A história por trás do nome da cidade goiana que é a maior em território e esconde riquezas no subsolo

De ouro a níquel, ela construiu sua identidade a partir da mineração e carrega no próprio nome a marca de sua história

Anna Júlia Steckelberg Anna Júlia Steckelberg -
A história por trás do nome da cidade goiana que é a maior em território e esconde riquezas no subsolo
(Foto: Elaine Alves/Divulgação)

Niquelândia, no Norte de Goiás, não ganhou esse nome por acaso. Desde os tempos coloniais, sua trajetória mistura ouro, bandeirantes e, no início do século XX, a descoberta de um minério que transformaria para sempre sua paisagem, sua economia, e seu próprio nome.

Segundo dados do IBGE, o município tem hoje cerca de 34.964 habitantes, com área de 9.846,293 km², o maior território municipal de Goiás.

O lugar começou a ser povoado em 1735, quando Manuel Rodrigues Tomar e Antônio de Sousa Bastos deixaram o Arraial da Meia Ponte (atual Pirenópolis), buscando riquezas no norte goiano.

Logo surgir o povoado São José do Tocantins, Distrito de Trairás, às margens do Rio Bacalhau, ouro era o atrativo inicial. Mas a mudança definitiva viria mais tarde, com outro minério, menos vistoso que o ouro, mas infinitamente mais duradouro: o níquel.

Produção de níquel ou coincidência? Saiba porque Niquelândia carrega esse nome tão emblemático

Niquelândia

(Foto: Divulgação)

Segundo registros oficiais da Prefeitura de Niquelândia, em 1903-1904 o geólogo Freimund Heinrich Brockes identificou, na Serra da Jacuba, amostras de minério que, após análise, revelaram serem de níquel.

A exploração sistemática demorou a engrenar, mas o simbolismo era forte: o mineral prometia futuro econômico e afirmava uma identidade própria para aquela terra.

Assim, em 31 de dezembro de 1943, São José do Tocantins mudou oficialmente de nome para Niquelândia, “em homenagem ao minério que lhe deu riqueza e fama”.

Mas, então: produção de níquel ou “coincidência histórica”? Os dados mostram que há produção, sim, e relevante.

Goiás lidera a extração de níquel no Brasil, respondendo por algo em torno de 82% da produção nacional e detendo cerca de 74% das reservas do mineral no país.

Em documentos do Ministério de Minas e Energia e diagnóstico estadual, o níquel aparece como componente principal da economia mineral goiana, com cifras expressivas de extração e geração de empregos.

Niquelândia é sede de minas ativadas por empresas como a Cia Níquel Tocantins e CODEMIN, que exploram diferentes tipos de depósitos de níquel.

Essa afinidade entre nome e realidade torna Niquelândia um caso raro de identidade geográfica e econômica fundidas. Não é apenas ‘chamar de níquel’, é extrair, investir, gerar renda, e fazer do minério parte do cotidiano local.

O solo que revela o níquel também projeta a cidade no mapa nacional e internacional do setor mineral. E, para quem visita hoje, é um roteiro de contrastes: rios, serras, vegetação do cerrado, represas, paisagens naturais mas também as marcas da mineração — fábricas, minas, máquinas e arquivos históricos.

Historicamente, portanto, o nome Niquelândia reflete uma escolha carregada de significado: não coincidência, mas reconhecimento de valor. A partir da descoberta mineral, a região redefiniu-se. O título de “cidade do níquel” não é lenda: é economia, cultura e história que se entrelaçam no próprio nome, e no próprio subsolo.

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Anna Júlia Steckelberg

Anna Júlia Steckelberg

Jornalista formada pela Universidade Federal de Goiás. Colabora com Portal 6 desde 2021.

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