Grupo Flow: do auge à queda, a jornada de Igor Coelho após a maior crise do podcast — ‘perdemos todos os contratos, nosso faturamento caiu 97%’
CEO relembra a ascensão meteórica, a turbulência de 2022 e como conseguiu recolocar a empresa nos trilhos

O empreendedorismo digital brasileiro tem produzido histórias marcantes nos últimos anos, mas poucas são tão emblemáticas quanto a de Igor Coelho, fundador e atual CEO do Grupo Flow.
Nascido e criado no bairro do Rocha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, ele passou mais de três décadas cercado por diferentes realidades, o que moldou sua habilidade de conversar com todo tipo de pessoa.
Antes de se tornar referência na internet, pensou em seguir carreira militar, estudou Letras na UFF e deu aulas de inglês por sete anos, até descobrir na criação de conteúdo online um caminho inesperado.
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Do canal de games ao podcast
A primeira aposta foi o canal de games “Três Coelhos”, criado em 2014. Dois anos depois, a renda da internet já igualava a de professor e em 2016 Igor decidiu mudar-se para Curitiba.
A escolha era estratégica: segurança para a família, custo de vida mais baixo e espaço para mergulhar de vez no universo digital. Foi nessa fase que surgiria a ideia que mudaria sua trajetória.
Em 2018 nasceu o Flow Podcast, inspirado no formato consagrado de Joe Rogan nos Estados Unidos. A proposta era simples: conversas longas e autênticas com convidados de diferentes áreas.
O início foi difícil, com custos que giravam entre R$ 15 mil e R$ 20 mil mensais, sem retorno imediato. Em 2019 o Flow transferiu-se para São Paulo em busca de mais convidados e só em 2020 Igor recebeu o primeiro salário pelo projeto.
O impacto da crise de 2022
A partir dali o crescimento foi acelerado. Novos programas, investimentos em estúdios e a criação de canais voltados para públicos específicos transformaram o Flow em um dos maiores hubs de mídia digital do país.
Mas em fevereiro de 2022 veio a tempestade. Durante uma transmissão ao vivo, seu então sócio Bruno Aiub, o Monark, fez declarações polêmicas sobre nazismo.
O impacto foi devastador. Igor relembra que “a gente perdeu todos os contratos de patrocínio e publicidade. Todo mundo, o nosso meio de pagamento cortou o contrato com a gente.
Foi 100% geral mesmo. Tudo isso aí em poucas horas. O YouTube desmonetizou sete canais. Até hoje eu não entendi isso. O nosso faturamento caiu em sei lá 97, 98%.”
Durante três meses o grupo praticamente não faturou. “Eu recebo o e-mail do YouTube falando que ia desmonetizar tudo, sete canais.
A gente ficou três meses nessa situação, ficou três meses sem nenhum parceiro, sem meio de pagamento”, contou.
A decisão de seguir adiante exigiu coragem: “Ou eu desligava tudo, voltava a ser só o Flow e tudo que a gente estava fazendo ia pro espaço, ou então eu teria que assumir aqui um monte de risco financeiro.”
A força da equipe
Mesmo diante da incerteza, a equipe permaneceu firme. “A gente falou pra galera lá que todos poderiam sair quando quisessem. Ninguém saiu. Todo mundo ficou.
A gente também fez um esforço gigantesco para não demitir ninguém que fizesse parte da operação.”
A virada começou no fim daquele mesmo ano, com a realização de entrevistas com os principais candidatos à presidência. Foi o primeiro passo para recuperar a credibilidade e, aos poucos, reerguer a estrutura.
Reconstrução e futuro
A crise também acelerou a profissionalização. Igor comprou a parte de Monark, trouxe executivos de peso como André Geiger e Sara, ex-CMO da Mastercard, e implementou padrões de qualidade que antes não existiam.
Recentemente voltou ao posto de CEO, destacando a importância de manter a agilidade e a autenticidade como marcas do Flow.
Hoje o grupo emprega cerca de 90 pessoas e soma mais de 100 milhões de visualizações mensais em todos os canais.
Só o canal principal tem 5,9 milhões de inscritos e mais da metade da audiência é de não inscritos, prova da força do alcance. O grande desafio agora, segundo Igor, é monetizar essa audiência sem perder a essência.
“Se você for começar a se comunicar pela internet em 2025 ou 2026, cuidado: viralizar é fácil, mas se manter é difícil. O mais complicado é a consistência”, aconselha o fundador.
Entre altos e baixos, o Grupo Flow se consolidou como um dos maiores símbolos da comunicação digital no Brasil.
Veja a entrevista:
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