro com duas moças que trabalham em boates na região do Polo Centro e o motorista, estudante de medicina veterinária, com o maior tino jornalístico que já vi. Ele ouvia as histórias, avaliava cenários, perguntava sobre o desfecho, buscava provas.

Eu nunca achei ruim ir e vir, mas sempre achei meio cansativo a coisa da estrada. Ao mesmo passo em que sempre me perguntei o que faria eu se Goiânia fosse mais distante. Tem a coisa das oportunidades profissionais, mas tem também a coisa das experiências que a gente vai percebendo que não tem. Eu me lembro do tempo em que ir à rodoviária, era ir na feira, comer um negócio diferente e ver gente. Não é mais. É só passagem!

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