Após três anos, pais descobrem que filhos foram trocados na maternidade de Inhumas
Polícia Civil já investiga o caso, que teve como estopim um pedido de exame de DNA
Duas famílias entraram na Justiça contra o Hospital da Mulher, em Inhumas, após denunciarem terem tido os bebês trocados ainda na maternidade. Os casais só foram descobrir o que de fato havia acontecido três anos após o nascimento das crianças.
O estopim para que os responsáveis tomassem ciência do erro foi quando Cláudio Alves resolveu se separar da então companheira Yasmin Kessia, de 22 anos, solicitando que um exame de DNA também fosse feito para comprovar a paternidade com a criança, em outubro deste ano.
Em entrevista ao Portal 6, Ítalo Camargo da Silva, advogado de Yasmin e também do outro casal, comentou que a jovem tinha plena confiança de que, caso o filho não fosse de Cláudio, também não poderia ser dela, de modo que também se submeteu ao teste.
“Por conta de a criança não aparentar traços do pai nem da família paterna, o Cláudio optou por realizar o teste, mas a Yasmin tinha certeza de que também não havia a possibilidade de adultério e também se submeteu. Daí, com o resultado, veio também a surpresa: o menino não era filho biológico nem da Yasmin, nem do Cláudio”, contou.
Após a descoberta, Yasmin se lembrou que, no dia do parto, em 15 de outubro de 2021, viu no hospital outro casal que também estava lá para o nascimento do filho e, imaginando que uma troca poderia ter acontecido, resolveu procurá-los.
Assim, através de um pastor, ela conseguiu contato com o outro casal, Isamara Cristina Mendanha, de 26 anos, e Guilherme Luiz de Souza, 27 anos. Após explicar-lhes a situação, eles também realizaram um teste e o resultado comprovou que o filho que tinham também não era deles.
“É uma coisa que não tem palavras para expressar. Em um dia você tá vivendo com o seu filho e no outro descobre que na verdade ele não é, de fato, seu. Não chega a mudar o amor, porque ainda amamentei, criei e zelo, todos os dias. Mas ainda assim, é complicado”, disse Yasmin.
O advogado de Cláudio, Kuniyoshi Watanabe, destacou que agora ambas as famílias buscam uma resolução para o caso e que, muito embora os erros não possam ser revertidos, os pais necessitam de apoio e reparação.
“Tendo em vista a gravidade do caso, a gente precisa apurar se houve culpa ou dolo por parte do hospital. Então, inicialmente temos que definir isso e buscar, de imediato, um amparo ao tratamento psicológico, para os pais e para as crianças. Além disso, óbvio que não há dinheiro que possa reverter o que ocorreu, mas a gente busca sim uma reparação, de R$ 700 mil para cada casal, mas estamos abertos a acordos”, explicou à reportagem.
Com relação ao futuro das famílias, ambos os advogados esclareceram que ainda não está definido como será o cuidado com as crianças, com os pais muito abalados após tantas reviravoltas. Apesar disso, eles já conversaram entre si e pretendem manter um diálogo amigável até que alguma decisão seja enfim tomada.
Em nota, a PC informou que já investiga o caso e que os ” envolvidos já foram ouvidos e o inquérito policial prossegue com diligências em andamento para esclarecer a dinâmica do fato e sua autoria”.
A reportagem tentou contato com o hospital, porém não houve retorno até o fechamento desta matéria.
Confira a nota da PC na íntegra:
A Polícia Civil de Goiás informa que a Delegacia de Inhumas – 16ª DRP investiga possível crime previsto no artigo 229 do Estatuto da Criança e do Adolescente (deixar o médico de identificar corretamente o neonato e a parturiente por ocasião do parto), em que dois bebês teriam sido trocados no hospital da cidade. O fato foi descoberto após um dos casais envolvidos resolver se separar, tendo feito exames de DNA que comprovaram que o filho não era biologicamente compatível com nenhum dos dois. Os envolvidos já foram ouvidos e o inquérito policial prossegue com diligências em andamento para esclarecer a dinâmica do fato e sua autoria.