Entenda por que a geração Z não quer mais passar protetor solar. Especialistas respondem

Receita perigosa: como um movimento digital transformou a proteção solar em alvo de desinformação

Anna Júlia Steckelberg Anna Júlia Steckelberg -
protetor solar
(Foto: Pexels)

Para entender o fenômeno, é preciso voltar um pouco no tempo. Em 2019, a FDA, agência reguladora dos Estados Unidos, recomendou novos estudos sobre componentes presentes em filtros solares.

A medida, que fazia parte de um processo científico rotineiro, acabou sendo interpretada por parte da internet como um alerta de perigo.

O que era apenas atualização técnica virou combustível para teorias duvidosas. Desde então, cresceu um movimento conhecido como Anti Sunscreen, que, nos últimos meses, tomou conta do TikTok.

A CNN mostrou que hashtags como #AntiSunscreen e #NoSunscreen já somam mais de 18 milhões de visualizações, popularizando a ideia de que óleos, manteigas vegetais e até a ausência de proteção seriam alternativas mais “naturais” e “saudáveis”.

É como se estivéssemos diante de uma receita: pegue uma dúvida científica, misture com algoritmos de rede social e finalize com pitadas de desinformação. O resultado? Uma geração inteira de jovens questionando se vale a pena usar protetor solar.

Entenda por que a geração Z não quer mais passar protetor solar

Mas a ciência não segue receitas caseiras. Segundo o dermatologista Lucas Miranda, da Sociedade Brasileira de Dermatologia, à CNN, deixar de lado o filtro solar traz riscos sérios: queimaduras, envelhecimento precoce, manchas, supressão da imunidade local e, principalmente, maior probabilidade de câncer de pele, incluindo o melanoma.

Ele reforça que nem mesmo dias nublados são isentos de radiação ultravioleta (UV), capaz de alterar o DNA celular.

E quanto às alternativas que viralizaram, como o uso de óleos e manteigas? O especialista é direto: nenhum desses produtos possui fator de proteção solar comprovado, estabilidade contra radiação ou testes de segurança dermatológica. Pelo contrário: podem causar acne, dermatites e até potencializar o calor absorvido, aumentando os danos.

Outro ingrediente desse caldo de informações confusas é a crença de que tomar sol sem proteção fortalece a imunidade.

Para o biomédico Thiago Martins, mestre em medicina estética, a associação parte da real importância da vitamina D para o sistema imune.

Mas ele lembra à CNN: esse nutriente pode ser obtido por suplementação oral, sem exposição prolongada e desprotegida. O excesso de sol, em vez de fortalecer, pode suprimir a defesa local da pele e abrir caminho para lesões cancerígenas.

Se a internet anda servindo um prato cheio de desinformação, os especialistas preferem apostar em uma receita simples e testada: protetor solar diariamente.

A prática reduz o risco de câncer de pele, previne queimaduras, retarda o envelhecimento e ajuda no controle de doenças fotossensíveis.

Há opções para todos os gostos, dos filtros convencionais aos minerais, como óxido de zinco e dióxido de titânio, considerados seguros até para crianças e peles sensíveis.

O movimento Anti Sunscreen pode ter conquistado milhões de visualizações, mas a ciência insiste: a receita para uma pele saudável não está no improviso digital, e sim na proteção testada e regulamentada. Afinal, quando o assunto é saúde, o único filtro que realmente funciona é o da informação confiável.

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Anna Júlia Steckelberg

Anna Júlia Steckelberg

Jornalista formada pela Universidade Federal de Goiás. Colabora com Portal 6 desde 2021.

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