Relacionamento aberto: conheça histórias de famosos e anônimos adeptos do estilo

Eles dizem fugir dos rótulos e convenções impostos pela sociedade para demonstrar que o amor livre pode ser uma maneira mais feliz de se conectar com o outro

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Fred e Bianca Andrade também foram um dos casais adeptos ao relacionamento aberto durante namoro. (Foto: Reprodução/ Instagram)Relacionamento aberto: conheça histórias de famosos e anônimos adeptos do estilo
Fred e Bianca Andrade também foram um dos casais adeptos ao relacionamento aberto durante namoro. (Foto: Reprodução/ Instagram)

O amor é o sentimento mais bonito que se pode ter. E, por isso, algumas pessoas defendem que é injusto que apenas uma pessoa o receba. Eles dizem fugir dos rótulos e convenções impostos pela sociedade para demonstrar que o amor livre pode ser uma maneira mais feliz de se conectar com o outro (ou com os outros).

É o caso da ex-BBB, médica e escritora Marcela Mc Gowan, 33. Em entrevista ao F5, da Folha de S.Paulo, ela conta que já teve alguns relacionamentos não monogâmicos e que eles trouxeram a ela um grande aprendizado sobre acordos, limites e liberdade.

“Temos conceitos distorcidos sobre o amor. Sem dúvidas, as maiores lições que tirei sobre lealdade e honestidade vieram dessas relações abertas que me ajudaram demais como parceira em qualquer modelo de relação”, avalia.

Além de Marcela, diversos famosos já revelaram que são ou já foram adeptos dessa maneira de amar. Dentre eles a atriz Fernanda Nobre, atualmente com o dramaturgo José Roberto Jardim e no ar em “Um Lugar ao Sol” (Globo).

Em suas redes sociais, já disse que “não existe certo nem errado” e que “tive vontade de me experimentar em um novo lugar”.

Bianca Andrade, a Boca Rosa, foi outra celebridade que já abriu sua relação com o youtuber Fred, do canal Desimpedidos. Após a gravidez do pequeno Cris, ambos fecharam a união. Mas há diversos outros nomes com paixões livres como Will Smith e Jada Pinkett e Pink e Carey Hart (veja mais casais abaixo).

Para Marcela, relações abertas e livres são o futuro. “Há um aumento no número de pessoas que buscam se relacionar assim. A monogamia sempre foi imposta e, claramente, não funciona para todos. Basta ver o número de divórcios e relações extraconjugais que existem”, explica.

“Se eu entendo que você é minha ‘posse’ vou tentar controlar você e projetar esse sentimento em você quando, na verdade, ele é sobre mim, sobre minhas inseguranças, meus medos. Uma coisa é brigar sobre ciúme e outra coisa é dialogar sobre ele”, emenda.

Assim como Marcela e outros famosos, muitos anônimos também reforçam que um namoro não monogâmico por vezes pode ser a melhor escolha. O educador físico paulistano Flávio Chiari Oliveira, 28, tem esse pensamento desde 2016.

“Ciúme sempre existirá, pois é um sentimento natural. Porém, o que muda é a sua disposição para trabalhar o ciúme. Quem é adepto do amor livre gosta de dizer que é mais evoluído”, comenta. Atualmente, ele diz que sua relação permanece em suspensão, pois houve uma quebra de expectativas, mas que ainda ama sua parceira.

“Nós estamos afastados nesse momento pelo fato de ela ter se identificado com perfil poligâmico, com várias pessoas. Percebi uma discrepância, pois enxergava nossa relação como a central e os outros em faixa secundária, mas não com o mesmo peso. Reduzi minhas expectativas, mas estamos pensando sobre nós de forma separada”, explica o educador, que diz ter apoio da família sobre suas escolhas.

A namorada dele é a relações públicas paulista Carolina dos Santos Vacchi, 27, que explica que se considera uma pessoa poliafetiva e se envolve emocional e sexualmente com mais de uma pessoa.

“Sempre entendi o amor como uma forma de liberdade de conexão. Minha relação com o Flávio é madura e muito comunicativa. A gente está meio que em suspensão, mas vejo mais como processo de relacionamento de nos entender”, diz.

Ela conta que, antes da ruptura, relacionava-se com Flávio e outro rapaz e que até o Dia dos Namorados os três passaram juntos. O caso entre eles não parece encerrado. “Porque no fim é amor. [No poliamor] Há uma gestão de horas, dias, um planejamento que demanda mais energia. Nosso amor não é uma caixa com fundo, é infinito. Posso dar amor completo a todos”, encerra.

O relacionamento entre o pintor paulistano José Irineu da Silva Camargo Filho, 41, com a historiadora Maíza Garcia, 40, é livre. Juntos há quatro anos, ambos se conheceram num aplicativo de paquera. “Eu nunca fui monogâmico. Quando nos conhecemos, ela era, e iniciamos nosso namoro dessa forma: ela monogâmica, e eu, não”, afirma.

Para ambos, isso nunca foi um problema, pois sempre houve diálogo com relação ao que Irineu gostaria de fazer. Porém, ele rechaça a ideia de que esse tipo de relação é uma “putaria completa”.

“Não podemos controlar o desejo do outro. Ciúme para nós não é problema. Claro que tem restrições. É uma fase que estamos vivendo. É estilo de vida”, reforça Irineu.

Maíza diz que o ciúme é controlado. “Tenho ciúme, mas não por qualquer coisa. Meninas aleatórias eu não ligo, o que não pode é ter namorada fixa”, conta ela sobre a principal regra do casal.

Porém, o que aconteceria se Maíza se interessasse por uma outra pessoa? Segundo eles, nada. “Minha questão é que nunca tive uma relação tão profunda e estável como a que tenho com ele hoje. Vejo que tenho tesão por outros, mas nunca fui atrás. E se rolar um dia, vamos conversar sobre isso”, define ela.

O que dizem os especialistas 

De acordo com Regina Navarro Lins, escritora, psicanalista e palestrante sobre assuntos da sexualidade, o amor romântico entrou mesmo nas relações a partir de 1940 incentivado pelos filmes de Hollywood. Esse tipo de amor prega que ambos virem um e é calcado na idealização.

“O amor romântico prega a coisa terrível de que quem ama não se interessa por mais ninguém. Por isso que as pessoas sofrem tanto quando descobrem que o (a) amado (a) transou com outra (o). É uma pregação contra a individualidade”, explica Regina.

Assim como a médica e escritora Marcela Mc Gowan, a especialista também crê que o amor romântico está dando sinais de sair de cena. “Muitos pensam que esse amor monogâmico é a única forma, pois ele entrou por todos os poros, nas músicas, filmes, nas novelas. Mas estão surgindo outras formas de amar. Acredito que seja uma tendência em algumas décadas”, opina.

Para apontar tendência, ela toma como base o dia a dia de seus atendimentos. Segundo a psicanalista, atualmente muito mais mulheres perguntam o que dizer ao marido para poder abrir relação. E não há uma melhor maneira do que o diálogo.

‘Combinado não sai caro’

Nesse ramo há muitos anos, Regina diz que toda relação é regida por códigos, sejam elas monogâmicas ou livres. “Já atendi casais que combinaram que podem transar com todos, mas que não podem repetir. Outros que querem saber tudo e outros que não querem saber nada. Não tem fórmula. Única maneira é falar francamente”, explica.

Na visão da psicóloga Leila Tardivo, “o combinado não sai caro”. Se um determinado casal resolver aceitar a proposta de ter uma relação livre, ninguém magoará ninguém. Mas mesmo assim é preciso tomar cuidado com os sinais de desgaste mental.

“Estou falando de envolvimento afetivo e emocional. Vejo que algumas vezes as pessoas se envolvem muito e essa questão traz dor depois. E isso pode acarretar em transtornos de depressão, ansiedade e baixa autoestima. Tem que ser sempre bom para todos os lados”, avalia.

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