Ansiedade e desconfiança: artistas anapolinos querem saber onde está a verba da Lei Paulo Gustavo

Repasse estava previsto para acontecer a partir do dia 19 de dezembro e ainda não foi feito

Maria Luiza Valeriano Maria Luiza Valeriano -
Projetos culturais estão parados enquanto repasse não é feito (Foto: Reprodução/Prefeitura de Anápolis)Ansiedade e desconfiança: artistas anapolinos querem saber onde está a verba da Lei Paulo Gustavo
Projetos culturais estão parados enquanto repasse não é feito (Foto: Reprodução/Prefeitura de Anápolis)

Já se passaram quase 40 dias desde que o repasse da Lei Paulo Gustavo teria início em Anápolis. Contudo, trabalhadores da cultura se veem desamparados, perdidos e até desconfiados enquanto os projetos acumulam poeira. É o que relatam diversos representantes da classe ao Portal 6.

De acordo com o cronograma oferecido pela Prefeitura de Anápolis, os incentivos seriam distribuídos entre os aprovados a partir do dia 19 de dezembro de 2023. Embora não tenha ficado explícita a data limite, tampouco foi dada uma previsão.

“Nos repassaram que o ano fiscal de 2023 fechou e não conseguiram fazer os pagamentos, então estavam aguardando o ano fiscal de 2024 abrir, que seria a segunda-feira (15) da semana passada. A partir dessa abertura, a qualquer momento poderia começar, mas já vamos para a segunda semana sem ninguém receber”, relatou o ator Gustavo Rafhael à reportagem.

Ele, que participa de um projeto de teatro, explicou que, enquanto a verba não é entregue, não é possível dar início aos trabalhos e, dessa forma, mostrar à população anapolina onde o dinheiro está sendo investido.

“É bem complicado. A gente tenta caminhar por conta própria, mas dentro de Anápolis é complicado, porque não temos um apoio da sociedade em si”, disse.

É a mesma realidade de uma produtora cultural, que optou por não se identificar. Ao Portal 6, ela apontou que, embora coordene um projeto, trabalha com freelance para conseguir fechar o mês. “Eu tento viver de arte, mas nem sempre é possível. […] Hoje preciso fazer freelance em bar, panfletagem, o que aparecer, porque tenho que pagar aluguel, tenho que comer”.

O projeto da jovem atualmente funciona com recursos próprios e, quando foi beneficiado pela Lei Paulo Gustavo, ela elaborou um cronograma e planejamento de execução, que precisaram ser descartados perante o atraso.

“É uma falta de responsabilidade e compromisso com os trabalhadores da cultura e a comunidade no geral, porque o que a gente faz, a gente faz para todos”, destacou.

A incerteza sobre quando o repasse será efetuado faz com que o planejamento para os projetos seja, em grande parte, jogado fora. Nesse processo, orçamentos acabam perdendo a validade, já que foram elaborados em 2023 e seriam executados somente um ano depois.

“Artistas que acabam saindo do projeto e precisamos mudá-lo, ou então outros profissionais… Isso gera ansiedade de quando e como vamos conseguir executar. Não queremos só o dinheiro, prestamos serviço e temos que cumprir esse serviço”, relatou outro trabalhador da cultura à reportagem.

O cenário ainda gera desconfiança por parte dos artistas, que questionam, inclusive, o que está sendo feito do dinheiro, de origem federal, e os rendimentos. “Em Goiânia, fizeram algo louvável. Com os rendimentos da verba, chamaram mais projetos. Aqui, ficamos nessa duvida: o que vai ser feito com esse dinheiro?”, indagou o ator e diretor.

Portal 6 solicitou um posicionamento da Secretaria Municipal de Integração quanto aos prazos e os motivos para o atraso, mas não obteve resposta. O espaço segue aberto.

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