Novo depoimento de babá de Henry relata agressões de Jairinho e traz nova bomba sobre o caso

Ela admitiu que mentiu em seu primeiro relato, em 24 de março, induzida pela mãe da criança

Folhapress Folhapress -
(Foto: Reprodução)Novo depoimento de babá de Henry relata agressões de Jairinho e traz nova bomba sobre o caso
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A babá do menino Henry Borel, menino de 4 anos morto há cerca de um mês, prestou um novo depoimento à polícia nesta segunda (12). Ela admitiu que mentiu em seu primeiro relato, em 24 de março, induzida pela mãe da criança, pelo advogado e pela irmã do vereador Dr. Jairinho.

Thayná Ferreira, 25, afirma que presenciou três supostas agressões ao menino pelo padrasto, que namora com a professora Monique Medeiros desde o fim do ano passado. Em todas as ocasiões, ela avisou à mãe que o político se trancou em um quarto com a criança, que saiu reclamando de dores.

Em um deles Monique chegou a sair de casa com Henry, mas voltou e viajou com o namorado no dia seguinte. O depoimento também indica que a avó materna da criança também foi avisada das agressões, mas nada fez.

Thayná conta ainda que seu noivo, seu tio, sua tia e sua mãe trabalham para a família ou arranjaram empregos na Prefeitura do Rio de Janeiro na gestão de Marcelo Crivella (Republicanos) por intermédio do vereador, que foi líder do ex-prefeito na Câmara Municipal.

Abaixo, leia a íntegra do novo depoimento de nove páginas, que se estendeu até a madrugada desta terça (13). A Folha de S.Paulo optou por suprimir números de documentos e nomes de pessoas citadas sem relação direta com o crime.

Babá afirma que mentiu e relata primeira agressão a Henry

Que comparece nesta Delegacia Policial atendendo a convite do Delegado de Polícia que que este preside; Que se encontra devidamente acompanhada de sua advogada [nome e número da advogada]; Que, perguntada se está ciente que tal depoimento está sendo registrado em vídeo, bem como se autoriza tal registro, respondeu que sim; Que, em relação ao seu primeiro depoimento, colhido em 24 de março de 2021, perguntada sobre a veracidade das informações então prestadas, a declarante afirma que mentiu, bem como que deseja se retratar das declarações então prestadas; Que, perguntada como era a relação de JAIRINHO, HENRY e MONIQUE, a declarante respondeu que JAIRINHO e MONIQUE brigavam com frequência, quase toda semana, entretanto em portas fechadas ou por telefone, nunca na frente da declarante, porém esta podia ouvir; Que, sobre tais desentendimentos entre o casal, a declarante afirma que era comum até que um dos dois estivesse com malas prontas, para “sair de casa”, porém, estranhamente, mesmo quando ouvia tons de voz mais exaltados no interior do quarto, quando o casal saía, tudo estava bem, já que saíam se beijando e se abraçando; Que, perguntada, especificamente quanto a eventos envolvendo HENRY, a declarante respondeu que percebeu situações anormais em três ocasiões distintas; Que o primeiro evento, segundo a declarante se recorda, foi no dia 02 de fevereiro, quando MONIQUE estava no futevôlei, por volta de 06:00H ou 07:00H; Que, como MONIQUE havia saído, estavam apenas a declarante, JAIRINHO e HENRY no apartamento; Que, num dado momento, HENRY, que estava em seu próprio quarto, passou a chamar pela mãe; Que JAIRINHO saiu do próprio quarto foi até o quarto de HENRY, onde a declarante também se encontrava; Que, ao chegar no quarto, JAIRINHO falou para a declarante que HENRY era mimado e chamou HENRY para conversar com ele, JAIRINHO, no quarto do casal; Que a declarante permaneceu no quarto de HENRY e JAIRINHO e HENRY foram para o quarto do
casal; Que a porta do quarto do casal estava fechada; Que JAIRINHO e HENRY ficaram cerca de 30 minutos com a porta fechada, porém a declarante não ouviu qualquer barulho; Que, passados os 30 minutos, saíram JAIRINHO e HENRY do quarto; Que a declarante deseja acrescentar que HENRY não estava com cara de choro; Que a declarante foi até HENRY e perguntou o que havia acontecido, especificamente o que JAIRINHO havia falado, ocasião em que HENRY respondeu que: “tinha esquecido, que estava com soninho”; Que a declarante insistiu em perguntar o que havia acontecido e HENRY, e este, novamente, respondeu: “esqueci”; Que MONIQUE chegou logo depois e foi tomar banho; Que JAIRINHO tomou café e saiu logo depois; Que, após JAIRINHO ter saído, a declarante foi falar com MONIQUE, para contar o que havia visto; Que a declarante afirma que contou todo o episódio à MONIQUE; Que MONIQUE perguntou à declarante se havia ouvido algo ou se HENRY havia falado algo, tendo a declarante respondido que não havia ouvido qualquer barulho, bem como que HENRY havia respondido que havia esquecido; Que MONIQUE disse a declarante que também iria procurar saber o que houve; Que, perguntada sobre o horário de tal conversa com MONIQUE, a declarante afirmou que acredita que deveria ser por volta de 09:00H da manhã; Que HENRY foi para a escola depois, já que era seu primeiro dia de aula; Que HENRY voltou cerca de duas horas depois e almoçou com a declarante; Que, por volta de 15:00H a declarante levou HENRY para a brinquedoteca; Que, foram apenas a declarante e HENRY; Que, na brinquedoteca a declarante notou que ele não quis brincar com as demais crianças, razão pela qual perguntou a ele o porquê disto; Que HENRY relatou que estava com dor no joelho; Que a declarante esclarece que já tinha ocorrido situações em que HENRY também não queria brincar com as crianças da brinquedoteca, porém HENRY não metia sobre a razão de não querer fazê-lo, apenas falava que não queria brincar, que queria brincar só com a declarante, mas, neste dia específico, disse à declarante que estava com dor no joelho; Que, no dia, a declarante não associou a dor no joelho, relatada por HENRY, ao episódio com JAIRINHO pela manhã; Que, ao voltar da brinquedoteca, a declarante contou à MONIQUE que HENRY não queria brincar com as crianças pela dor no joelho; Que MONIQUE, diante do que foi relatado pela declarante, disse que HENRY deveria estar inventado; Que a declarante foi embora ao final do seu turno.

Babá relata segunda agressão a Henry

Que, nos dias seguintes, nada foi comentado a respeito e nada de anormal foi notado pela declarante; Que a declarante ainda afirma que já viu quando JAIRINHO levava presentes a HENRY e que este agradecia; Que, já no dia 12 de fevereiro, a declarante foi trabalhar normalmente e, no apartamento, estavam a empregada ROSANGELA, MONIQUE e HENRY; Que, já durante a tarde, por volta de 14:30H, MONIQUE saiu para ir à academia e fazer unha; Que JAIRINHO chegou cerca de uma hora depois; Que, perguntada se JAIRINHO costumava chegar a este horário, a declarante afirmou que não, que ele chegou de surpresa; Que, quando JAIRINHO chegou, HENRY foi até JAIRINHO e o abraçou; Que HENRY e a declarante estavam na sala; Que, logo em seguida, JAIRINHO foi para o quarto do casal e chamou HENRY, dizendo: “vem aqui que vou te mostrar um negócio que comprei”; Que HENRY, então, foi para o quarto do casal; Que, logo em seguida, a declarante ouviu HENRY chamando: “Ô TIA!”; Que, diante do chamado, a declarante foi até o quarto, porém se deparou com a porta fechada e a televisão em alto volume, acima do normal; Que a declarante afirma que acredita que estava em algum canal de desenhos, pelo som que ouvia; Que a declarante bateu na porta e tentou abrir a porta, porém a porta estava trancada; Que a declarante, então, chamou por HENRY umas duas vezes, porém nem ele e nem JAIRINHO respondiam; Que então, a declarante estranhou a situação e se dirigiu à cozinha e pegou seu aparelho celular, no intuito de enviar uma mensagem à MONIQUE, avisando sobre o que estava acontecendo; Que neste momento, apresentada às capturas de tela (“prints”) referentes à troca de mensagens de WhatsApp com MONIQUE, em 12 de
março de 2021, extraídas do aparelho celular da mesma, constantes do laudo pericial nº 014774, a declarante prontamente reconhece como sendo parte da referida conversa, confirmando a veracidade de todo o seu conteúdo; Que a declarante afirma que a parte originada por ela da conversa era toda digitada da cozinha, sendo que ela fazia o que MONIQUE orientava e, depois, voltava para a cozinha para digitar; Que a declarante esclarece que assim fazia para que não houvesse risco de a porta abrir e JAIRINHO surpreender com o telefone em mão; Que, no total, a declarante afirma que acredita que JAIRINHO tenha ficado cerca de 10 (dez) minutos trancado no quarto com HENRY; Que, quando finalmente a porta do quarto se abriu, HENRY saiu do quarto e foi em direção à declarante, que o pegou no colo e foi para o sofá da sala; Que HENRY ficou “amuadinho”, sem falar nada; Que, mais uma vez a declarante deseja acrescentar que HENRY não estava com cara de choro; Que HENRY reclamou de dor no joelho e ROSANGELA perguntou até se HENRY havia machucado o pé; Que HENRY respondeu que era pela “banda”, mas não explicou exatamente e ROSANGELA também não perguntou, até porque já estava pegando sua bolsa para ir embora, tendo ido logo em seguida; Que JAIRINHO ficou por mais algum tempo no apartamento e saiu; Que, após JAIRINHO ter saído, HENRY relatou à declarante sobre as agressões, que inclusive constam nos “prints”; Que, perguntada se se lembra do que foi relatado por HENRY, a declarante respondeu que, tal como consta nos “prints”, HENRY falou à declarante que JAIRINHO tinha dado uma “banda” nele e chutado; Que quanto ao “toda vez faz isso”, a declarante afirma que HENRY que relatou isso para ela, ou seja, que JAIRINHO sempre fazia isso com ele; Que HENRY também relatou à declarante que JAIRINHO falou que “não podia contar”, que ” ele perturba a mãe dele”, que “tinha que obedecer ele”, que ” se não ia pegar ele”; Que MONIQUE sugeriu que a declarante desse um banho em HENRY, para que o menino relaxasse; Que ao se dirigirem para o banho, a declarante percebeu que HENRY estava mancando, gravando um vídeo e informando tal situação à MONIQUE; Que durante o banho, quando a declarante pegou o shampoo, HENRY pediu “tia não lava não”, dizendo que sua cabeça estava doendo; Que a declarante perguntou o que havia acontecido com para a cabeça estar doendo, ao que HENRY respondeu “TIO JAIRINHO”; Que ao sair do banho, HENRY contou à declarante que machucou a cabeça ao cair “da banda” que levou de JAIRINHO; Que ao retornarem à sala, após o banho, a declarante notou um roxo em um dos joelhos de HENRY, perguntando ao menino “o que é isso?”, ao que HENRY respondeu que, ao cair após levar a “banda”, machucou o joelho e a cabeça; Que neste momento, a declarante, se retratando de seu termo de declaração anterior sobre nunca ter visto marcas de violência no menino, confirma que viu um roxo no seu joelho e também que estava mancando; Que, quando a declarante relatou a dor na cabeça da qual HENRY reclamava e em seguida mandou uma fotografia do joelho do menino, MONIQUE lhe pediu para que pegasse o telefone de HENRY e, a partir deste, ligasse de vídeo para ela, MONIQUE; Que a declarante assim agiu e presenciou quando HENRY narrou os mesmos fatos, por chamada de vídeo, à MONIQUE; Que HENRY, por chamada de vídeo, relatou à mãe as agressões sofridas, exatamente como havia feito à declarante, pedindo que MONIQUE chegasse logo; Que MONIQUE pede então que a declarante apague as mensagens de seu celular, para caso JAIRINHO quisesse pegar o aparelho; Que, naquele momento, a declarante apagou pontualmente somente algumas mensagens, mas não a conversa inteira.

Jairinho retorna ao apartamento e Monique diz que sairia de casa

Que em seguida, JAIRINHO retornou ao apartamento, visivelmente exaltado, questionando o menino “HENRY, O QUE FALOU PRA SUA MÃE”, “VOCÊ GOSTA DE VER SUA MÃE TRISTE COM O TIO?”, “VOCÊ MENTIU PRA SUA MÃE?”, Que HENRY, que estava no colo da declarante, respondia, acuado, que não havia falado nada, que não havia feito nada; Que então, JAIRINHO passou a perguntar à declarante “ELE LIGOU? O QUE VOCÊS FALARAM?”, Que a declarante pediu para que JAIRINHO se acalmasse, momento em que o mesmo começou a tentar tirar HENRY do colo da declarante, estendendo as mãos e o chamando insistentemente, mas o menino não quis ir, se encolhendo no colo da declarante; Que, em seguida, a declarante sentou-se ao chão com HENRY para acalmá-lo; Que JAIRINHO ficou em pé; Que a declarante incentivar HENRY a dizer o que havia ocorrido, sendo que, neste momento, na presença de JAIRINHO, HENRY confirmou que havia ligado para a mãe e dito que JAIRINHO havia lhe agredido; Que JAIRINHO, então, começou a falar a HENRY que ele não poderia mentir para a mãe dele, que ele “ficava triste”; Que JAIRINHO se afastou, a declarante terminou de arrumar as coisas de HENRY e desceu com este, tendo deixado JAIRINHO no apartamento; Que, cerca de cinco minutos após a declarante ter descido, MONIQUE chegou; Que MONIQUE pediu para que a declarante entrasse com HENRY no carro dela para darem uma volta; Que, perguntada quanto tempo se passou, desde que começou a narrar o episódio a MONIQUE, até ela retornar, a declarante afirma que foi bastante tempo, já que acredita que começou a
contar para MONIQUE por volta de 16:10H, sendo que esta só retornou por volta de 19:00H; Que, assim que entraram no carro, MONIQUE disse à declarante: “nossa, eu vim rápido, ainda borrei minha unha, me conta, Thayna, o que que aconteceu?”; Que a declarante, novamente, narrou tudo que havia ocorrido; Que, segundo a declarante, MONIQUE se mostrou nervosa e começou a perguntar a HENRY, sendo que este confirmava com a cabeça, ou seja, confirmava que havia sido agredido por JAIRINHO; Que, assim que voltaram ao condomínio, sendo certo que esta “volta de carro” foi apenas ali no Cidade Jardim mesmo, MONIQUE deixou a declarante com HENRY no carro e subiu sozinha; Que pouco tempo depois MONIQUE desceu com os pertences da declarante, bem como com as malas, dela e de HENRY, as quais já estavam prontas porque eles, JAIRINHO, HENRY e MONIQUE iriam viajar no fim de semana por conta do carnaval; Que MONIQUE disse à declarante que iria para Bangu e se propôs a deixar a declarante perto de sua residência, na Taquara; Que, perguntada se se lembra do que conversaram no caminho, até ser deixada perto de casa, a declarante responde que lembra-se que MONIQUE estava nervosa e que dizia que havia voltado para casa muito rápido, porém não lembra de detalhes; Que a declarante esclarece que a distância entre sua casa e o Majestic é pequena, que demora apenas cerca de 06 minutos de carro; Que a declarante afirma que MONIQUE a deixou perto de casa, especificamente em um posto de gasolina situado na esquina de sua casa; Que na noite do dia 12 de fevereiro, ROSANGELA ligou para a declarante para perguntar o que havia acontecido, ocasião em que a declarante contou a ela que HENRY havia reclamado que tinha apanhado de JAIRINHO; Que, apesar de MONIQUE ter dito que iria a Bangu, no dia seguinte, a partir dos Stories do Instagram, a declarante viu que MONIQUE e JAIRINHO estavam juntos em Mangaratiba; Que em tais Stories, MONIQUE e JAIRINHO aparentavam estar bem um com o outro, carinhosos, o que, inclusive, causou estranheza na declarante.

Henry conta à avó materna que foi agredido

Que a declarante voltou a trabalhar, pelo que se recorda, porém não tem certeza, na quarta-feira de cinzas; Que, quando voltou, tudo estava bem, sendo que HENRY contou à declarante que só foi para Mangaratiba no último dia da viagem, o que foi confirmado por MONIQUE; Que MONIQUE não falou nada sobre o que havia ocorrido e a declarante também não tocou no assunto; Que no mesmo dia em que retornou ao trabalho, a declarante encontrou, em cima da cama do quarto de hóspedes, um exame de raio-x em nome de HENRY, tendo a declarante perguntado a MONIQUE do que se tratava; Que MONIQUE disse à declarante que HENRY estava reclamando de dores no joelho, razão pela qual o levou para fazer um exame, mas que “não era nada”; Que, passados alguns dias, a declarante perguntou à MONIQUE quando seu tio poderia ir até o apartamento para fazer um orçamento referente às câmeras de monitoramento que haviam comentado durante o diálogo do dia 12 de março; Que MONIQUE respondeu que teria que ver, mas não deu muita importância ao assunto; Que nos dias que se seguiram, a declarante chegou a, mais uma vez, falar com MONIQUE sobre a colocação das câmeras, ao que a mesma novamente se esquivou, dizendo que havia esquecido, mas que iria ver; Que então, e declarante não mais tocou neste assunto; Que, pelo que a declarante se recorda, na semana seguinte, MONIQUE foi à psicóloga; Que, nesta ocasião, a declarante e HENRY foram juntos; Que MONIQUE deixou a declarante e HENRY na casa da avó materna, ROSANGELA, e seguiu para a consulta; Que, enquanto estava na casa da avó materna, esta veio lhe perguntar sobre o que havia acontecido; Que a declarante contou tudo à ROSANGELA, avó de HENRY; Que ROSANGELA ficou assustada e ficou indagando para saber se HENRY estava ou não mentindo; Que a declarante, inclusive afirmou que HENRY estava mancando, com dor na cabeça e com um roxo, porém não quis insistir muito no assunto, porque ficou com medo de MONIQUE achar que ela estava fazendo “fofoca” para a mãe; Que, neste momento, perguntada se acha que existe alguma possibilidade de HENRY ter mentido a declarante afirma que NÃO, até porque viu as marcas dos machucados; Que MONIQUE retornou, todos almoçaram e voltaram para o Majestic, sendo que não tocaram mais no assunto; Que, nos dias que se seguiram, a declarante não observou nada de anormal, até que aconteceu de novo.

Babá relata terceira agressão a Henry

Que, quanto ao terceiro episódio, a declarante não se recorda exatamente a data, porém acredita que tenha sido na última semana de fevereiro; Que, desta vez, JAIRINHO também chegou excepcionalmente mais cedo do trabalho; Que, em casa, estavam apenas a declarante e HENRY, já que MONIQUE estava na academia; Que, assim que chegou JAIRINHO chamou HENRY para o quarto do casal; Que HENRY foi e, logo depois, a declarante foi chamá-lo; Que declarante bateu na porta e ninguém respondeu; Que, cerca de três minutos depois, a porta abriu e a declarante viu HENRY; Que, perguntada se ficou esperando a porta se abrir, a declarante respondeu que sim; Que a declarante perguntou imediatamente o que havia ocorrido a HENRY, mas ele relutou em responder num primeiro momento; Que a declarante insistiu em perguntar, até que HENRY disse que havia caído da cama, mas a declarante pode perceber que HENRY ESTAVA VISIVELMENTE INTIMIDADO e, logo em seguida, falou que estava com a cabeça doendo; Que a declarante então perguntou ao próprio JAIRINHO o que havia acontecido e especificamente se HENRY havia caído da cama, sendo que JAIRINHO respondeu que NÃO, ou seja, que HENRY não havia caído; Que a declarante levou HENRY para a cozinha e para comerem bolo; Que, enquanto HENRY comia bolo, a declarante viu que HENRY estava com uma marca roxa no braço e, novamente, perguntou o que tinha acontecido; Que HENRY disse, novamente, que havia caído da cama, sendo que a declarante seguiu insistindo, mas HENRY começou a falar do bolo, visivelmente saindo do assunto e não querendo falar mais nisso; Que logo em seguida, quando a declarante ainda estava na cozinha com HENRY, MONIQUE chegou; Que a declarante então disse à MONIQUE que havia acontecido novamente, que JAIRINHO havia chegado e chamado HENRY para o quarto do casal, tendo o menino atendido e a porta sido fechada; Que a declarante contou a MONIQUE que quando HENRY saiu do quarto do casal, perguntou o que havia ocorrido, tendo o menino respondido que caiu da cama, tendo a declarante narrado ainda que o mesmo estava com a cabeça doendo e com o braço machucado; Que então MONIQUE perguntou “HENRY, É VERDADE? VOCÊ CAIU DA CAMA?”; Que a declarante não ouviu a resposta de HENRY a MONIQUE, pois já havia pego suas bolsas e estava indo embora; Que, perguntada a razão de ter ido ao quarto, assim que JAIRINHO chamou HENRY, a declarante respondeu que foi porque já havia presenciado dois episódios assim, em que HENRY havia saído machucado do quarto, após ficar trancado lá com JAIRINHO.

Henry morre, e Monique induz babá a mentir

Que nos próximos dias a declarante não notou nada de anormal, até que, em 08 de março de 2021 a declarante soube da morte de HENRY; Que, perguntada como soube da morte de HENRY, a declarante falou que, ao contrário do que disse em seu primeiro termo de declaração, quem ligou para ela foi THALITA, irmã de JAIRINHO, que lhe informou que HENRY havia passado mal e faleceu; Que a declarante disse que perguntou: “como assim, passou mal e morreu? É uma criança”; Que THALITA confirmou que HENRY tinha passado mal e morrido e logo desligou o telefone; Que, então, a declarante mandou mensagem à MONIQUE, porém esta não respondeu; Que, cerca de três dias depois, após a declarante já ter mandado algumas mensagens, finalmente MONIQUE respondeu agradecendo a declarante por ter cuidado de HENRY; Que, perguntada se foi ao enterro de HENRY, a declarante respondeu que não, nem ela nem ROSANGELA, a empregada; Que se passaram alguns dias e a declarante recebeu uma ligação de THALITA, irmã de JAIRINHO, perguntando se ela, declarante, poderia ir no escritório de um advogado no dia seguinte, tendo a declarante respondido que sim; Que, no dia seguinte, a declarante foi até a casa de THALITA, sendo recebida por sua mãe, [nome da mãe de Thayná], que é babá de [nome], filho de THALITA; Que, neste dia, a declarante não viu ninguém; Que lá encontrou ROSANGELA e pouco depois chegou o motorista que as levou até o escritório do Dr. ANDRE, advogado de JAIRINHO, no centro do Rio de Janeiro; Que não conversaram sobre o que aconteceu no decorrer do caminho; Que ao chegar no escritório, primeiro ROSANGELA entrou sozinha para falar com o advogado; Que, assim que ROSANGELA entrou, MONIQUE abriu uma porta e chamou a declarante; Que a declarante não sabia que MONIQUE estaria no escritório; Que MONIQUE lhe disse: “vem cá, não fica sozinha aí não”; Que, então, a declarante entrou em outra sala com MONIQUE; Que MONIQUE então começou a falar para a declarante que quando ela fosse depor em sede policial era para ela falar que NUNCA HAVIA VISTO NADA, QUE NUNCA HAVIA OUVIDO NADA E QUE ERA PARA APAGAR TODAS AS MENSAGENS; Que, perguntada se MONIQUE especificou sobre o que falava, a declarante disse que sim, que MONIQUE mandou a declarante não relatar nada, nem sobre as brigas do casal, nem sobre as agressões que HENRY sofreu; Que a declarante se sentiu intimidada naquele momento, já que MONIQUE falou de forma impositiva; Que, apesar de a porta estar aberta e os cômodos serem próximos e com divisórias transparentes, no momento em que MONIQUE mandou a declarante não relatar nada do que sabia, estavam apenas as duas, ou seja MONIQUE e a declarante; Que MONIQUE mandou que as declarante apagasse logo as mensagens, razão pela qual a declarante as apagou com MONIQUE ainda no interior da sala, tendo “limpado a conversa”, não só com MONIQUE, mas também com JAIRINHO; Que, perguntada se havia algo de relevante em alguma conversa com JAIRINHO, respondeu que não.

Advogado também induz babá a mentir

Que, logo em seguida, Dr. ANDRE chegou, tendo, no cômodo, ficado Dr ANDRE, MONIQUE e a declarante; Que Dr. ANDRE iniciou a conversa falando de Deus, que era católico como a declarante e perguntando se a declarante colocava a “mão no fogo” por JAIRINHO e MONIQUE; Que a declarante falou que não, que só colocaria a “mão no fogo” por ela própria; Que, então, Dr. ANDRE falou que não poderia ser assim, que ela, por acreditar em Deus, tinha que falar “para o mundo” o quão pessoas boas eram MONIQUE e JAIRINHO; Que então Dr. ANDRE começou a insistir para que a declarante desse uma entrevista a uma emissora de televisão que estava no escritório; Que a declarante não queria, mas Dr. ANDRE insistiu muito, até que a declarante concordou, desde que não aparecesse seu rosto e sua voz fosse descaracterizada; Que, perguntada se a equipe da emissora viu JAIRINHO e MONIQUE no escritório, a declarante disse que não, já que eles estavam em outro cômodo; Que, ainda sobre a entrevista, Dr. ANDRE veio com as perguntas que a declarante deveria responder, já falando quais deveriam ser suas respostas, por exemplo, falava: “vão te perguntar sobre a relação entre JAIRINHO e HENRY, você vai falar que era boa, né?”; Que, apesar de a declarante não se lembrar exatamente das perguntas, pode afirmar que eram as mesmas que lhe foram feitas pela equipe de reportagem, bem como que, em cada uma das perguntas que Dr ANDRE lhe disse que seriam feitas, ele também já apontava a resposta; Que, logo em seguida, Dr. ANDRE também falou que a declarante iria prestar declarações em sede policial e que ela deveria falar as mesmas coisas que falou na entrevista; Que, enquanto aguardava pela entrevista, já na sala do meio do escritório, ROSANGELA e a declarante ficaram conversando, ocasião em que esta disse a declarante que com ela foi a mesma coisa, ou seja, que ela teve a mesma orientação e ainda acrescentou que “seria fácil” porque o Dr. ANDRE já havia falado o que era para dizer; Que a declarante deu a entrevista conforme foi orientada; Que a declarante deu a entrevista depois de ROSANGELA; Que, finda a entrevista, a declarante foi embora, sendo que o motorista num ponto de ônibus para que fosse buscada por seu noivo, [nome do noivo].

Irmã de Jairinho pede novamente que baba minta

Que poucos dias depois, mas a declarante não se lembra ao certo, THALITA, irmã de JAIRINHO, ligou para a declarante pelo WhatsApp; Que THALITA pediu a declarante para que fosse até sua casa no mesmo dia, porém, como a declarante não podia, ficou certo de que iria até na sexta-feira, porém não se lembra a data; Que, conforme combinado, a declarante foi até a casa de THALITA na sexta-feira; Que a casa de THALITA é a mesma em que mora o Coronel JAIRO e sua esposa, Dona MANUELLA; Que a declarante chegou por volta de 15:00H e foi recebida pela própria THALITA; Que foram para a área externa, localizada atrás da casa, onde se sentaram no chão; Que THALITA pediu para que a declarante contasse tudo o que sabia; Que a declarante, então, começou a contar, porém, quando ainda estava narrando as circunstâncias da segunda ocasião em que JAIRINHO agrediu HENRY, THALITA mandou que a declarante parasse de contar; Que a declarante sabia que seu depoimento em sede policial estava próximo e que queria falar a verdade, pois estava com medo, porém THALITA, então, disse para a declarante não ser JUÍZA DO CASO DO IRMÃO DELA, que “MENOS É MAIS”, dando a entender que não era para a declarante falar tudo que sabia, que todos já estavam sofrendo muito; Que, neste momento, THALITA perguntou à declarante se havia alguma conversa armazenada em seu celular; Que a declarante informou a THALITA que não tinha o costume de apagar suas mensagens; Que THALITA disse à declarante que MONIQUE contou sobre a existência de mensagens no celular da declarante, sem mencionar o teor; Que MONIQUE disse a THALITA que já teria apagado tais mensagens de seu próprio celular, e não sabia se a declarante já havia apagado do seu; Que a declarante confirmou a THALITA que já havia apagado as mensagens com MONIQUE e JAIRINHO de seu celular; Que, logo em seguida, THALITA já se levantou e já foi acompanhando a declarante até o portão que dá acesso à rua; Que a declarante esclarece que foi a pé com sua mãe à casa de THALITA, porém sua mãe não participou desta conversa, já que ficou do lado de dentro da casa; Que alguns dias depois a declarante foi intimada a comparecer nesta Delegacia Policial para o primeiro depoimento; Que, tal como havia sido orientada por Dr. ANDRE, a declarante ligou para CRISTIANE, que é assessora de JAIRINHO para avisar qual seria a data e horário; Que CRISTIANE disse que quem acompanharia a declarante seria o Dr. VINICIUS; Que a declarante deseja acrescentar que CRISTIANE também estava no escritório quando deu entrevista e que, na ocasião, também tinha se colocado à disposição e falou para a declarante ligar para ela caso acontecesse qualquer coisa; Que, após ter falado com CRISTIANE, THALITA ligou para a declarante e, nesta ocasião, reforçou tudo o que já havia dito, reafirmando que a declarante devia falar o
mínimo em seu depoimento, que “o menos é mais”, que daria tudo certo.

Babá diz que mentiu por medo e que Jairinho arrumou empregos para sua família

Que no dia 24 de março compareceu nesta Delegacia Policial e, perguntada sobre a razão de ter mentido em seu primeiro depoimento, a declarante respondeu que mentiu por medo, já que, por ter visto o que JAIRINHO tinha feito contra uma criança, ficou com medo que algo também pudesse acontecer com ela própria; Que a declarante, quando soube do tipo de lesão que HENRY tinha sofrido quando morreu, logo associou às agressões que JAIRINHO cometia contra o menino; Que a declarante também ficou com medo por conta de a sua mãe, [nome], ainda trabalhar para a família de JAIRINHO; Que, perguntada sobre a profissão de seu noivo, [nome], a declarante disse que este se encontra desempregado, mas que trabalhou na secretaria de esportes do município do Rio de Janeiro, em indicação realizada por JAIRINHO; Que [nome] saiu da secretaria quando acabou o mandato de CRIVELLA; Que a função de [nome] era trabalhar na prestação de contas e a remuneração era de R$2700,00 já com os descontos, portanto, líquido; Que a mãe da declarante trabalha como babá de [nome] há dois anos; Que o tio da declarante, [nome], também trabalha para JAIRINHO, sendo seu assessor pessoal; Que a declarante tem mais uma tia, [nome], que também já trabalhou na prefeitura do Rio de Janeiro por indicação de JAIRINHO, porém também saiu quando terminou o mandato de CRIVELLA; Que, perguntada se já trabalhou, em alguma outra ocasião ou função, para a família de JAIRINHO ou por indicação deste, a declarante afirmou que já trabalhou na última campanha; Que a declarante afirma que não recebeu qualquer compensação financeira para mentir quando prestou seu primeiro depoimento em sede policial sobre este caso; Que, perguntada se alguém entrou em contato com a declarante para perguntar ou orientar sobre este segundo depoimento, respondeu que não; Que, perguntada se a mãe da declarante foi trabalhar na casa de CORONEL JAIRO após a prisão de JAIRINHO e MONIQUE, a declarante disse que sim, bem como que MANUELLA e THALITA chegaram a perguntar pela declarante, porém, pelo que lhe foi informado, sua mãe respondeu a elas que a declarante só chorava e estava disposta a contar a verdade; Que, perguntada se alguém ligou ou chegou a procurar a declarante diretamente, ou se mandou algum recado por interposta pessoa, respondeu que não.

Babá diz que ganhou uma cama do casal

Que, perguntada se já ganhou algum presente ou dinheiro de JAIRINHO, MONIQUE ou seus respectivos familiares, que não tenha sido por seus serviços de babá prestados, ou na campanha, respondeu que sim, que ganhou uma cama, de MONIQUE, quando enviou o convite de noivado a JAIRINHO e MONIQUE; Que o noivado da declarante foi no dia 13 de fevereiro de 2021, portanto, um dia depois do episódio em que JAIRINHO agrediu HENRY; Que, perguntada sobre quando ganhou a cama, a declarante disse que foi antes do noivado, logo depois de ter mandado o convite, porém esta só foi entregue após o noivado; Que, perguntada sobre a data em que ganhou a cama, a declarante disse que não sabe; Que perguntada se foi depois do primeiro episódio de violência que narrou nestas declarações, respondeu que sim; Que, perguntada sobre o valor da cama, a declarante disse que foi cerca de R$1.300,00 (mil e trezentos reais); Que, perguntada se contraiu alguma dívida ou realizou alguma compra de valor mais significativo ultimamente, a declarante disse que fez um financiamento no banco Santander, porém este está atrasado e foi contraído em novembro de 2020, portanto antes de começar a trabalhar como babá de HENRY; Que, perguntada sobre o apartamento em que reside, a declarante disse que se trata de imóvel alugado desde dezembro de 2020, pagando a importância de R$1.050,00 (mil e cinquenta reais), por acordo, já que pelo contrato seriam R$1.150,00, bem como o valor de R$300,00 (trezentos reais) a título de condomínio; Que, perguntada se está empregada, a declarante respondeu que não; Que, perguntada sobre qual era sua remuneração, a declarante respondeu que ganhava R$2.300,00 (dois mil e trezentos reais); Que, perguntada sobre quem paga sua graduação em psicologia, o qual cursa na [nome da faculdade], disse que são seus pais; Que, perguntada se recebeu mais algum valor, já que não mais presta serviço de babá, respondeu que apenas recebeu os valores relativos ao tempo que trabalhou; Nada mais havendo, mandou a Autoridade Policial encerrar o presente Termo que, lido e achado conforme, assina com o(a) Testemunha.

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