Após saírem de Israel, deportados da flotilha fazem vaquinha para custear volta ao Brasil

Eles estavam presos em Israel desde a semana passada e foram deportados nesta terça para a Jordânia

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Global Sumud Flotilla. (Foto: Reprodução/Instagram)
Global Sumud Flotilla. (Foto: Reprodução/Instagram)

Os 13 brasileiros que participaram da flotilha Global Sumud lançaram nesta terça-feira (7) uma campanha de arrecadação de recursos para custear o retorno do grupo ao país. Eles estavam presos em Israel desde a semana passada e foram deportados nesta terça para a Jordânia.

Os ativistas foram transferidos por via terrestre da prisão de Ktzi’ot, no deserto do Neguev, até a fronteira com o país vizinho, onde recebem assistência de autoridades consulares brasileiras. “A embaixada organizou atendimento médico para avaliar o estado de saúde de cada um”, afirma o comunicado da flotilha.

A organização diz que “o governo brasileiro ainda não se propôs a pagar a passagem dos participantes” e, por isso, estariam lançando uma campanha de arrecadação.

O Itamaraty divulgou uma nota mais cedo nesta terça afirmando que diplomatas das embaixadas em Tel Aviv e em Amã receberam os ativistas, que foram “transportados para a capital jordaniana em veículo providenciado pela embaixada brasileira”.

O grupo foi capturado em águas internacionais, segundo comunicado divulgado pelos organizadores, durante uma missão que tentava furar o bloqueio imposto por Tel Aviv e entregar ajuda humanitária à população da Faixa de Gaza.

Entre os integrantes do grupo estão o ativista Thiago Ávila, detido por Israel na empreitada anterior da organização, a deputada federal Luizianne Lins (PT-CE), a vereadora Mariana Conti (PSOL), de Campinas, e a presidente do partido no Rio Grande do Sul, Gabrielle Tolotti. Também há outros militantes pró-Palestina e sindicalistas, incluindo Magno de Carvalho Costa, histórico dirigente do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP).

Antes da deportação desta terça, o único integrante do grupo brasileiro que já havia deixado Israel era Nicolás Calabrese. Apesar de viver no Brasil há mais de dez anos, ele nasceu na Argentina e tem cidadania italiana. Ao desembarcar na noite desta segunda (6) no aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro, ele reclamou de maus-tratos e disse que as forças israelenses agiram como terroristas.

Os cerca de 45 barcos da flotilha partiram de Barcelona, na Espanha, no dia 31 de agosto, levando aproximadamente 400 ativistas de mais de 45 países, e começaram a ser interceptados na última quarta-feira (1º). Ativistas de outras nacionalidades que já saíram de Israel e tiveram seus processos de deportação concluídos também afirmaram terem sofrido maus-tratos dentro da prisão, o que Tel Aviv nega.

Segundo nota divulgada pela Global Sumud na noite de segunda, a decisão sobre a deportação foi comunicada após representantes da embaixada do Brasil em Tel Aviv visitarem os detidos na prisão.

Além dos brasileiros, ativistas de outros países, como Argentina, Colômbia, África do Sul e Nova Zelândia, também deveriam ser libertados nesta terça.

A libertação ocorreu no mesmo dia em que a guerra em Gaza completa dois anos. O conflito já deixou dezenas de milhares de mortos e gerou uma crise humanitária sem precedentes. Em nota, os organizadores da missão afirmaram que a ação marítima tinha como objetivo denunciar o bloqueio imposto por Israel à Faixa de Gaza desde 2007 —e que, segundo eles, transformou-se desde março deste ano em um cerco total, impedindo a entrada de alimentos e medicamentos.

Para o grupo, a libertação dos brasileiros tem valor simbólico. “A liberdade dos nossos integrantes no dia 7 de outubro carrega um símbolo de resistência, mas também nos lembra que não há liberdade verdadeira enquanto o cerco persistir”, diz a nota. “É urgente que a comunidade internacional atue de forma concreta para pôr fim à ocupação e garantir a liberdade do povo palestino.”

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