As perguntas que não querem calar sobre o Arraiana

Será que gastar milhões em um evento de entretenimento é a escolha mais acertada, enquanto problemas sociais e infraestruturais ainda assolam a cidade?

José Fernandes José Fernandes -
As perguntas que não querem calar sobre o Arraiana
(Foto: Divulgação)

Arraiana acabou! A recente festa promovida pelo prefeito em prol da solidariedade levanta questionamentos importantes. Com um investimento de mais de R$ 4 milhões, o evento contou com renomados artistas e cobrou ingressos na forma de alimentos não perecíveis. Até aí, tudo parecia louvável, mas será que tudo é o que parece?

Ao analisar os números divulgados, a matemática não está fechando. Com um público divulgado de 70 mil pessoas, o esperado seriam 140 toneladas de alimentos arrecadados. No entanto, a Prefeitura anunciou 230 toneladas. Uma discrepância difícil de ignorar. Como explicar esse salto tão expressivo?

A ausência de detalhes sobre a contagem dos alimentos arrecadados desperta dúvidas sobre a veracidade dos números. Será que a Prefeitura pode garantir a legitimidade dessa quantidade? Seria crucial divulgar relatórios e provas para sustentar a arrecadação proclamada. E a transparência?

Outro ponto inquietante é a origem dos alimentos doados. Será que todos foram realmente do público presente na festa? Será que não houve interferências externas para inflar os números e causar um impacto positivo? A falta de esclarecimentos levanta suspeitas.

É válido questionar para quem exatamente esses alimentos serão destinados. A distribuição será transparente e garantindo que os mais necessitados realmente foram beneficiados? Será que o título de eleitor será um dos requisitos para receber esses alimentos?

Será que gastar milhões em um evento de entretenimento é a escolha mais acertada, enquanto problemas sociais e infraestruturais ainda assolam a cidade?

Em um momento de tanta desigualdade e desafios como a saúde pública, com tantas dívidas que Anápolis tem no momento, a solidariedade genuína seria um poderoso instrumento de mudança. Por isso, é fundamental questionar e analisar de forma crítica eventos como esse, sob o risco de estarmos financiando com o dinheiro público, projetos pessoais de poder.

Anápolis precisa dos anapolinos.
É isso!

José Fernandes é médico (ortopedista e legista) e bacharel em direito. Atualmente vereador em Anápolis pelo MDB. Escreve todas às sextas-feiras. Siga-o no Instagram.

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