PF prende empresários suspeitos em nova operação sobre ataque golpista de 8/1

De acordo com a CPI, eles contribuíram para o financiamento de carro de som e tendas no local

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Manifestantes golpistas invadiram o Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro. (Foto: Gabriela Biló - 8.jan.2023/Folhapress)
Manifestantes golpistas invadiram o Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro. (Foto: Gabriela Biló – 8.jan.2023/Folhapress)

MARIANNA HOLANDA E JULIA CHAIB

BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – A Polícia Federal (PF) prendeu na manhã desta quinta-feira (29) três pessoas na 25ª fase da Operação Lesa Pátria, que busca identificar pessoas que planejaram, financiaram e incitaram os ataques do 8 de janeiro às sedes dos três Poderes.

Duas prisões ocorrem no Distrito Federal e uma, em São Paulo. Na capital federal foram presos dois empresários: Adauto Lucio de Mesquita e Joveci Xavier de Andrade.

A CPI do 8 de janeiro na Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) recomendou, no ano passado, o indiciamento da dupla por incitação ao crime e associação criminosa.

O relatório final do colegiado apontou evidências de que teriam financiado estrutura do acampamento em frente ao QG do Exército, apesar da negativa dos empresários em seus depoimentos.

Na ocasião, eles contaram ser sócios em quatro empresas, Melhor Atacadista, Garra Distribuição, Canal Distribuição e Marcas Premium. De acordo com a CPI, eles contribuíram para o financiamento de carro de som e tendas no local.

Em depoimento à época, Mesquita disse que doou R$ 10 mil para a campanha de Bolsonaro. Já seu sócio negou ter doado recursos. Os dois disseram que não fizeram doações ou contrataram trios elétricos, mas a quebra de sigilo de uma das empresas mostrou pagamento à representante do trio que foi contratado no QG.

Os dois também disseram que chegaram, em 8 de janeiro, na Esplanada dos Ministérios, quando já havia ocorrido a invasão dos prédios públicos e afirmaram que não participaram da depredação dos prédios.

A defesa de Mesquita e Andrade disse, por meio de nota, não ter tido acesso à decisão do ministro Alexandre de Moraes e reitera o compromisso dos investigados com “a democracia, o Estado de Direito, o respeito às Instituições, ao processo eleitoral, ao Ministério Público e ao Judiciário, com especial ênfase na sua instância máxima, o Supremo Tribunal Federal”.

O grupo atacadista ao qual os dois pertencem também disse em nota ser contra o vandalismo e a intolerância política. “E acredita que a democracia é feita com pensamentos diferentes, mas jamais com violência. A diretoria do Grupo respeita as Instituições brasileiras, a democracia e o Estado de Direito”.

De acordo com a PF, ao total, foram 34 mandados judiciais nesta fase da operação. Além das prisões preventivas, há sete alvos para monitoramentos eletrônico e 24 mandados de busca e apreensão. As determinações são do ministro relator do caso, Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal).

Os mandados ocorrem nos estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Tocantins, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Espírito Santo, além do Distrito Federal.

A PF também informou que foi determinada por Moraes a indisponibilidade de bens, ativos e valores dos investigados. A estimativa da corporação é a de que os danos ao patrimônio público com os atos golpistas chegue a R$ 40 milhões.

A operação tem origem nas quatro frentes de investigação abertas após os ataques aos três Poderes.

Uma delas mira os possíveis autores intelectuais, e é essa frente que apura ações do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Outra visa mapear os financiadores e responsáveis pela logística do acampamento e transporte de bolsonaristas para Brasília.

O terceiro foco da investigação da PF são os vândalos. Os investigadores buscaram identificar e individualizar a conduta de cada um dos envolvidos na depredação dos prédios da capital federal, que acabaram denunciados pela PGR (Procuradoria-Geral da República).

A quarta linha de apuração avança sobre autoridades omissas durante o 8 de janeiro e que facilitaram a atuação dos golpistas.

Na última fase da operação, o líder da oposição na Câmara, deputado Carlos Jordy (PL-RJ), foi alvo de busca e apreensão da PF. As suspeitas relacionadas a ele incluem eventos de teor antidemocrático ocorridos no Rio de Janeiro, como acampamentos em frente a quartéis das Forças Armadas e bloqueios de rodovias, após as eleições de 2022.

Com a vitória de Lula (PT), apoiadores de Bolsonaro promoveram em todo o país uma série de protestos, bloqueando estradas, e passaram a se aglomerar em frente a unidades militares, onde manifestavam seu inconformismo com o resultado das urnas.

Para os investigadores, esses episódios serviram como uma espécie de preparação para o ataque que ocorreria em 8 de janeiro do ano passado.

 

Um dos principais aliados do ex-presidente Bolsonaro no Congresso, o parlamentar afirmou, em uma rede social na época, ser vítima de uma “medida autoritária, sem fundamento, sem indício algum, que somente visa perseguir, intimidar e criar narrativa às vésperas de eleição municipal”.

Em outro post, ele disse: “A covardia feita hoje é sintomática. Estamos numa ditadura que distorce e manipula fatos para perseguir adversários. Que Deus olhe pelo Brasil!”

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