Flamarion: o professor que saiu do ‘zero’ e se tornou a cara da robótica em Goiás
Das oito equipes orientadas pelo mestre, três conquistaram títulos internacionais, além de dos torneios nacionais
Por trás das medalhas e dos troféus conquistados pela equipe de estudantes da Escola Canadense Maple Bear, em Goiânia, que venceu o campeonato mundial de robótica FiraWorld Cup 2023, na terça-feira (25), existe uma ‘mente pensante’ que orienta e instiga os alunos a se colocarem ‘fora da caixa’. Esse alguém é o professor de matemática e técnico do grupo, Flamarion Gonçalves Moreira, de 45 anos.
Apesar do recente destaque recebido nesta semana, os títulos e conquistas não são novos e já fazem parte da jornada do profissional, quando o assunto é robótica.
Com 10 anos de vivência como técnico, o professor de matemática já orientou 8 equipes e, dessas, três já foram classificadas para torneios internacionais – sendo uma delas um grupo de estudantes que desenvolveu um chiclete e ganhou o torneio internacional em 2019, ocorrido em Virgínia, nos Estados Unidos (EUA), na Universidade da NASA.
Ao Portal 6, ele revela que a paixão pela área surgiu logo após a chegada do primeiro torneio regional em Goiás, em 2013, em que o mesmo foi um dos jurados da competição.
De acordo com ele, a entrada como mentor de robótica aconteceu no ano seguinte, em outubro de 2014, a pedido de alguns estudantes da escola Senai Canaã, onde ele dava aulas.
“Não foi algo intencional. Os alunos do ensino médio queriam participar e precisavam de um professor. Eu acabei topando sem saber as coisas, porque não queria deixar os meus alunos na mão”, explicou.
De início, a tarefa era compreendida apenas como uma espécie de apoio aos pupilos e, inclusive, não era uma atividade remunerada. No entanto, o ‘curto suporte’ logo se tornou parte da vida do profissional, o tornando um destaque no segmento.
Mas o sucesso na área não é fruto do acaso e vem acompanhado de abdicações, rotinas intensas de treinos e, principalmente, dedicação.
Segundo Flamarion, antes de cada competição, ele e as equipes chegam a ficar de 9 até 11 meses em período de treinamento, que inclui finais de semanas e até feriados. A rotina de treino varia dependendo do horário das aulas.
“Eu acho que tudo na nossa vida é questão de escolha. Você escolhe uma coisa boa por outra. Eu deixei meu período de férias agora em julho, dias de sábado com a família, passeios. São coisas que vão se acumulando, mas são escolhas”, ressalta.
Mesmo com a extensa bagagem e a longa listagem de prêmios, o instrutor ressalta que não possui uma ‘receita de bolo’ e que a conquista em cada competição depende da entrega e da dedicação de cada um dos alunos participantes.
De acordo com ele, a maior dificuldade enxergada é fazer com que o aluno acredite que ele pode alcançar a meta sonhada.
“Cada equipe tem comportamentos diferentes. Eu acho que a questão é a gente fazer com que o aluno acredite que ele pode e que aquilo tem outros ganhos […] Essa conquista na vida dos jovens não vem pelos seus pais, então é fazer nascer um sonho”, destaca.
Ao ser questionado pelo sentimento sobre o destaque na área, o professor afirma que não liga para os títulos obtidos e que o que o mantém ativo no segmento é a felicidade dos alunos.
“Eu faria tudo de novo, talvez mais bem feito, mas para mim o importante é que eu me fiz feliz e fiz os meus alunos felizes. Os prêmios passam, são coisas do passado. Mas se fazer melhor e ajudar as pessoas ninguém nunca vai tirar isso”, diz.