Delação de ex-PM deu detalhes e indicou participantes de assassinato de Marielle, diz Dino

Segundo ministro, provas colhidas indicam a participação da milícia no caso da morte da vereadora

Folhapress Folhapress -
Delação de ex-PM deu detalhes e indicou participantes de assassinato de Marielle, diz Dino
Vereadora foi assassinada em 2018. (Foto: Renan Olaz/Câmara Municipal do Rio)

RAQUEL LOPES E FABIO SERAPIÃO

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, disse que houve uma delação premiada do caso Marielle Franco feita pelo ex-PM Élcio Queiroz. Ele confirmou a participação dele, de Ronnie Lessa e de Maxwell Simões Corrêa no caso.

O ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa foi preso, nesta segunda-feira (24), em nova operação da Polícia Federal do Ministério Público do Rio de Janeiro que investiga a morte de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Também foram cumpridos sete mandados de busca e apreensão na capital e na região metropolitana.

Segundo o ministro, Lessa e Queiroz participaram da execução do crime e Maxwell atuou na preparação do crime e na proteção dos demais. “O senhor Maxwell comparece nas investigações na preparação, inclusive na ocorrência de campana, de vigilância de acompanhamento da rotina da vereadora Marielle, e posteriormente no acobertamento dos autores do crime”, disse Dino.

“Há um avanço, mudança de patamar da investigação. Ela se conclui no patamar da execução, e há elementos para um outro patamar, que seria investigação dos mandantes do crime”, disse Dino, ao explicar em que ponto está a apuração nesse momento e qual será o próximo passo.

Dino disse que as provas colhidas indicam a participação da milícia no caso Marielle. O ministro disse que há suspeita de que outras pessoas atuaram no crime, mas não deu detalhes.

“Sem dúvida há a participação de outras pessoas, os fatos revelados e as provas colhidas indicam isso. Indica uma forte vinculação desses homicídios, especialmente da vereadora Marielle, com a atuação das milícias e o crime organizado no Rio de Janeiro. Isso é indiscutível. Até onde vai isso as novas etapas vão ser reveladas. Ronnie, Élcio e

Maxwell participam de um conjunto que está relacionado a essas organizações criminosas no Rio de Janeiro, infelizmente.”

O ex-PM Élcio Queiroz está preso em razão da acusação de ter dirigido o veículo para que Lessa disparasse contra as vítimas.

Conhecido como Suel, o ex-bombeiro já havia sido preso sob suspeita de envolvimento no crime e obstrução das investigações. Ele cumpria a pena em regime aberto. A reportagem não conseguiu contato com a defesa de Maxwell na manhã desta segunda.

A primeira prisão do ex-bombeiro foi em junho de 2020. Recentemente, em março deste ano, o Tribunal de Justiça do Rio aumentou a pena de Maxwell pela condenação por obstrução das investigações sobre o assassinato. A sentença aumentou de quatro para seis anos e nove meses, que ele cumpria em regime aberto.

Marielle e Anderson foram assassinados a tiros no dia 14 de março de 2018. Eles voltavam de um evento na Lapa, e seu carro foi alvejado enquanto passavam pelo Estácio, também na região central do Rio. Um ano após a morte, os ex-policiais Ronnie Lessa e Élcio de Queiroz foram presos.

Cinco anos após o assassinato de Marielle, ainda não foi esclarecido quem foram os mandantes do crime e quais as motivação para matar a vereadora.

Dino anunciou no início do ano que a Polícia Federal e Ministério Público do Rio de Janeiro passariam a trabalhar em parceria visando o andamento e a conclusão das investigações.

A ideia foi fortalecer a força-tarefa da Promotoria já existente destinada, exclusivamente, a apurar os desdobramentos dos mandantes do crime, para que a PF, que já acompanha o caso, auxiliasse de uma forma mais direta na investigação juntamente com a Polícia Civil do Rio de Janeiro.

“Esse trabalho conseguiu produzir provas novas. Em razão dessas provas colhidas, tivemos a colaboração premiada do senhor Élcio, ele confirma a sua própria participação, a participação de de Ronnie Lessa e traz os elementos relativos de Maxwell”, disse.

Segundo Dino, essa delação ocorreu há 15, 20 dias e já foi homologada no poder judiciário. Por causa da delação, houve a operação desta segunda. O ministro disse que essa delação vai conduzir a outras pessoas que participaram do crime.

“Há uma mudança de patamar da investigação. Se conclui a investigação sobre a execução e há elementos para um novo patamar, a identificação dos mandantes. Nas próximas semanas provavelmente haverá novas operações derivadas das provas colhidas hoje”, disse.

Folhapress

Folhapress

Maior agência de notícias do Brasil. Pertence ao Grupo Folha.

Você tem WhatsApp ou Telegram? É só entrar em um dos grupos do Portal 6 para receber, em primeira mão, nossas principais notícias e reportagens. Basta clicar aqui e escolher.

Publicidade