Por que o número 7 é considerado mágico em tantas religiões e tradições?

Por que sete dias, sete céus, sete pecados, sete selos?

Anna Júlia Steckelberg Anna Júlia Steckelberg -
Por que o número 7 é considerado mágico em tantas religiões e tradições?
(Foto: Pexels)

Desde os antigos cálculos da Mesopotâmia até as liturgias modernas de grandes religiões, o número 7 atravessou civilizações como um fio invisível entre o humano e o divino.

Por que esse número insiste em reaparecer em crenças, mitos e rituais tão distintos? Por que sete dias, sete céus, sete pecados, sete selos? A resposta emerge de uma trama entre matemática antiga, observação natural e construções simbólicas ,e revela algo profundo sobre como enxergamos completude.

Por que o número 7 é considerado mágico em tantas religiões e tradições?

Os sumérios — pioneiros na escrita, astronomia e no sistema sexagesimal — já tinham olhar especial para o 7: diferentemente de 1 a 6, o inverso de 7 não se expressava como fração finita no sistema sexagesimal, o que o tornava enigmático aos seus olhos. Por isso, o sete se tornou “sagrado” na cultura mesopotâmica, emblemático da “mágica dos números”.

Esse fascínio migrou para outras tradições. No Cristianismo, o relato da criação relata que Deus descansou no sétimo dia — entra ali o 7 como símbolo de totalidade e finalização. Além disso, o Livro do Apocalipse evoca sete igrejas, sete selos, sete trombetas — uma repetição insistente de perfeição ordenada. Segundo o site Study.com, o número sete aparece com frequência nos textos bíblicos como marcador de completude espiritual.

No Islã, vemos a mesma ressonância: são considerados sete céus, além de ritos em que os peregrinos circundam a Kaaba sete vezes durante o Hajj.

No judaísmo, a menorá tem sete braços e o Shabat é justamente o sétimo dia — expressão simbólica de descanso e ciclo.

Em tradições orientais, o 7 também se manifesta com força. No hinduísmo, há as Saptamatrikas — sete deusas-mães que correspondem a diferentes energias divinas.

E nos Vedas são sete os mundos, sete rios sagrados e sete sábios (rishis) que moldam o cânone espiritual.

Para os gregos e filósofos ocidentais, o sete carregava tipologia harmoniosa: o número unia o triângulo (3) ao quadrado (4), entendidos como espírito e matéria. Assim nascia uma combinação simbólica: completar o terceiro com o quarto, isso seria perfeição.

Na música, existe a escala heptatônica — sete notas fundamentais — outra repetição numérica que marcou o pensamento clássico.

A natureza também “colabora” com o encanto do 7: a lua passa por quatro fases principais (que se subdividem), mas cada fase dura cerca de sete dias; o arco-íris tradicional é composto por sete cores; e muitos sistemas culturais aprenderam a contar mundos, céus ou esferas com base nesse número.

Esse emaranhado — entre as ciências da aurora, o espetáculo natural e a necessidade humana de signo e rito — fez do 7 um número universal. Ele é tão recorrente em discussões teológicas, mitológicas e culturais que já se tornou parte do nosso imaginário simbólico coletivo.

Não é que o 7 seja “mágico” no sentido sobrenatural — mas é mágico no modo como atravessa histórias, crenças e culturas como um símbolo de ordem, totalidade e mistério.

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Anna Júlia Steckelberg

Anna Júlia Steckelberg

Jornalista formada pela Universidade Federal de Goiás. Colabora com Portal 6 desde 2021.

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