Motorista acusado de atropelar, matar e não prestar socorro a adolescente vai a júri popular, em Anápolis

Atropelamento aconteceu justamente no dia do evento "café da manhã com os coletores", preparado para o irmão mais novo da vítima, que é autista

Samuel Leão Samuel Leão -
Motorista acusado de atropelar, matar e não prestar socorro a adolescente vai a júri popular, em Anápolis
Polícia no local do acidente, em 2020. (Foto: TV Anhanguera)

A Justiça de Goiás marcou o julgamento de Ascânio Dias da Cunha, acusado de homicídio com dolo eventual, pela morte do adolescente Dielinton Haryell Silva Roque, de 16 anos, em dezembro de 2020. A decisão, que ocorre quatro anos após o crime, definiu a data para exatamente 1 dia antes do que seria o aniversário do menor.

A sessão plenária do Tribunal do Júri está agendada para o dia 25 de abril de 2025, às 8h30, na 4ª Vara Criminal da Comarca de Anápolis. O acidente ainda teve outro fator que aumenta a comoção, pois ocorreu no dia do “café da manhã com os coletores”, evento preparado pela família para o irmão mais novo, o pequeno Ruan, atualmente com 4 anos, que tem autismo e tinha dificuldades na fala e socialização.

Em 2020, primeira edição do café da manhã com os coletores, em Anápolis. (Foto: Acervo pessoal)

Ao Portal 6, a mãe, Weslania Silva, de 43 anos, revelou o sentimento de alívio, por finalmente receber uma resposta da Justiça, mas reforçou que nada compensa a perda do filho.

“Sentimento maior de não ter o Haryell com a gente mais, muito difícil. Mas fica a expectativa de ver a Justiça sendo feita, e o responsável pagando o preço que deve”, desabafou.

Segundo a denúncia do Ministério Público (MP), o acusado conduzia um veículo em alta velocidade pela Avenida Pedro Ludovico quando realizou uma manobra proibida ao dirigir na contramão. Ascânio colidiu com a bicicleta da vítima, que foi arremessada com força e morreu no local. Após o impacto, ele teria deixado o local sem prestar socorro, dirigindo até a própria residência.

Durante o processo, a defesa sustentou a fragilidade das provas e pediu a absolvição, enquanto o MP argumentou pela pronúncia. Em junho de 2024, o juiz responsável decidiu submeter Ascânio ao julgamento popular, considerando haver indícios suficientes para a continuidade do processo.

Além do homicídio, o caso é agravado pelas circunstâncias do crime. Laudos periciais detalham o impacto da colisão e o comportamento do acusado. A sessão do Tribunal do Júri contará com depoimentos de testemunhas e apresentação de provas, incluindo registros em vídeo e laudos técnicos.

A decisão de marcar o julgamento põe fim a um longo período de espera para a família de Haryell, que busca justiça e sofreu, por todos esses anos, com a morosidade do judiciário brasileiro.

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