Justiça absolve delegado acusado de ter estuprado modelo trans em Goiânia

Decisão enfatizou a falta de provas consistentes que condenassem o suspeito

Thiago Alonso Thiago Alonso -
Kleyton Manoel Dias foi acusado de abusar sexualmente da modelo Jade Fernandes. (Foto: TV Anhanguera/Reprodução)

A Justiça de Goiás absolveu, nesta segunda-feira (16), o delegado Kleyton Manoel Dias, acusado de estuprar a modelo trans Jade Fernandes, após saírem de uma festa no início de janeiro, em Goiânia.

A sentença reconheceu que os envolvidos, de fato, tiveram relações sexuais no dia do ocorrido. Contudo, não houve provas suficientes para determinar se houve consentimento ou não durante o ato.

Um exame de corpo de delito chegou a ser realizado, mostrando que a vítima sofreu lesões, mas esses não puderam atestar se a modelo concordou em se relacionar com o suspeito.

A avaliação concluiu que o acusado não apresentava ferimentos, o que corrobora a ideia de que o ato pode ter sido consentido.

A perícia também não encontrou sinais de violência no carro onde o crime supostamente teria acontecido.

Portanto, o juiz enfatizou a absolvição pela insuficiência de evidências, e não pela ausência de materialidade, como havia sustentado o suspeito.

O delegado também foi inocentado da acusação de que teria dado carona à vítima enquanto estava alcoolizado ao volante.

Na decisão, o magistrado destacou que o réu admitiu ter consumido bebida alcoólica, inclusive com registros emitidos pelo estabelecimento comercial onde ele teria comprado os produtos.

No entanto, o juiz reiterou que as evidências não chegaram a configurar crime de trânsito, levando o acusado à absolvição.

Apesar da sentença, o Ministério Público do Estado de Goiás (MPGO) anunciou, em nota, que irá recorrer da decisão, uma vez que, segundo a promotoria, existem “provas claras e robustas a respeito da materialidade dos delitos”.

Em tempo

O caso veio à tona em 08 de janeiro, quando Jade Fernandes denunciou ter sido abusada por Kleyton Manoel Dias na saída de uma festa em uma boate de Goiânia.

À época, a modelo afirmou que teria pegado uma carona com o delegado, que, após deixar uma amiga em casa, teria parado o carro e a levado até o porta-malas, onde o abuso sexual teria ocorrido.

Câmeras de segurança registraram quando a mulher foi deixada em casa completamente nua.

Uma testemunha, que morava com a vítima no dia do ocorrido, chegou a afirmar que ela estava bastante ferida e “dopada”, acionando o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).

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