Por falta de peças, carros ficam parados em oficinas de Goiás por até 4 meses

Ao Portal 6, presidente do sindicato disse que a tendência é piorar

Maria Luiza Valeriano Maria Luiza Valeriano -
Por falta de peças, carros ficam parados em oficinas de Goiás por até 4 meses
Investimento alto impede oficinas de se prepararem (Foto: Reprodução/Gabo Morales/Folhapress)

Em Goiás, um carro que precisa de determinadas peças para serem trocadas é sentença de tempo e dinheiro perdidos. Diante do sumiço de estruturas externas ou até de motor, oficinas de mecânica ficam com veículos parados e até precisam recorrer ao mercado paralelo de itens comprados na internet ou então a leilões.

Ao Portal 6, o presidente do Sindicato da Indústria de Reparação de Veículos e Acessórios do Estado de Goiás (Sindirepa), Mário Barbosa Arruda, afirmou que um carro pode ficar em fila de espera para receber uma peça por até quatro meses. Em um cenário normal, a demora seria de, no máximo, 30 dias.

O sócio do Centro Automotivo Anhanguera, Ademilson Lopes Silva, relatou à reportagem que, além de grave, o problema é recorrente, compondo cerca de 20% dos atendimentos.

“Os carros importados são a maioria, como Kia, Mercedes, BMW. Estamos evitando esses carros”. Atualmente, a oficina está com um Kia Sportage parado há duas semanas, esperando por uma peça de motor.

A busca pelos itens levou o profissional à internet, especificamente à sites como o Mercado Livre. Já o proprietário da Deroci Automecânica, Vinícius Silva, afirmou que também precisou recorrer à Vila Canaã, em Goiânia, bairro referência nacional no mercado de peças usadas. Por lá, há até uma porção de carros que chegaram por meio do crime, roubados e desmontados para a venda, explicou.

Segundo Mário, o problema teve início durante a pandemia da Covid-19. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), apontou que a escassez é resultado de um problema já no início da produção: a falta de matérias-primas.

Com a pandemia, a fabricação de componentes como borracha e plástico sofreu o baque, também influenciada pela guerra na Ucrânia. Além disso, o próprio mercado não tem interesse em produzir carros novos, disse o representante da classe. “Com a baixa venda de veículos novos, as montadores diminuíram a produção de novos, o que faz faltar peças de reposição também”.

Neste cenário, a Anfavea afirmou que pelo menos 370 mil veículos deixaram de ser produzidos no Brasil em 2021. Em 2022, o número girou em torno de 200 mil.

Apesar dos esforços do Governo Federal para aquecer a indústria de veículos em 2023, a situação se agravou a partir de julho deste ano, sendo que os últimos meses do ano, em especial, compõem uma época ainda mais difícil para o setor. “Estamos chegando no final do ano, é de praxe conceder férias coletivas na indústria. Se está ruim, a tendência é piorar”, finalizou Mário.

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