Surdo, jovem vence todos os obstáculos e consegue concluir a faculdade em Anápolis
Para o recém-formado, a sociedade tem que entender que o surdo é igual a qualquer pessoa e o que antes para eles não era possível, como os estudos, agora já faz parte da realidade
A surdez não foi um obstáculo para Álvaro Rodrigues Barbosa, de 23 anos, tornar-se contador. Com uma trajetória marcada pela superação, ele recebeu em abril deste ano o merecido diploma pela Universidade Estadual de Goiás (UEG).
Tia do recém-graduado, Cláudia Rodrigues Silva conta que até o fim do ensino fundamental ele estudou com o apoio dos professores e da equipe escolar, mas só quando ingressou no ensino médio, em uma escola estadual, é que começou a ser acompanhado por um intérprete em sala de aula.
Em 2015, o então estudante foi aprovado no vestibular e, por solicitação da família, passou a ser acompanhado pelo professor Kilber Siqueira Gomes. No ano seguinte, começou a receber o apoio do Núcleo de Orientação ao Discente (NOD) e, a partir de 2017, passou a ser assessorado pela intérprete de Libras, Luciara Francielle Ferreira Dourado Caetano, que o acompanhou até o término do curso.
Álvaro foi o primeiro surdo do câmpus Anápolis de Ciências Socioeconômicas e Humanas da UEG, instalado no Bairro Jundiaí, a concluir a graduação. “A UEG foi para mim uma oportunidade de crescimento, pois lá se valoriza as diferenças entre as pessoas possibilitando a elas um futuro profissional melhor”, explicou.
O agora egresso do curso de Ciências Contábeis reforça ainda que a sociedade tem que entender que o surdo é igual a qualquer pessoa e o que antes para eles não era possível, como os estudos, agora já faz parte da realidade. “Hoje alcançamos a liberdade”, destacou.
Sandra Valéria de Paula Bento, coordenadora na instituição, recorda que Álvaro foi um aluno dedicado e determinado, que não permitiu que sua deficiência fosse um obstáculo para a conclusão do curso, e que o NOD está sempre à disposição para ajudar e apoiar aqueles que já estão fazendo uma graduação, e aos que desejam ingressar na UEG.
O NOD é o setor responsável por atender os discentes que apresentem deficiências e dificuldades de aprendizagem; transtornos globais do desenvolvimento; altas habilidades/superdotação; acompanhamento de tratamento de saúde ou convalescença em caráter excepcional; demanda de recursos de acessibilidade temporários; dependência de substâncias químicas.
Também tem como finalidade identificar e acompanhar os acadêmicos com deficiência, bem como atender às necessidades especiais e educacionais destes alunos. Orienta ainda as coordenações e os docentes sobre as medidas necessárias para propiciar a inclusão, acessibilidade e permanência destes alunos.
A equipe no câmpus de Ciências Socioeconômicas e Humanas é composta, atualmente, por coordenadora, psicóloga, psicopedagoga e três intérpretes de Libras, além de ser apoiada pela direção, coordenação pedagógica, coordenações de cursos e professores.