Conheça a cidade espelhada que está sendo erguida para funcionar sem carros e ruas e abrigar até 9 milhões de pessoas

Megaprojeto no deserto da Arábia Saudita quer reinventar o conceito de vida urbana com tecnologia, sustentabilidade e design futurista

Pedro Ribeiro Pedro Ribeiro -
Conheça a cidade espelhada que está sendo erguida para funcionar sem carros e ruas e abrigar até 9 milhões de pessoas
(Imagem: Ilustração)

No coração do deserto da Arábia Saudita, uma construção monumental promete mudar a história do urbanismo mundial.

Batizada de The Line, a cidade espelhada de 170 quilômetros de extensão, 500 metros de altura e 200 de largura está sendo erguida para funcionar sem carros, ruas ou poluição, abrigando até 9 milhões de pessoas em um corredor urbano vertical e totalmente sustentável.

A iniciativa faz parte do projeto NEOM, centro da estratégia “Visão 2030” do príncipe herdeiro Mohammed bin Salman (MBS).

O plano é transformar o país em um símbolo global de inovação, energia limpa e tecnologia de ponta, reduzindo a dependência do petróleo e atraindo investidores de todo o mundo.

Uma cidade vertical e conectada

Diferente de qualquer outra já planejada, The Line será uma cidade linear composta por bairros empilhados em camadas verticais.

Dentro dela, haverá residências, escolas, hospitais, áreas verdes, comércios e espaços de lazer, tudo interligado por uma rede subterrânea de transporte elétrico de alta velocidade capaz de cruzar toda a extensão em apenas 20 minutos.

Sem carros e sem ruas, o projeto aposta em mobilidade limpa e automatizada, com elevadores inteligentes e trens que substituirão os veículos tradicionais.

A ideia é que ninguém precise caminhar mais de cinco minutos para acessar qualquer serviço essencial.

Espelhos, luz e deserto

A fachada espelhada de The Line será um de seus maiores marcos visuais. Revestida por painéis reflexivos, ela refletirá as dunas e o céu do deserto, criando a imagem de uma lâmina infinita de vidro cortando o horizonte.

Por dentro, o ambiente será totalmente climatizado e controlado por inteligência artificial, capaz de ajustar iluminação e temperatura automaticamente.

O objetivo é oferecer um clima ideal constante, com energia 100% proveniente de fontes solar e eólica.

Tecnologia, energia limpa e autossuficiência

A cidade funcionará de forma autossustentável, com reaproveitamento total de água, reciclagem de resíduos e emissão zero de carbono.

Todos os sistemas — desde o transporte até o consumo de energia — serão integrados por uma IA central que aprenderá os hábitos dos moradores e antecipará suas necessidades.

Um desafio de engenharia sem precedentes

Com investimento estimado em mais de US$ 500 bilhões, The Line é o carro-chefe do projeto NEOM, que abrange 26 mil km² e inclui outras megaconstruções futuristas, como Oxagon, uma cidade portuária flutuante, e Trojena, um resort de esqui em pleno deserto.

As obras, já em andamento, exigem escavações profundas e fundações contínuas, com colunas de aço e concreto erguidas simultaneamente ao longo do traçado.

Engenheiros alertam, porém, que manter um ambiente totalmente climatizado em uma das regiões mais quentes do planeta será um desafio técnico e energético colossal.

Entre a inovação e a controvérsia

Apesar do discurso de sustentabilidade, o projeto enfrenta críticas internacionais.

Organizações de direitos humanos denunciam remoções forçadas de comunidades locais, incluindo a tribo Howeitat, e ambientalistas questionam a viabilidade ecológica de uma cidade tão extensa e artificial.

Ainda assim, The Line se tornou um símbolo da ambição humana. Assim como o Burj Khalifa marcou a era dos arranha-céus, ela inaugura uma nova fase do urbanismo: a das cidades verticais lineares, totalmente digitais, sustentáveis e integradas.

Resta saber se essa visão grandiosa será uma utopia habitável ou apenas uma miragem futurista.

Por ora, as luzes refletidas no deserto saudita já anunciam o nascimento de um novo tempo — onde tecnologia, natureza e ambição se encontram em um só espelho.

Pedro Ribeiro

Pedro Ribeiro

Jornalista formado pela Universidade Federal de Goiás. Colabora com o Portal 6 desde 2022, atuando principalmente nas editorias de Comportamento, Utilidade Pública e temas que dialogam diretamente com o cotidiano da população.

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