Especialista explica por que Anápolis pode enfrentar racionamento de água
Em meio a uma das maiores crises hídricas de todos os tempos, profissionais alertam para possíveis planos de contenção no estado
Em meio a enchentes por conta de excesso de água no Sul do país, Goiás vive um outro grande problema: uma das piores crises hídricas de todos os tempos, podendo acarretar problemas para a população goiana, como o racionamento de água.
Essas famosas interrupções planejadas, que podem amedrontar qualquer morador, estão cada vez mais próximas de se tornar uma realidade, conforme relatou o consultor ambiental Antônio Zayek, ao Portal 6.
Segundo o profissional, uma das cidades que mais podem ser afetadas pela suspensão do fornecimento, é Anápolis. Para o ambientalista, o terceiro maior município do estado está bastante suscetível às temidas contenções devido à localização em que se encontra.
“Anápolis não possui reservatório, é uma cidade muito específica, cercada por nascentes, com águas passando por Abadiânia e Leopoldo de Bulhões, e só depois, de forma bombeada, retornando para a cidade. Eles conseguiram essa segurança [de hoje] através de poços artesianos, mas não é algo sustentável, porque não deixa a água entrar no solo”, explicou.
Além da localidade, o profissional também citou a região do Vale do Araguaia como um dos locais que correm grande risco de sofrer com os racionamentos, pelo fato de ser cortado por grandes rios. Nerópolis, na Região Metropolitana de Goiânia, também está em alerta para a falta de água.
Tragédia anunciada
Segundo ele, a seca começou muito antes do esperado e a falta de reservas de água no solo, aliada à pouca vegetação do Cerrado, leva às temidas restrições de uso.
Com os alertas, Zayek enfatiza o descaso dos governantes em relação à crise hídrica vivenciada pelo estado, que ele definiu como uma “tragédia anunciada”.
“Sempre esteve presente, mas as pessoas não davam importância para questões climáticas ou desastres naturais até as enchentes no Rio Grande do Sul”, disse o especialista, indignado.
O profissional ressalta que estes problemas foram acarretados pela falta de planejamento das cidades, muitas vezes concebidos pelos governantes sem qualquer tipo de pesquisa prévia. Ele defendeu que o poder público deve reunir representantes de todos os setores para discutir e implementar soluções conjuntas.
“Existem soluções economicamente viáveis para resolver esse problema, o que falta é interesse público”, pontuou.
“Goiás já enfrentou outras crises hídricas, mas não tínhamos tanta população, desmatamento e consumo. Conseguimos superar os problemas, mas hoje é muito mais difícil”, completou.
Em frente ao evidente descaso das autoridades, homem destaca que é preciso que pequenas atitudes sejam tomadas pela própria população, a fim de tentar conter os avanços dessa que pode ser uma das maiores crises hídricas de todos os tempos em Goiás.
Ele menciona o reaproveitamento de água, como o uso dos ‘restos’ da máquina de lavar — que inicialmente seria descartada — para tarefas diárias, como faxinas, por exemplo. Zaeyk também indica a utilização das chamadas “swales”, um tipo de valas de infiltração, que permitem a drenagem e economia de água.
“Existem mil formas da população ajudar, fazer o dreno em casa, coletar água de chuva”, concluiu.