VICTOR LACOMBE
A pouco mais de um mês para as eleições presidenciais nos Estados Unidos, o jornal americano The New York Times publicou um editorial nesta segunda-feira (30) declarando voto na candidata do Partido Democrata à Casa Branca, a vice-presidente Kamala Harris.
O artigo vem depois que o jornal publicou editoriais defendendo a desistência de Joe Biden da corrida eleitoral, em junho, e se posicionando em longo texto contra a volta de Donald Trump ao poder em julho, dizendo que o ex-presidente “não está apto a liderar”.
O New York Times, fundado em 1851, tradicionalmente se posiciona em editoriais a favor de candidatos à Presidência -e não apoia um candidato republicano desde 1956, quando declarou voto em Dwight Eisenhower.
No texto publicado nesta segunda, o jornal se debruça principalmente sobre o que entende ser perigoso para a democracia americana caso Trump volte à Casa Branca. Diz que “é difícil de imaginar um candidato menos merecedor do cargo de presidente dos EUA do que Donald Trump”, e que essa razão, “a despeito de discordâncias políticas”, faz de Kamala Harris “a única escolha patriótica” para o cargo.
Sobre Kamala, o texto diz que “ela não é a candidata perfeita para cada eleitor, em especial aqueles frustrados e irritados com a incapacidade do governo de consertar o que está quebrado: do nosso sistema de imigração a escolas públicas e violência armada. Mas instamos o povo americano a comparar o histórico [de Kamala] com o de seu oponente”.
O jornal contrasta o passado da vice-presidente como procuradora com as condenações de Trump na Justiça, que o republicano diz serem resultado de perseguição política. Também aponta falas do ex-presidente que indicariam que ele pretende “destruir os valores, desafiar as normas e desmontar as instituições que tornaram nosso país forte”.
“Trump e seus apoiadores descreveram um plano para 2025 que daria a ele poder de executar suas promessas e ameaças mais extremas. Promete, por exemplo, transformar a burocracia do governo federal e o Departamento de Justiça em armas para atacar seus inimigos políticos.”
No campo da política externa, o jornal afirma que Kamala representa uma continuidade na tradição americana de cultivar aliados que protegem interesses dos EUA ao redor do mundo, enquanto Trump, que costuma elogiar líderes como Vladimir Putin, da Rússia, Viktor Orbán, da Hungria, e Kim Jong-un, da Coreia do Norte, ameaça destruir alianças democráticas.
O editorial conclui pedindo que “aqueles que enxergam o governo Trump com nostalgia ou sentem que suas vidas não melhoraram muito nos últimos três anos [do governo Biden] reconheçam que seu primeiro mandato foi um alerta, e que um segundo seria muito mais destrutivo. Kamala Harris é a única opção”.