Surgimento de nova variante lembra que a pandemia não acabou
A nova variante ômicron do coronavírus, descoberta no continente africano, nos serviu como uma espécie de lembrete de que ainda estamos longe de vencer, definitivamente, a guerra contra a Covid-19. Um lembrete amargo, claro, ainda mais nesse momento de virada do ano, quando se cria uma expectativa de mudança para melhor que é inerente à data.
As autoridades de saúde são unânimes em afirmar que conter totalmente a nova variação do vírus é quase impossível, mas que é factível reduzir muito o potencial de estrago que ela pode causar. E isto se faz com muita vacina no braço das pessoas. Simples assim. É hora dos governos intensificarem no Brasil as campanhas e criarem mecanismos de estímulo à imunização.
Está mais do que claro pelos resultados mundo afora que a vacina tem o poder de reduzir muito o número de casos e a gravidade deles. Da mesma forma que ficou claro, pela inclinação da curva de casos em alguns países com baixas taxas de vacinação, que só vamos conseguir erradicar a pandemia se houver um esforço concentrado de todos países, estados e municípios para imunizar o máximo possível as populações.
O brasileiro, que tem uma cultura de tomar vacina que vem de décadas, até que se saiu bem diante de outras nações. Mesmo tendo começado a imunização depois de grande parte dos países mais avançados, hoje cerca de 62,25% da nossa população está com o esquema vacinal completo. Ou seja, 132.789.239 pessoas tomaram a segunda dose ou a dose única de vacina. O número de pessoas com a primeira dose é de 158.765.625, o que equivale a 74,43% dos brasileiros. Em Goiás, tomaram a primeira dose 72,09% da população, e a segunda dose ou dose única o equivalente a 55,8%.
São índices que conseguiram derrubar em mais de 80% as mortes e casos graves, se comparados com o auge da pandemia. Mas o problema é que a vacinação desacelerou em todo Brasil nos últimos meses. São muitos os casos de pessoas que não voltaram para tomar a segunda dose e a proporção de retorno é menor ainda quando se trata da dose de reforço. É um cenário que permite uma circulação consistente do vírus e, eventualmente, até o surgimento de novas variantes, segundo cientistas.
Não queremos e não precisamos retomar as medidas de isolamento social mais drásticas, como as adotadas no início da pandemia. Temos hoje mais conhecimento e instrumentos para lidar com o vírus. O impacto econômico e social de novas medidas restritivas mais drásticas seria difícil de ser absorvido no atual cenário de fragilidade econômica.
Mas é importante que o Poder Público mantenha recomendação de medidas protetivas, como uso de máscaras em locais fechados, e use todos os recursos disponíveis para ampliar a cobertura vacinal da população. É preciso facilitar o máximo possível o acesso às doses e conscientizar as pessoas do papel de cada um na guerra contra a Covid-19. A lógica da imunização não é individual, mas, sim, coletiva. E todos nós temos que compreender que deixar de vacinar não é um problema exclusivamente pessoal, mas de todo o mundo.
Márcio Corrêa é empresário e odontólogo. Preside o Diretório Municipal do MDB em Anápolis. Escreve todas as segundas-feiras. Siga-o no Instagram.
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