No Dia dos Estudantes, Anápolis se despediu de um mestre que iluminou gerações
Professor Álvaro não ensinava apenas fórmulas e conceitos: ele despertava curiosidade, incentivava o raciocínio crítico e inspirava a ir além do óbvio

Nesta semana, Anápolis se despediu do professor Álvaro, mestre que marcou a vida de milhares de alunos ao longo de décadas dedicadas ao ensino da Física.
Tive o privilégio de ser um deles, nos anos 1997 e 2000. Até hoje, lembro de suas aulas e ensinamentos. Ele tinha uma estratégia única para prender a atenção dos alunos e também de chamar atenção.
Dizia quando avançava no conteúdo e o estudante não prestava atenção: “Ela ficou! Só ano que vem para ver de novo”, “O moço da janela, perdeu!”. O detalhe é que ficava mais de um moço próximo da janela, e eles ficavam sem saber de quem ele falava, e os dois passavam a prestar atenção na aula.
Morador de Anápolis, o professor Álvaro dividia sua rotina de trabalho com o professor Wesley Fraga, outro amigo que tenho e grande mestre da Física. Juntos, percorriam quase diariamente o caminho entre Anápolis e Goiânia, lecionando nas duas cidades.
No meu caso, a vida preparou um encontro curioso: saí de Anápolis para me preparar para o vestibular em Goiânia, e lá encontrei como professor justamente um mestre que vinha de Anápolis. Suas aulas foram determinantes para que eu consolidasse a base de conhecimento necessária à minha aprovação no curso de Medicina da Universidade Federal de Goiás.
O professor Álvaro não ensinava apenas fórmulas e conceitos: ele despertava curiosidade, incentivava o raciocínio crítico e inspirava a ir além do óbvio. Tinha o dom de transformar uma disciplina, muitas vezes temida, em um desafio possível e até prazeroso.
Ele faleceu no Dia dos Estudantes. Um dia para exaltar o conhecimento e aqueles que o buscam e, de forma tão significativa, também para lembrar daqueles que o dedicaram a ensinar. Deixa para trás um legado de luz, não apenas pelo que transmitiu, mas pelo que inspirou. Como escreveu Cora Coralina, “Feliz aquele que transfere o que sabe e aprende o que ensina.”
À família, amigos e ex-alunos, fica o consolo de saber que suas lições não se perderam: elas continuam vivas em cada trajetória que ajudou a construir. E a mim, fica a eterna gratidão por ter sido, um dia, aluno desse mestre.
Obrigado de coração, Professor Álvaro!