Grupo Flow: do auge à queda, a jornada de Igor Coelho após a maior crise do podcast — ‘perdemos todos os contratos, nosso faturamento caiu 97%’

CEO relembra a ascensão meteórica, a turbulência de 2022 e como conseguiu recolocar a empresa nos trilhos

Gabriella Licia Gabriella Licia -
gor Coelho, CEO do Grupo Flow, fala sobre a maior crise do podcast
(Imagem: Captura de tela/ YouTube/ Do Zero ao Topo)

O empreendedorismo digital brasileiro tem produzido histórias marcantes nos últimos anos, mas poucas são tão emblemáticas quanto a de Igor Coelho, fundador e atual CEO do Grupo Flow.

Nascido e criado no bairro do Rocha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, ele passou mais de três décadas cercado por diferentes realidades, o que moldou sua habilidade de conversar com todo tipo de pessoa.

Antes de se tornar referência na internet, pensou em seguir carreira militar, estudou Letras na UFF e deu aulas de inglês por sete anos, até descobrir na criação de conteúdo online um caminho inesperado.

Do canal de games ao podcast

A primeira aposta foi o canal de games “Três Coelhos”, criado em 2014. Dois anos depois, a renda da internet já igualava a de professor e em 2016 Igor decidiu mudar-se para Curitiba.

A escolha era estratégica: segurança para a família, custo de vida mais baixo e espaço para mergulhar de vez no universo digital. Foi nessa fase que surgiria a ideia que mudaria sua trajetória.

Em 2018 nasceu o Flow Podcast, inspirado no formato consagrado de Joe Rogan nos Estados Unidos. A proposta era simples: conversas longas e autênticas com convidados de diferentes áreas.

O início foi difícil, com custos que giravam entre R$ 15 mil e R$ 20 mil mensais, sem retorno imediato. Em 2019 o Flow transferiu-se para São Paulo em busca de mais convidados e só em 2020 Igor recebeu o primeiro salário pelo projeto.

O impacto da crise de 2022

A partir dali o crescimento foi acelerado. Novos programas, investimentos em estúdios e a criação de canais voltados para públicos específicos transformaram o Flow em um dos maiores hubs de mídia digital do país.

Mas em fevereiro de 2022 veio a tempestade. Durante uma transmissão ao vivo, seu então sócio Bruno Aiub, o Monark, fez declarações polêmicas sobre nazismo.

O impacto foi devastador. Igor relembra que “a gente perdeu todos os contratos de patrocínio e publicidade. Todo mundo, o nosso meio de pagamento cortou o contrato com a gente.

Foi 100% geral mesmo. Tudo isso aí em poucas horas. O YouTube desmonetizou sete canais. Até hoje eu não entendi isso. O nosso faturamento caiu em sei lá 97, 98%.”

Durante três meses o grupo praticamente não faturou. “Eu recebo o e-mail do YouTube falando que ia desmonetizar tudo, sete canais.

A gente ficou três meses nessa situação, ficou três meses sem nenhum parceiro, sem meio de pagamento”, contou.

A decisão de seguir adiante exigiu coragem: “Ou eu desligava tudo, voltava a ser só o Flow e tudo que a gente estava fazendo ia pro espaço, ou então eu teria que assumir aqui um monte de risco financeiro.”

A força da equipe

Mesmo diante da incerteza, a equipe permaneceu firme. “A gente falou pra galera lá que todos poderiam sair quando quisessem. Ninguém saiu. Todo mundo ficou.

A gente também fez um esforço gigantesco para não demitir ninguém que fizesse parte da operação.”

A virada começou no fim daquele mesmo ano, com a realização de entrevistas com os principais candidatos à presidência. Foi o primeiro passo para recuperar a credibilidade e, aos poucos, reerguer a estrutura.

Reconstrução e futuro

A crise também acelerou a profissionalização. Igor comprou a parte de Monark, trouxe executivos de peso como André Geiger e Sara, ex-CMO da Mastercard, e implementou padrões de qualidade que antes não existiam.

Recentemente voltou ao posto de CEO, destacando a importância de manter a agilidade e a autenticidade como marcas do Flow.

Hoje o grupo emprega cerca de 90 pessoas e soma mais de 100 milhões de visualizações mensais em todos os canais.

Só o canal principal tem 5,9 milhões de inscritos e mais da metade da audiência é de não inscritos, prova da força do alcance. O grande desafio agora, segundo Igor, é monetizar essa audiência sem perder a essência.

“Se você for começar a se comunicar pela internet em 2025 ou 2026, cuidado: viralizar é fácil, mas se manter é difícil. O mais complicado é a consistência”, aconselha o fundador.

Entre altos e baixos, o Grupo Flow se consolidou como um dos maiores símbolos da comunicação digital no Brasil.

Veja a entrevista:

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Gabriella Licia

Gabriella Licia

Estudante de jornalismo na Faculdade Metropolitana de Anápolis e redatora do Portal 6 desde 2020.

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