Greve à vista: motoristas do transporte coletivo de Goiânia seguem sem reajuste no salário
Falta de negociações tem gerado frustrações nos bastidores, levando envolvidos a se indignarem com a situação


A negociação salarial entre motoristas do transporte coletivo e as empresas responsáveis pelo serviço em Goiânia segue sem avanços concretos, mesmo três meses após o vencimento da data-base da categoria, em 1º de março.
Até agora, o Sindicato das Empresas de Transporte Coletivo (SET) não apresentou nenhuma proposta formal, o que tem gerado frustração entre os trabalhadores. A próxima reunião está marcada para terça-feira (10), às 14h, e, caso o impasse continue, a possibilidade de greve volta a entrar no horizonte.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Coletivos (Sindcoletivo), Carlos Alberto Luiz dos Santos, a condução das negociações neste ano tem sido ainda mais difícil do que em períodos anteriores.
“No ano passado, por esta época, já havia uma proposta, ainda que insuficiente. Em 2025, sequer tivemos uma formalização por parte do SET”, disse, em entrevista ao A Redação.
Ele também relatou que o sindicato participou de seis reuniões com os representantes das empresas, mas nenhuma resultou em avanço prático, sendo que os encontros foram marcados somente por “promessas” e “nenhuma proposta concreta”.
Além das rodadas que aconteceram, outras cinco reuniões chegaram a ser desmarcadas pelas empresas, o que, para Carlos Alberto, demonstra descaso.
A reivindicação principal da classe é um reajuste salarial entre 8% e 9%, além de melhorias nas condições de trabalho, como redução da carga horária, menor tempo de intervalo para refeições e adequações nas salas de descanso nos terminais.
Sem reajuste
Atualmente, o salário base de um motorista de ônibus na capital é de aproximadamente R$ 3 mil. No ano passado, o reajuste foi de 7,5%, homologado pelo Tribunal Regional do Trabalho, e também incluiu aumento no vale-alimentação. Mesmo assim, segundo o presidente do Sindcoletivo, os trabalhadores seguem sendo mal remunerados em comparação com outras cidades.
“Estamos atrás de cidades como Brasília e São Paulo, onde os motoristas chegam a ganhar bem mais. Aqui, quem movimenta o sistema recebe o menor salário entre as grandes capitais”, afirmou.
Carlos Alberto também ressalta que os trabalhadores foram essenciais para manter o transporte funcionando durante a pandemia, mesmo em condições adversas.
“Fomos linha de frente. Mantivemos o sistema rodando com ônibus cheios e sem parar. Esperamos agora respeito e dignidade”, declarou.
Ele também questiona os argumentos das empresas, apresentando dados que comprovam que elas estão amparadas financeiramente, recebendo pagamentos antecipados, inclusive com cartões de débito e crédito.
Possibilidade de greve
Apesar de ainda adotar um tom cauteloso, a direção sindical admite que a pressão por uma paralisação tem aumentado nos bastidores, com motoristas relatando frustração com a falta de diálogo efetivo e cobrando uma resposta mais firme do sindicato.
Segundo o Sindcoletivo, motoristas têm pressionado por uma paralisação como forma de pressionar o SET a se posicionar. A direção sindical, no entanto, ainda aposta na negociação.
“Temos feito o possível para evitar medidas mais drásticas, mas a paciência está no limite. Não se pode negociar apenas com promessas. As empresas recebem subsídios, renovam a frota, investem em tecnologia e seguem sem respeitar quem mantém o sistema operando todos os dias”, afirmou o presidente.
Se a reunião do dia 10 também terminar sem avanços, o sindicato pretende buscar apoio de órgãos externos, como a Superintendência Regional do Trabalho, o Ministério Público do Trabalho (MPT) e o Tribunal Regional do Trabalho (TRT), com possibilidade de entrada em dissídio coletivo, como admitiu o presidente.
Por enquanto, o SET não se manifestou sobre as condições propostas pelos trabalhadores e se limitou a informar, por meio da assessoria, que as negociações seguem em curso. Também confirmou a próxima reunião, mas não adiantou se haverá apresentação de proposta oficial.
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