O país da Europa onde brasileiros estão sendo rejeitados mesmo com visto regular
Por trás de cifras e leis, uma comunidade enfrenta dilemas onde a legalização não impede olhares frios e barreiras inesperadas
Embora consolidada e ampla, a presença de brasileiros em Portugal tem sido marcada por um aumento de tensão social e sentimentos negativos mesmo entre aqueles com vistos e documentos em ordem.
Levantamentos da Fundação Francisco Manuel dos Santos, em postagem no jornal El País, mostraram que 51% dos portugueses acreditam que o número de imigrantes brasileiros deveria ser menor, um índice que reflete uma percepção pública complexa e crescente sobre a imigração brasileira no país europeu.
Os brasileiros hoje constituem a maior comunidade estrangeira em Portugal, representando mais de 30% dos imigrantes regulares no país e contribuindo de maneira significativa para a economia local, principalmente em setores como serviços, construção e hospitalidade.
Estima-se que mais de 400 mil brasileiros tenham empregos formais, representando uma parcela significativa da força de trabalho estrangeira e injetando recursos importantes na Segurança Social.
Apesar desses números, relatos de discriminação e episódios de xenofobia ganharam espaço na imprensa e nas redes sociais.
Casos de hostilidade variam desde críticas à pronúncia do português até agressões físicas, e houve situações com repercussão nacional envolvendo discurso de ódio e apologia à violência contra brasileiros.
O cenário também tem sido influenciado por mudanças nas políticas migratórias portuguesas, com regras mais rígidas para obtenção de residência e um número crescente de notificações para que imigrantes, incluindo milhares de brasileiros, deixem o país após pedidos de regularização rejeitados.
Essas mudanças intensificam o debate sobre a integração de estrangeiros em um país que compartilha língua e história com o Brasil, mas que agora enfrenta desafios internos e divisões sobre imigração e identidade social.





