OS na saúde pública é caminho sem volta, afirma Marcelo Daher

Para o médico, isso não quer dizer que o município tenha de abandonar a gestão da saúde e não fiscalizar o serviço das entidades

Um dos infectologistas mais respeitados de Goiás, Marcelo Daher disse em entrevista ao programa “Agora”, transmitido pela 105.7 FM em parceria com o Portal 6, que a introdução de Organizações Sociais (OS’s) na rede pública de saúde é um caminho sem volta.

Ao tratar do caso em específico, ele ressaltou o quanto a falta de transparência nos dados gera uma sensação de ineficiência na população, que por vezes não conseguia, sequer, acompanhar a própria posição nas filas de cirurgia. Assim, ao invés de uma disputa entre serviço público e serviço realizado por uma OS, a percepção deveria ser da falta de controle, por parte do poder público, na execução dos contratos.

Em Anápolis, esse modelo foi instituído na gestão Roberto Naves (Republicanos) e gerou inúmeras controvérsias, sendo a principal a fraude de mais de R$ 40 milhões detectada no Hospital Alfredo Abrahão pela Associação Beneficente João Paulo II.

“O que a gente precisa é ter OS’s sérias. Eu acho que o concurso público é lento, ele é demorado. Perderemos ao menos um ano para fazer concurso público”, disse.

Ineficiência

Marcelo Daher concordou quando mencionado que o prefeito Roberto Naves centralizou o comando da saúde, na figura dele, e colocou secretários despreparados na pasta.

“O gestor [Roberto Naves] anterior falava que o hospital Alfredo Abrahão, gerido pela João Paulo II, era máquina de fazer cirurgias e a gente não via as cirurgias acontecendo, o primeiro ponto de percepção é esse”, complementou.

O médico ainda relembrou um momento que a Secretária de Saúde chegou a ser repreendida, pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCMGO), quando sequer sabia o número de leitos que havia no hospital municipal.