Sinal de 13 bilhões de anos vindo do espaço é detectado por cientistas

Explosão estelar captada por satélite revela surpresa sobre as primeiras estrelas do universo e desafia teorias consagradas

Isabella Valverde Isabella Valverde -
Sinal de 13 bilhões de anos vindo do espaço é detectado por cientistas
(Foto: Ilustração/Pexels/Alex Andrews)

Por cerca de dez segundos, o universo piscou — e a humanidade conseguiu notar. Em 14 de março de 2025, um clarão extremo de energia atravessou o espaço profundo e foi captado pelo satélite franco-chinês SVOM. O fenômeno, classificado como um surto de raios gama, representa um dos eventos mais violentos conhecidos pela ciência e carrega consigo uma mensagem enviada há aproximadamente 13 bilhões de anos.

Batizado de GRB 250314A, o sinal é interpretado como a assinatura do colapso de uma estrela gigantesca. Esses eventos são raros, breves e exigem resposta imediata. Em uma verdadeira corrida contra o tempo cósmico, observatórios ao redor do planeta entraram em ação para não perder o rastro da explosão.

Menos de duas horas após o alerta inicial, o telescópio Swift, da NASA, conseguiu localizar a origem do surto. Logo depois, equipamentos instalados nas Ilhas Canárias e no Chile passaram a analisar a luz emitida, estimando sua distância colossal. O diagnóstico foi rápido: tratava-se de um objeto tão remoto que apenas o telescópio espacial James Webb teria capacidade de estudá-lo em profundidade.

Segundo Andrew Levan, professor da Universidade Radboud e principal autor do estudo, o Webb foi decisivo para desvendar a natureza do fenômeno. De acordo com ele, somente esse instrumento permitiria confirmar que a luz observada vinha de uma supernova — a explosão final de uma estrela massiva — ocorrida quando o universo ainda engatinhava, com apenas 5% da idade atual.

Mas observar esse passado distante exigiu mais do que tecnologia: exigiu paciência. A expansão do universo estica a luz ao longo de bilhões de anos, criando um efeito conhecido como dilatação temporal. Assim, algo que duraria semanas em uma galáxia próxima levou meses para se manifestar plenamente aos nossos instrumentos.

Por isso, os astrônomos aguardaram até 1º de julho para apontar o James Webb para o local exato do evento, calculando o momento ideal em que o brilho da supernova atingiria seu pico observável.

O que eles encontraram, porém, contrariou expectativas. A teoria previa que estrelas tão antigas, formadas durante a chamada Era da Reionização, fossem pobres em elementos pesados e apresentassem características muito diferentes das estrelas modernas. No entanto, os dados revelaram algo surpreendente: a supernova observada é praticamente idêntica às que explodem no universo atual.

Para Nial Tanvir, professor da Universidade de Leicester e coautor do estudo, o resultado foi desconcertante. Segundo ele, a análise mostrou que, apesar da enorme distância no tempo, o comportamento da estrela não difere do que os astrônomos veem hoje.

A descoberta sugere que o universo primitivo pode ter se organizado de forma muito mais rápida e eficiente do que se acreditava. As primeiras gerações de estrelas, ao que tudo indica, já eram capazes de produzir explosões complexas em um estágio extremamente precoce da história cósmica.

Enquanto novas perguntas surgem, uma certeza permanece: o James Webb continua sendo uma das ferramentas mais poderosas já criadas para investigar os segredos do passado. E, ao que tudo indica, o universo ainda guarda muitos sinais antigos esperando para serem decifrados.

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Isabella Valverde

Isabella Valverde

Jornalista formada pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás, com passagens por veículos como a TV Anhanguera, afiliada da TV Globo no estado. É editora do Portal 6 e especialista em SEO e mídias sociais, atuando na integração entre jornalismo de qualidade e estratégias digitais para ampliar o alcance e o engajamento das notícias.

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