Endocrinologista explica como evitar que Ozempic ‘pare’ de fazer efeito
Ao Portal 6, profissional revela motivo de pacientes sentirem paralisação durante tratamento com substância
Populares pelos resultados de queima rápida de peso em curtos período de tempo, as canetas de Ozempic conquistaram espaço na rotina de quem vive uma luta contra a balança. Mas, se para alguns a substância teve um efeito quase ‘milagroso’, outros viram o progresso passar por uma estagnação e se transformar em um efeito quase que comum entre os usuários do medicamento: o platô.
O processo acontece de forma quase que inesperada. Inicialmente, a pessoa sente o apetite reduzido e, como consequência, alimenta menos e elimina quilos. Até que um dia, o peso da balança permanece igual e vem acompanhado pela fome e falta de saciedade.
Contudo, o efeito não é exclusivo do remédio e está relacionado a uma série de atividades deixadas de lado pelos usuários da substância.
Ao Portal 6, a endocrinologista de Goiânia, Fernanda Braga, explica que a estagnação pode ocorrer com diferentes medicamentos, que possuem a mesma finalidade do Ozempic.
Isso porque, na realidade, a situação se deve a atitudes irregulares cometidas pelos próprios pacientes que impedem o avanço no processo de emagrecimento.
“Isso [platô] pode acontecer com qualquer outra medicação, porque várias outras medicações têm o objetivo de melhorar a saciedade. Tem medicação que atua em tudo isso. […] O paciente tem que estar com os macronutrientes regulados para que isso [estagnação] seja evitado”, salienta.
De acordo com ela, apesar de gerar uma sensação de saciedade, o uso da substância deve vir acompanhado de uma rotina saudável, que inclui atividades físicas, acompanhamento médico e alimentação correta.
“A medicação ela não vai lá só e queima. Ela organiza a saciedade, mas outros pilares têm que ser estabelecidos. Muitas pessoas começam com doses altas, não fazem atividades físicas, não comem bem e podem ficar com as vias intestinais desreguladas”, diz.
E por falar em dosagem, a quantidade utilizada pelo paciente pode ser decisiva para o efeito platô, principalmente nos casos em que a aplicação do remédio é feita sem o acompanhamento médico.
Nesses casos, de acordo com a profissional, doses altas podem corroborar para o acometimento do efeito, uma vez que a indicação é que o tratamento seja realizado em um longo prazo e se inicie em baixas quantidades.
“O contexto que eu coloco a medicação deve ser observado. […] O tratamento é uma coisa a longo prazo, não existe uma urgência para usar em um curto prazo”, reforça.
Segundo Fernanda, antes mesmo da aplicação do remédio é necessário que o paciente entenda o processo, consequências e a forma com que o medicamento atua no organismo.
“Para perder de peso é que nem uma infecção. Você tem que atingir o equilíbrio e sustentar depois. O paciente tem que estar com profissional, fazer tratamentos e se cuidar. É importante entender o que você está tomando”, destaca.