Esses são os profissionais da Polícia Científica em Anápolis que foram para Brumadinho
“Nos receberam muito bem e manifestam gratidão por nosso apoio num momento tão difícil”, destaca um dos voluntários
1º de fevereiro de 2019. De Anápolis sai uma equipe de profissionais para o Instituto Médico Legal de Belo Horizonte (MG). Missão: executar trabalhos de autópsia e antropologia forense nos casos das vítimas de Brumadinho.
Uma tarefa minuciosa e árdua que pode encerrar a agonia de quem procura um ente querido, um amigo, que desapareceu no mar de lama com o rompimento da barragem da mina do Córrego do Feijão. Ao mesmo tempo, confirmar a morte inesperada provocada pelo acidente do início da tarde de 25 de janeiro.
“Há um espírito de equipe muito forte entre todos aqui. Todos engajados e comprometidos com o trabalho. Cada identificação positiva da identidade de um desaparecido representa uma vitória para o grupo de profissionais”, conta, da capital mineira, o auxiliar de autópsia da Polícia Técnica Científica do Estado, Rodrigo Boaventura, que atua no Serviço de Verificação de Óbito da Prefeitura de Anápolis.
Rodrigo integra uma equipe voluntária composta por mais seis pessoas, entre elas Jane Cardoso que também atua no SVO, Carla Monic Sousa Silva e Elmo Dihl Oliveira do IML de Anápolis. Os outros são de Goiânia e Aparecida de Goiânia. Todos dos núcleos da Polícia Técnico Científica de Goiás.
“O convite veio por chefia imediata da nossa superintendência que atendeu solicitação do governo de Goiás para apoiar o governo de Minas”, explica.
Por causa do desastre, o IML de Belo Horizonte teve sua rotina deslocada para o órgão de Betim, cidade que fica na região metropolitana. Tudo para acelerar o processo de identificação das vítimas de Brumadinho. Tem voluntários de outros estados e do Distrito Federal, além dos servidores do IML de Belo Horizonte e da Polícia Civil.
“Nos receberam muito bem e manifestam gratidão por nosso apoio num momento tão difícil”, frisa. As despesas de passagem aérea, alimentação e estadia são de responsabilidade da Vale, mineradora que operava a barragem em Brumadinho.
Ele explica que executam o serviço de acondicionamento das vítimas em câmara fria, realizam as autópsias e ajudam na preparação dos casos para perícia da Polícia Federal, identificação papiloscópicae perícia da medicina legal da Polícia Civil de Minas Gerais. Realizam abertura dos invólucros, limpeza dos corpos e fragmentos dos rejeitos de minério, e separam pertences das vítimas.
Para os casos que não é possível esse tipo de reconhecimento, auxiliam os trabalhos de identificação por antropologia legal.
“Junto ao médico legista realizamos a identificação e caracterização de fragmentos, separamos se é animal ou humano, mensuração da provável de idade e sexo. Por último a coleta de material para DNA”, esclarece.
Sobre a experiência, Rodrigo Boaventura diz que, a todo instante são trocadas experiências sobre as particularidades dessa missão com os demais voluntários.
“Quando voltarmos para a rotina de Anápolis, queremos reforçar ainda mais esse espírito de equipe nos trabalhos no IML e SVO, além de implementar melhorias no trabalho com os conhecimentos adquiridos aqui em BH”, pontua.
Como experiência de vida, o auxiliar de autópsia ressalta que ele e os demais membros da equipe levam a gratidão por terem sido útil nesse momento de tanto sofrimento para as vítimas de Brumadinho.
“A cada dia estamos mais apaixonados pela nossa profissão. Seguiremos exercendo nossas atividades com cada vez mais comprometimento”, finaliza o profissional que retornou a Anápolis, juntamente com o restante da equipe, nesta segunda-feira (11).
Tragédia
A barragem 1 da mina Córrego do Feijão, explorada pela empresa Vale, em Brumadinho, se rompeu no dia 25 de janeiro. Os rejeitos atingiram a área administrativa da empresa, uma pousada e comunidades que moravam perto da mina.
As causas da tragédia ainda não foram esclarecidas. A principal linha de investigação sobre as causas do colapso é o acúmulo anormal de água e a falha no sistema de drenagem da barragem.
Buscas
Passadas pouco mais de duas semanas do rompimento da barragem da Vale em Brumadinho, que já contabiliza 165 mortos, o perfil das buscas pelos desaparecidos começa a mudar, ficando mais dependente de máquinas pesadas para escavar em áreas muito profundas.
Segundo o balanço da Defesa Civil, divulgado no domingo (10), 160 pessoas ainda estão desaparecidas. Mas agora encontrar corpos ou segmentos vai ficando mais difícil.